VENTOS DE GUERRA

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A realidade como as capas duma cebola está composta de diversas camadas. Na vertente geopolítica, a sua vez diversas camadas compõem, diversos movimentos e iniciativas – todos enfardadas no triste período de guerra e luta pela sobrevivência, no que levamos milénios inseridos, apesar de nosso desenvolvimento tecnológico permitir já um acordo global para fomentar a abundância, prosperidade e diálogo permanente entre os povos; no intuito de construir a democracia da inclusão (ao invés da imposição que traz por força exclusão).

A primeira camada geopolítica é a realidade económica.

Muitos analistas como David Stockman, Prabhat Patnaik, Michael Choussudosky, entre outros anunciaram já um agravamento sistemico da crise capitalista global. A bolha criada nos Bancos Centrais, de todo o mundo, pela compra de ativos tóxicos para salvar os bancos privados, com dinheiro publico, estaria a ponto de estourar de novo.

Outra camada seria a economica – militar

Aumento dos orçamentos militares em todo o orbe. Sendo nos EEUU, desmesurados chegando a 1.5 bilhões de dólares, que tem reforçado o papel do complexo militar industrial muito implicado, no que Naomi Klein, descreveu no seu livro: “A doutrina do choque”, como guerras com finalidade geoestratégica e de imposição dum determinado modelo económico global, favorável a elite financeira.

Em comparação os 40 mil milhões que Rússia destina a seu exército ou os 160 mil milhões que destina China, parecem quantidades pequenas. Mas que continuam em aumento, assim como a compra de armas e equipas militares por todo o mundo.

Acrescentar a maiores que os Estados Unidos seguem a ser o maior exportador de armas, com mais dum 75% do mercado, seguido muito de longe pela Rússia.

Na realidade sempre temos estado num continuo estado de confronto, ainda sem traduzir-se num confronto militar global, fora de certas áreas de fricção ativas, como hoje a Síria.

Na guerra informativa, hoje a União Europeia, vem de anunciar uma iniciativa contra o que denominam desinformação dos meios de comunicação russos como RT. Apesar do Império Ocidental controlar os três tabuleiros geoestratégicos: o militar (policiamento da orbe com perto de mil bases militares despregadas em mais de 150 países); o económico – financeiro (controlo dos centros financeiros mais importantes do globo e suas respetivas agencias de qualificação) e o social – cultural (controlo massivo da grande mídia audiovisual e do imaginário coletivo global), Rússia tem sabido jogar bem suas mais modestas cartas em este sentido, chegando a fazer-se um oco na América Latina e África, nomeadamente e, com menor incidência no mundo ocidental, ainda que aumentado sua quota de audiência. Está guerra encoberta das mídias começa a ser pública.

Como vínhamos informando em anterior artigos, a guerra encoberta entre Emergentes e o Império Ocidental, pela hegemonia global, a cada vez se torna mais visível. Derrotar China e o grande anelo do Império Ocidental, mas o confronto direto com o gigante asiático, pode ser muito letal também para economia do ocidente, sabendo que China possui mais de 1 bilhão de dólares dos bónus do tesouro americano, sendo alem um gigante com um PIB de 11 bilhões de dólares em aumento, ameaçando de ultrapassar o PIB americano de perto de 18 bilhões de dólares.

Dominando Rússia simplesmente terias China de joelhos. Observando um mapa podemos ver o verídico desta afirmação. Rússia não supõe um grande rival económico, apenas chega ao 1,5 bilhão de dólares, seu PIB. No entanto no campo militar, apesar da distancia abismal, entre ambas nações, Rússia tem demonstrado sua eficiência histórica e atualmente. Sendo Rússia uma telurócracia, seu desenvolvimento militar sobre o terreno parece, a dia de hoje, a muitos analistas superior ao dos EEUU. Enquanto a nível marítimo uma talassocracia típica como Norteamerica se mostre muito superior, como é lógico.

Dai podemos inferir que provocar um cambio de regime na Rússia, ou a implosão, por desgaste do regime atual, por um novo governo mais favorável a política ocidental, assemelhe melhor opçao que um confronto direto, que poderia desembocar numa III Guerra Mundial.

No entanto as tentativas económicas de derrubo da hierarquia atual russa, efetuadas a finais de 2014, inícios de 2015, não deram o resultado esperado. E mais ainda afiançaram mais Putin no poder. Em aquela ocasião Rússia aproveitou os ataques ao rubro e seu coração financeiro, para recuperar o 30% dos ativos das suas empresas energéticas, que estavam em mãos ocidentais (deixando que o pânico se apoderara do seu mercado bursátil) ganhando na operação uns 20 mil milhões de dólares, uma vez que respaldado pela suas reservas (sem necessidade de acudir ao ouro) o rubro voltou a subir. Estes ataques ao rubro, combinados com as sanções económicas ocidentais (trás a perda do governo pró-russo na Ucrânia e posteriormente anexar Crimeia), assim como a queda abismal dos preços do petróleo (com ao aumento considerável de barris à venda por parte da monarquia saudita), parecia assestariam um golpe mortal a Moscovo.

No entanto o Kremlin equilibrou estas desvantagens, com uma nova política de acertamento a China. Na atualidade a aliança sino-russa parece bastante sólida, com implicações nas áreas comercial, militar e geoestratégica. Mesmo com uma tentativa de diminuir o poder do dólar na região Ásia-pacífco.

