Gaza, o lado oculto do confronto

Partilhar

Como o umbigo está situado no centro do corpo humano,assim é a terra de Israel o umbigo do mundo…situado no centro do mundo,e Jerusalém no centro da terra de Israel,e o santuário no centro de Jerusalém,e o lugar santo no centro do santuário,e a arca no centro do lugar santo,e a Pedra Fundamental diante do lugar santo,porque dela o mundo foi fundado” (texto do famoso “Midrash da Era Romana”)

O umbigo do mundo
O simbólico eixo axial – que comunica místicamente o material – terrestre como o espiritual – celeste está presente em todas as mitologias e religiões do mundo. Ligado a ideia do “Axis Mundi” centro no qual a eternidade celeste e a efemeridade terrestre se encontram, no meio dos quatro pontos cardeais
Para os gregos esse “ónfalos divino” era simbolizado por uma pedra redondeada em forma de ovo. Para os celtas galaícos este centro era simbólica “Trebopala” ou “Pedra da tribo”, na qual eram entronizados os reis ou coronos, num cerimonial, mediante o qual o dirigente se juntava com a Deusa Soberana do território, num “matrimonio sagrado” que permitia o acesso dos homens a gestão da terra, em nome da Deusa. Marcando este cerimonial no simbólico umbigo do mundo.
Cusco ou Qosco na língua quechúa significa também “umbigo do mundo” – local onde o filho de Deus Manco Capac e sua contra-parte feminina e gémea espiritual Mama Ocllo Huaco fundaram a capital de seu terreno Império. Lembrando esta “parelha sagrada” tinha como missão tirar aos seres humanos de seu estado selvagem – e traze-los a luz do conhecimento. Cusco exercia pois como centro “axial” local onde o terreno toca o divino.
A Pedra da Fundação, na Cúpula da Rocha, em Jerusalém – é considerada pelos devotos judeus como o “Santos dos Santos” (Shetiya): o local mais sagrado da Terra – o “Axis mundo” da tradição hebraica; aquele local onde o pensamento psicológico humano e pensamento elevado divino (a palavra profana e palavra sagrada) se encontram.
Esta é, para a tradição judaica e cristã, a Pedra onde Abraão realizou o sacrifício, no monte Moriá (Monte do Templo ou o local considerado por Deus) – entregando a seu filho Isaac (para os muçulmanos foi entregado Ismael). Salvada a criança pelo Anjo do Senhor (Génesis 22.10-12: “E estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho; mas o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus (…) Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho”)
De acordo com o Talmud foi a partir desta Rocha que o mundo foi criado. Nesta mesma rocha Adão, Abel, Noé e mesmo rei David fizeram sacrifícios a Deus. Jacob sonhou acima dela com os anjos subindo e descendo pela escada. Esta Pedra Sagrada também é o local onde. segundo os interpretes do Alcorão, Maomé começou a sua “Jornada Noturna” ou “Noite da Ascensão (Miraj)” – elevação mística aos céus, onde foi aceitado como profeta na presença de Allah, o Todo Poderoso. O califa omíada Abedal Maleque Ibn Maruane mandou construir aqui a mesquita de Al-Aqsa e o Domo da Rocha. no ano 690 d.C.
Durante o reino latino de Jerusalém, no século XII, os “Cavaleiros Templários” utilizaram o lugar como quartel general; surgindo todo tipo de especulações, entre as quais a da descoberta, pelos templários, da “Arca da Aliança”
Finalmente no 2 de outubro de 1187, Saladino toma a cidade de Jerusalém, permitindo a volta dos judeus exilados e estendendo um salvo-conduto para que os cristãos pudessem visitar os seus locais sagrados, dentro da cidade. Na conquista cristã de Jerusalém os assaltantes tinham matado todos os considerados “infiéis” e dizer não cristãos. Saladino abre, pois, as portas ao culto às três religiões e a veneração de todos os Santos Lugares.
A partir de 1967 quando Israel toma Jerusalém e reunifica a cidade, a mesquita de Al-Qasa tornou-se o centro das reivindicações do movimento nacionalista palestiniano, mantendo-se a administração da mesma em mãos muçulmanas.


