A ciência e a sua espiritualidade

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“A tua vontade bloqueia teu ouvido, introduz-te num abismo e cobre-te com a sombra do que queres, de tal forma que não te podes elevar às coisas sobrenaturais e supra-sensíveis” (Jacob Böheme – A vida Espiritual)

Uma ciência esotérica?

Como nos dá a entender Nelson Job, no seu artigo “Miséria da Ciência e da Filosofia sem o Esoterismo”, Kepler (CONNOR, 2005), foi astrólogo do imperador romano-germânico Rodolfo II. Newton (DOBBS, 1994) na sua teoria da gravidade vai beber de certos conhecimentos esotéricos espirituais. Newton foi tradutor para o inglês da “A tábua Esmeralda” – aquela dos supostos princípios herméticos vindos do Egípcio de Thot, o Hermes Trismegisto grego, mas apresentada no seu formato atual na Idade Media, nas fontes árabes como o Kitab Sirr al-Khaliga wa Sanat al-Tabia (650 d.C) ou a Kitab Sirr al-Asar (800 d.C)

Vemos que a ideia da ciência clássica racionalista ter surgido em contraposição a superstição religiosa, não impede ela ter achegado ao mundo da razão princípios próprios duma elevada espiritualidade – surgida da Sabedoria Primordial (que em cada época toma um determinado cariz conforme os parâmetros da sociedade em que se insere). Sendo o nexo de união precisamente a razão do espírito. Dado essa espiritualidade ter uma profunda razão, nascida dum livre arbítrio bem encaminhado – no livre pensamento, dos livres pensadores, em oposição a todo preconceito e todo tipo de superstição.

A Academia Neoplatónica fundada por Pleto (chegado de Bizancio nos finais do século XV, pouco antes da queda de Constantinopla) contratado por Cósimo de Medicci – a qual teve a Ficino, como diretor substituto e, a Pico della Mirandola como um dos grandes filósofos representantes da mesma, sem duvida teria influenciado e muito o pensamento da sua época. Eis aqui outra ponte entre a ciência atual, e sua raiz espiritual.

Porfírio que no século III d.C, publica a obra de Plotonio, “Enéadas”, que abre as portas da Europa, para que na época medieval o neoplatonismo tenha uma difusão de grande importância, entre o mundo filosófico, cultural, cientifico e mesmo artístico da época: as catedrais góticas não deixam de ser um exemplo disto.

Podemos considerar a Plotonio, o iniciador da escola neoplatónica; sendo Apolinio de Tiana com o desenvolvimento do seu saber pitagórico, de cuja biografia temos constância pela “Vida de Apolônio de Tiana” de Filóstrato, quem de algum modo deu raiz este pensamento. O “Nucteremon” de Apolônio, ainda a dia de hoje segue a ser uma guia de transformação interna – Toda um compêndio simbólico de acesso à purificação da alma.

Em Plotonio voltamos a ver aquelas ideias, que se repetem no saber primordial de todos os tempos (e acompanham a raiz ontológica de todas as mitologias): Uma Unidade da qual em projeção surge a diversidade. O ser humano como monada inerente a esse Uno-Todo ou Suprema Divindade. O ser humano no seu transcendente acompanhando as características do Eterno Uno-Todo: infinito, perfeito. Filho pois da Omnipotência, Omnisciência e Omnipresença.

Plotonio o expressa deste modo: A realidade como um eterno desenvolvimento dinâmico; um processo continuo, sem interrupção, no qual seres mais elevados pelo seu inerente poder projetam – produzem, por emanação – seres de natureza inferior, dotados de força vital, poder e existência.

Esses seres nascidos da emanação superior – a sua vez (uma vez aperfeiçoados pelo esforço evolutivo) são capazes de criar, promanar seres novos, de natureza inferior. No entanto existe um enfraquecimento sucessivo das coisas geradas, devido ao gerado ser em força inferior ao gerador. Falamos, pois, de uma realidade hierarquizada, estruturada em graus ontológicos de diversos níveis.