O Império Ocidental, seguindo a tática do velho império britânico de contenção a Rússia e isolamento da China, tem implantado no âmbito comercial acordos de livre comercio por todo o mundo, ao tempo, que rodeia à ambos países com bases militares da NATO, muito perto das suas fronteiras. Rússia acaba de enviar mísseis Iskander a Kaliningrado, com o objetivo de equilibrar a desvantagem militar que supõe as bases americanas na Europa do Leste, e, a possível criação do famoso escudo antimísseis, já apregoado na era Reagan, na denominada “Guerra das Galáxias”.

A doutrina Carter afirmava, que quando uma potencia estrangeira procurar aumentar sua quota sobre o petróleo, EEUU o tomaria como uma ameaça para seus interesses, respondendo mesmo com a força militar se fizer falta.
China somente pode cobrir o 40% das suas necessidades petrolíferas, tento que procurar petróleo, que em ocasiões tem retirado à concorrência das multinacionais americanas, de amplas áreas do mundo (como na África). EEUU tem pois que travar o acesso chinês a energia.
Sabendo que os países em desenvolvimento produzem o 65% das emissões de CO2, Barak Obama, tem jogado muito bem suas cartas tanto em Dinamarca 2009, como em Paris 2015, para obrigar a China a queimar menos petróleo, o qual reduziria a longa o desenvolvimento do gigante asiático. No entanto Pequim está a desenvolver um amplo programa tecnológico em energias renováveis (com o apoio da mesma Rússia), onde voltaram a entrar em concorrência com as empresas ocidentais, que ate o de agora lideram o mercado das renováveis.

Deste confronto a humanidade ganhou a menos uma pequena batalha, ao ser a China o maior poluidor do planeta.

No mapa atual

Erros de EEUU, como aumento desmesurado do seu orçamento militar desde 1971, tem dado muito poder ao seu complexo militar-industrial.

As guerras Afeganistão e Iraque (deixando o poder em mãos dos xiitas favoráveis a Irão, em detrimento do sunita Saddam Hussein).

A aposta por um novo meio oriente, permitindo e ajudando a Qatar e Arábia Saudita a infiltrar centos de milhares de militantes islâmicos por imensas áreas de Iraque e Síria, Líbia e Iémen, tem provocado uma desestabilização generalizada da região.

Rússia atua também em Síria por interesse próprio (e China ajuda pela mesma razão). Temem que os yihadistas sejam usados amanha para penetrar as fronteiras do Cáucaso russo e igures da China, criando desestabilização, que enfraqueceria ambas potencias a nível interior e portanto também mirraria sua capacidade exterior, de desafio no marco hegemónico global.

O analista político russo Alexei Pilko pensa que para os Estados Unidos perder a guerra da Síria significaria a perda do mundo unipolar, desenhado a partir da vitória americana na guerra fria.

Pela sua parte o ex oficial da CIA, Larry Johnson acha desmesurada esta visão, e pensa que: “Uma loucura coletiva em torno da Rússia se está a apoderar dos EEUU”.

A pesar disto Pilko, opina que os Norte-americanos não optaram por um confronto direto com Rússia, e sim pelo aumento de armamento, treinamento e apoio logístico ao oposição na Síria.

The Wall Street Journal , está preocupado com um possível superioridade aérea russo-chinesa. Em declarações ao jornal militar Defense One, o general americano Willima Hix declarou: “Um conflito bélico em um futuro, será extremamente letal e rápido, e nós, não teremos o cronometro”.

Tensão

Rússia criara uma base permanente em Tartus, tentando também chegar a um acordo, com o governo egípcio, para abrir uma base em este país; incrementando a sua presença naval no mediterrâneo.

Um informe de The Tribune Washington Bureau, fala já do aumento da presença das agências de inteligência Russas, Chinesas e Norte-americanas, no Ártico.

Faz apenas um par de dias, o Pentágono, anunciou que fez um seguimento de cinco buques de guerra chineses, no mar de bering, entre Alaska e Rússia.

França ameaça denunciar Damasco e Moscovo, por crimes de guerra, cometidos em Alepo.

Suécia planeja voltar a impor o serviço militar obrigatório devido à ameaça de Rússia.

A posta em andamento de novo do acordo Rússia-Turquia para construção do gasoduto Turk Stream, da uma viragem (pelo de agora) a recente inimizade russo turca, a raiz do derrubo de dous aviões russos pelas forças armadas turcas. Parece que Ancara não se fia de que a recente tentativa de golpe de estado, não fosse apoiada pelo Ocidente.

Esta aliança momentânea russo-turca, é muito importante na dinâmica mundial, pois já em 2014 o analista Rick Staggenborg, colaborador do portal OpEdNews, advertia que um acordo desse tipo poderia “desafiar o império anglo-americano e, finalmente destruí-lo”; colocando a Turquia numa posição perigosa frente a seus aliados Ocidentais, dado que este acordo mina os esforços de Ocidente por ganhar definitivamente o Meio Oriente.

No meio desta situação, Mihail Gorbachov anunciou seu desejo de mediar entre EEUU e Rússia.

Outros analistas creem que ainda é possível uma acordo entre Rússia, China e EEUU, e mesmo, à longa a criação dum G-3, que deslocaria o atual G-8, passando dum mundo unipolar a um mundo tripolar, evitando a Guerra Mundial.

Para finalizar une-se a festa o díscolo candidato republicano a presidência dos EEUU, Donald Trump, quem no último debate com Hillary Clinton (a candidata preferencial da elite norte-americana) afirmou que ele estaria disposto a um acordo global com a Rússia e a colaboração com Putin, no Oriente Meio.

E pelo de agora assim estão as cousas.

Seguimos aguardando que a humanidade mude o rumo da autodestruição e possa elevar-se acima da consciência de separatividade. Unindo-se por fim no amor e confraternização inevitável, se quisermos seguir evoluíndo.