Aqui podemos relacionar-nos com os Planos da Teosofia. Sendo que no nível ou Plano Superior – temos o Uno-Todo, Princípio Inefável –Aquele Ain Soph dos Cabalistas – de Onde promana a Fonte Criadora. Fonte – da qual surgem os Logos Gnósticos, ou Logos Triplo ou Trisquel Celta – o Trino de todas as Tradições- O Pai e Mãe Cósmicos – que unidos geram os filhos ou mundos…

E, pois, que todo este pensamento, junto a cabala judaica (nascida na mesma Idade Média, ainda que manifestando um pensamento esotérico anterior) é relativamente aberto a estudo durante o predomínio do centro Islâmico da época; que faria transição e transação entre os saberes de Oriente e Ocidente (de Egito e Grecia a Pérsia e Índia). Este fluir foi conduzindo as águas do saber filosófico, artístico e cientifico que deu a luz pré e o Renascimento, e teve continuidade – ainda que como um movimento aparentemente a contra – no Iluminismo racionalista.

Sendo na arte renascentista onde este simbolismo neoplatónico e esotérico se faz mais evidente, para aquelas pessoas que possuem as chaves que dão acesso a sua interpretação mais profunda. O por quê dos Chifres na estátua do Moisés de Miguel Ângelo? As variadas representações da divindade feminina na forma das diversas Vénus – Afroditas, ou as geometrias peculiares de Leão Battista Alberti ou Andrea Palladio, não deixam de intrigar-nos por sua relação com o conceito de transcendência.

Um pensamento elevado aparenta estar por trás de todos estes processos.

O racional – esotérico

Poderemos, então, observar a racionalidade que transcendeu no século XVIII, como contraposição a esse neoplatonismo renascentista, ter já em estado lactante os mesmos princípios imutáveis que diz rejeitar da filosofia neoplatónica.

Em Plotonio podemos observar a existência dessa Unidade Primordial, como uma exigência da razão; dado que não pode existir multiplicidade e diversidade, sem uma Unidade que a sustente. E dizer, sem uma Unidade da qual essa diversidade promane.

Já no século XV Nicolau de Cusa nos amostra uma ideal da razão como guia, caminho, para a elevação a Unidade Suprema. Ao distinguir quatro graus de conhecimento da realidade, por meio dos sentidos, razão, intelecto e contemplação intuitiva; Cusa nos adentra, no que posteriormente os teósofos vão denominar como nosso corpo emocional, mental concreto, mental abstrato ou intuitivo e corpo budhico. Guiados por esta lógica a razão nos dotaria do discernimento suficiente para elevar-nos a um plano superior onde a contemplação intuitiva, pode realizar essa conexão da multiplicidade com a Unidade – na contemplação meditativa. Sendo que nós, mónadas da Totalidade, centelhas do Fogo Sagrado “Agni”, em estado contemplativo intuicional podemos realizar a conexão mística com o plano espiritual (longe do plano dominado pela egolatria – ego inferior), mais alem do nosso plano físico, num elevado nivel onde o espaço-tempo não existe.

Essa conexão mística que o grande mestre Sufi Rumi chamava do encontro com o Amado.

Esta conexão mística é precisa para poder elevar-se a planos mais subtis (estados ampliados da consciência) e sentir, de algum modo, a Totalidade da Criação, dado que como bem explica Cusa os seres humanos não podemos conhecer a verdade Suprema, por que esta Verdade excede todas as faculdades de nosso conhecimento.

Esse conhecimento – COGNOSCERE – está ligado à INTELLIGENTIA – capacidade de entender, compreender – e as nossas habilidades cognitivas – Englobado em um circuito racional que nos permite diferenciar, comparar, avaliar esse mundo que se abre ante nosso olhos. Mundo limitado a nossa realidade física, observada, observável e experimentada pelos nossos sentidos.

Sendo que nos mundos mais subtis – dos planos transcendentais – onde o Uno-Todo, fora desse espaço – tempo, pode ser contemplado, estes sentidos não tem entrada. As portas para eles estão fechadas.
Este mundo superior somente é acessível a uma introspeção mística alem do emocional, mental e sensitivo. Essa profunda prática meditativa, começa pela introspeção anímica da nossa própria consciência – portal que liga os planos físicos, com aqueles mais elevados. Ate atingir uma maior profundidade e lograr, por meio de uma prática respiratória específica (segundo as diversas escolas espirituais) aquela conexão com o nosso Eu Superior – monada crística, búdica, centelha de Lugh, Krishna ou Quetzalcoalth (segundo cada tradição). Aquela parte do nosso ser mais elevada, que fica sempre no plano eterno – em união ao que conhecemos como Divindade – e dizer – esse Todo Unido Eterno e Indivisível.

Baixo esta perspetiva se relativiza a morte. Ao entender morre o corpo, não o espírito, que como parte do Eterno prevalece.

A química da alquimia

Já no moderno século XVI Paracelso, vai seguir afiançando a ponte entre o pensamento espiritual e racional, abrindo o caminho da alquimia até a química, e afastando os espinhos para poder tocar a rosa. A rosa aromada na cruz solar do vital renascimento. Sua frase “somente a dose faz o veneno” o situa para alguns autores como o pai prematuro da toxicologia.

Sua incipiente luta pela renovação da praxe o situam como um médico digno de humanizar a antiga profissão dos sanadores. Mas fazendo-nos compreender que o nosso ser vai alem do nosso corpo físico, Paracelso, afirma sermos um microcosmo que tal como afirma a máxima hermética do Caibalion “acima igual que abaixo” reproduz em si todo o cosmos a sua volta. Daí a importância da astrologia para nosso médico – alquimista.

Como percursor da “Espagiria” ou ciência da elaboração de medicamentos a partir de plantas, utilizando seus conhecimentos alquímicos, Paracelso, abre a porta dos avanços cientifico-tecnológicos que vão permitir avanços evolutivos a humanidade. A fermentação, destilação, extração de componentes minerais das plantas… são recursos aprimorados pelos trabalhos do Mestre.

Lavoisier, que certos autores pretendem considerar como um contraponto racionalista a Paracelso, e pelo tanto o criador de uma divisão entre o caminho cientifico da química e o irracional da alquimia; bebe, a sua vez, das fontes da Espagiria.
Pelo tanto não deixa de ser forçada essa reflexão , pois sem a proto-química experimental ou alquimia não poderia existir a química cientifica.

A partir do séculos XVII e XVIII, com os estudos de Boyle, Geoffroy, Rouelle, Lémer e outros; acrescentados pelos trabalhos do século XIX de Hoefer, Kopp, Berthelot, a alquimia passa ser identificada como pseudo-ciencia. E o saber cientifico, por direito, vai ser associado a química. Desvinculando ambas.

Aparentava, então, que com a chegada do Iluminismo a separação entre ciência e espiritualidade tinha tomado um caminho de não retorno. No entanto, tal vez o que aconteceu durante todo este período não foi mais que uma batalha necessária entre essa luz que guia a alma racional e a superstição religiosa, com o trunfo final da primeira para maior gloria da humanidade.

Lembremos simplesmente a figura de Leibniz, o grande matemático, exemplo do caminho da ração, cujo interesse pela “cabala hebraica” e todo o relacionado como “Deus”, não deixa de ser um “paradoxo”. Dele falou o enciclopedista francês Diderot com admiração profunda, a pesar dos seus desentendimentos : “Talvez nunca haja um homem que tenha lido tanto, estudado tanto, meditado tanto e escrito mais do que Leibniz… O que ele elaborou sobre o mundo, sobre Deus, a natureza e a alma é da mais sublime eloquência. Se suas ideias tivessem sido expressas com o nariz de Platão, o filósofo de Leipzig não cederia nada ao filósofo de Atenas”

Leibniz foi conhecido como o último grande génio universal, suas achegas em campos tão diversos como a matemática, epistemologia, lógica, filosofia, geologia, historia e mesmo jurisprudência; pese a qual críticas profundas e menosprezados analises como os de Voltaire, não deixam de ser de grande valor e interesse.

Outro contemporâneo de Leibniz como Baruch Spinoza, considerado um dos grandes racionalistas, não deixou de penetrar e investigar nas áreas do transcendeste, sendo muito controversos seus estudos sobre a autenticidade da bíblia hebraica ou a natureza de Deus…

A pesar de estas e outras evidencias, a partires deste momento a ideia de separação irreconciliável entre ciência e espiritualidade, tomou corpo e prevalece ainda até nossos dias de hoje

Movendo os marcos desde o século XX

Já no século XX uma nova observação da historia vai trazer novas achegas que irão, devagar, devolver a Alquimia a seu lugar respetivo na história. A dia de hoje podemos falar mais abertamente deste tema sem ser menosprezados.

Num recente estudo de J. A. Pérez-Bustamante, intitulado “Por la alquimia a la química”, o autor afirma: “No seu mais amplo conceito integral o termo alquimia – essencialmente polissémico – não significa outra coisa que a procura idealista e utópica da perfeição, enobrecimento, purificação e transmutação aplicada em três vertentes: a matéria (alquimia hílica), o corpo humano (iatroquímica) e o espírito (alquimia mística; macrobiótica oriental) utilizando uma grande variedade de procedimentos e práticas tendentes a conseguir elixires aplicáveis com fins transmutativos, curativos, místicos ou psicológicos (…) Um aspeto caraterístico, comum a todas as alquimias, o constitui sua axiologia vertical, é dizer, sua focagem de partida desde o mais vil, inobre, impuro ou grosseiro, ate conseguir o mais perfeito, puro e sublime”

Acrescentado este texto, de Pérez-Bustamente, que hoje podemos observar que: “as definições da alquimia e química são praticamente coincidentes, derivas ambas da arte espagírica, segundo a qual se desprende de minuciosas investigações recentes realizadas sobre o conteúdo implicado pelas denominações tradicionais de alchymia e chymia”

A ponte de unidade entre a Alquimia e a Química, dentro desta nova visão de um Todo-Uno projetando-se e multiplicando-se, sem verdadeiramente dividir-se; seria tal vez a a “iatroquímica”
Aquela tecnologia utilizada para a purificação de sais, metais e produção de ácidos, bebidas alcoólicas, assim como transmutação de metais grosseiros em metais mais nobres, como objetivamente observa o mesmo Pérez-Bustamante no seu estudo.

O mesmo Antoine Lavoisier afirmou nos inícios a química beber da comum linguagem simbólica da alquimia, e advogou por que esta (a química) abandona-se aquele enfoque, que ele considerava pouco cientifico.

David Vélez Gómez, no seu trabalho intitulado “Do fogo ao oxigénio” reconhece: “que foram os alquimistas quem nos legaram seus conhecimentos em operações como destilação, aquecimento… entre outros processos, que uma vez aperfeiçoados sustentam todo o sistema produtivo da industria química na atualidade” – Reflexionando também: “Os processos de transformação da matéria deveriam ser análogos entre universo, Terra e homem; e uma vez se experimente com a natureza, encontrando a maneira de isolar e purificar substancias, no homem deveria passar algo similar (…) O conceito aurico dos alquimistas, do ouro como elemento valioso e puro, ao extrapolar-se ao homem, poderia compreender-se como uma busca interior do estado aurico do ser humano”

Vemos pois como essa procura da transformação do ser humano, a limpeza das suas sombras, e o esforço por encontrar uma luz, dentro de si mesmo, neste mundo dominando ainda pelo caos, guiou sempre a humanidade nessa volta mitológica ao estado de união com o Todo. A plena paz da somente possível dentro daquela suposta origem transcendente de toda a humanidade. E essa procura – necessidade de dar resposta as perguntas transcendes do ser, trouxe consigo também a evolução da consciência que permitiu, a sua vez, a evolução cientifico, tecnológica, filosófica e social. E em esse caminho seguimos aprofundado – não podendo evitar, daquele procurar pelo transcendente descobrir o caminho evolucional do ser humano como indivíduo, coletividade e parte integral da natureza, do cosmos e finalmente da Unidade Total. Unidade raiz da multiplicidade, variedade e diversidade.

Podemos observar a íntima ligação interior – exterior (exóterico – esóterico) de todas as coisas.

O caminho da União

Temos já falado, em outros artigos e textos, das achegas do grupo Eranos e da sua fundadora Olga Fröbe-Kapteyn, que durante 50 anos reuniu, na Suíça, algumas das mentes mais privilegiadas da época no intuito de volta unir ciência e espiritualidade. Entre os nomes mais destacáveis podemos citar: Carl Gustav Jung, Niels Bohr, Rudolf Otto, o Mestre Suzuki, Richard Wilhelm, Ludwig Derleth, Mircea Eliade, Joseph Campbell, Hayao Kawai…

Os arquivos de Eranos formam parte da coleção do Instituto Warburg, na Universidade de Londres.
Entre outras achegas destacáveis das reuniões do Eranos, no caminho dessa unidade ciência – espiritualidade, destacam as conferências de Jung sobre o tema dos “arquétipos” – e as novas visões da física quântica e as janelas filosóficas abertas por ela.

“A obra de Eranos nos mostra que não há choque –ou confronto– entre o racional e o irracional, ou, para usar uma expressão conhecida por todos, entre o mythos e o logos. Abre-se o fosso entre o consciente e o inconsciente, podendo estabelecer-se uma mediação entre ambas as esferas. Eranos nunca teve problemas em lidar com questões tão esquivas e herméticas, irracionalizadas pela cultura tradicional e seus guardiões: do mito, símbolo e misticismo, à Gnose, à Alquimia e à Cabala” escreveu Javier Benítez, a 17 de setembro de 2017 no seu texto intitulado “La hermeneútica simbólica del Círculo Eranos”

Frijot Capra, no seu polémico livro “O Tao da física”, Amit Goswani na “Física da alma”, ou os trabalhos no campo da medicina do Doutor Deepak Chopra, junto a muitos, a dia de hoje, continuaram essa via aberta por Eranos

Em 1940 se publica o manuscrito sobre “Notas autênticas das conferências e discussões em Ojai e Sarobia” do filosofo indiano Jiddu Krishnamurti – Conferências, que em Ojai, Califórnia, voltaram ter continuidade nos anos oitenta do século passado. Uma mostra deste caminho de reconciliação, que teve muitos seguidores durante muitos anos.

Nos dias 11 e 20 de Junho de 1983, na Fundação Krisnhamurti, na Inglaterra, teve lugar as conversas entre o físico quântico David Bohm e o mesmo Jiddu Krisnhamurti. Conversas onde ao aprofundar sobre natureza do ego e o processo de transformação do mesmo, de novo nos vemos conduzidos a essa ligação ciência – espiritualidade.

Finalmente a nova proposta holística da inter-relação entre o todo e as partes, como um dos focos centrais de muitas das abordagens modernas, sem dúvida bebem destas fontes – que a pesar da aparência, possa que nunca realmente estiveram separadas. Quiçá a ponte ou nexo de união entre este mundo físico efémero e o suposto transcendente eterno esteja precisamente aquela ideia do mesmo físico David Bohm de existir outras dimensões mais complexas, que estariam acima dos elementos quânticos do universo.

David Corral Quintero no seu ensaio “El universo como holograma multidimensional y su conexión com la mente” nos especifica: “Talvez o aspeto mais intrigante da teoria de Bohm seja como pode ser aplicado ao nosso entendimento da mente humana. Como ele vê a questão, se cada partícula de matéria está interligada com todas as outras, o próprio cérebro pode ser visto como infinitamente interconectado como o resto do universo. Bohm acredita que tais interconexões, em cuja própria conceção a mente vacila, podem até lançar luz sobre o fenómeno da consciência”

Os estudos de Bohm abriram novas perspetivas ate novos modelos universais, como o do “Universo Holográfico”

Para Edith Stein no seu estudo “Sobre o problema da empatia” – esta (a empatia) é uma questão fundamental da dimensão espiritual própria dos seres humanos e pertencente somente ao humano. A dimensão espiritual tem a ver, aqui, como a capacidade do ser humano de exercer seu livre arbítrio, sua liberdade e sua eleitas.
Sendo que o ser humano tem a possibilidade de transcender-se a si mesmo, de transformar o mundo e de transformar-se com ele.

E provavelmente seja essa transformação interior que possibilita transformar o mundo, da que nos fala Stein, achegando-nos a um possível plano elevado, inerte a espiritualidade única de cada pessoa.

André Luiz de Oliveira e Andrés Eduardo Aguirre Antúnez, no eu estudo intitulado “A estrutra da pessoa humana em Edith Stein” observam o seguinte: “No reino do espírito aludido por Stein, está compreendida a consciência e seus diversos processos de conhecimento descritos pela fenomenologia. É nessa dimensão humana que se insere a tão propagada liberdade humana já referida, com suas propensões a livres escolhas, inseridas em uma miríade de possibilidades, e é nessa dimensão que se encontra a razão, com sua função de reflexão e de pensamento, que questiona o mundo, a natureza e o próprio ser humano” Em uma evidente amostra de abertura filosófica ate o mundo das supostas possibilidades quânticas

Não sabemos ate onde chegaram estas novas investigações, mas o caminho de retorno a unidade entre ciência e espiritualidade, mesmo podendo ser mais longo do previsível, provoca certezas de ser irreversível
“Toda perceção externa se exerce em atos espirituais. Assim mesmo, com cada ato de empatia em sentido literal, isto é, com cada apreensão de um ato sentimental, já temos penetrado no reino do espírito” (Edith Stein, “Sobre o problema da empatia” 1917/2004 p. 109-110).