O projeto messiânico sionista
Em 1524 David Reuveni, desembarcou em Veneza afirmando ser o embaixador e irmão do Rei José de Khaibar, no deserto de Habor (Arábia), conseguindo uma audiência com o Papa Clemente VII. Dando-lhe o Papa cartas de recomendação para falar com D. João III, Rei de Portugal. Fazendo acreditar judeus português e espanhóis, que ele, seria o Messias prometido que lhes permitiria voltar a Terra Prometida na Palestina.
Junto a Solomon Molcho também se chegou a entrevistar com o Imperador Carlos V, na ideia de realizar uma incursão nas fronteiras do Império Otomano e libertar Palestina para fundar o reino judeu de Israel
Em 1649 se funda a Comunidade da Inglaterra, e Oliver Cromwell entra em contanto com o judeu de origem português, que morava em Amesterdão, Manoel Solheiro (o homem mais rico da Holanda, nos falares da época), na tentativa de criar uma aliança na perseguição do sonho messiânico de Cromwell da segunda chegada de Cristo, com a ideia da vinda do Messias judaico de Solheiro – uma unidade que iria redimir as duas comunidades e é uma das bases da aliança futuro do Império Britânico com o movimento sionista, da qual Winston Churchill foi um dos seus mais ferventes defensores.
Em 1648 Sabbatai Zevi declara-se o Messias de Israel, diante de seus seguidores em Esmirna. Em 1651 o colégio rabínico local lhe impõe o o “Cherem”, um tipo de excomunhão no judaísmo. 1666, Zevi, com alguns de seus seguidores, partiram para Constantinopla. Neemias há-Kohen, um “profeta” judeu-polaco anunciou ser Sabbatai o Messias esperado. Finalmente Sabbatai se converte ao Islão, com o objetivo oculto (segundo seus seguidores) de trazer milhões de muçulmanos ao judaísmo.
De suas aprendizagens cabalistas especula-se foi criada uma sociedade secreta, na Turquia, que ainda a dia hoje em dia estaria integrada pelas mais poderosas famílias dos pais. Dita sociedade teria muita capacidade de orientação nas altas estâncias de poder. Também se afirma que Zevi era propenso as certas perversões, e sua doutrina versava num lado oculto de superação do a-moral mediante a experimentação e superação do mesmo.
De seus ensinamentos também se especula surgiu a figura de Jacob Frank, no século XVIII e suas experiências de retrogressão das fronteiras morais, em todo quanto for possível ter uma transcendental experiência. Se acredita que as orgias sexuais eram praticas comuns entre seus adeptos, algo que também seria comum com certos rituais de Sabbatai Zevi. No ensaio de Gershom Scholem “A redenção através do pecado” o autor afirmou ser o movimento frankista uma consequência posterior e mais radical do sabbatismo. Por sua parte Netanel Lederberg afirmava que Jacob Frank cultuava una espécie de filosofia gnóstica que acreditava na existência dum “Deus verdadeiro”, oculto, velado por um “Deus falso” – Talvez acreditassem os “frankistas” que conhecer o Deus falso seria a forma de encontrar-se com Verdadeiro.
Em 1895 Theodor Hertz escreve “O Estado Judeu” e em 29 de agosto de 1897 se realiza o primeiro Congresso Sionista, na cidade suíça de Basileia.
Em 2 de novembro de 1917, Arthur James Balfou (secretário britânico dos Assuntos Estrangeiros) envia uma carta ao banqueiro e Lord, de ascendência judaica, Lionel Walter Rothschild. Um cópia da mesma será entregue à Federação Sionista da Grã-Bretanha. A missiva transmite a intenção do governo britânico de facilitar o estabelecimento do Lar Nacional Judeu na Palestina, uma vez derrotado e desmembrado o Império Otomano.
Esse Império otomano será destruído pelo poder ocidental. Mas agora, essa ideia quer ser ré-inventada pela irmandade muçulmana na Turquia, baixo a égide do presidente Erdogan. Lemos que Hamas, junto com o poder em Catar, também pertencem a essa Irmandade (fundada a 2 de março de 1924, em Ismaília – Egito)
Segundo Youssef Hindi em 9 de julho 1947 o rabino Fischmann, membro da Agência Judaica para a Palestina, declarou em seu depoimento ao Comité Especial de Investigação da ONU: “A Terra Prometida se estende do rio do Egito até o Eufrates. Ela inclui parte da Síria e do Líbano”
A ideia da chegada do Messias judaico não poderá ser cumprida sem erguer de novo o Templo de Salomão, para o qual é indispensável derrubar a mesquita da Al-Aqsa. Isso para os muçulmanos seria como profanar o local santo da revelação de Maomé.
A sua vez grupos evangélicos, que bebem daquela aliança de Cromwell do século XVII, tem profundo apego e simpatia pelo sionismo, dado que para eles a ereção do Templo de Salomão e a expulsão dos palestinos de Israel é o pressagio da 2ª vinda de Cristo a Terra. Esses grupos evangélicos tem poder suficiente, para mesmo condicionar, em parte, as políticas norte-americanas no Oriente Meio.
No entanto existe uma contradição em esta aliança, não isenta de certa controversa: enquanto os judeus ortodoxos não acreditam em Jesucristo como Messias, e pelo tanto também não acreditam na sua volta a Terra; os muçulmanos tem a Jesus como um dos seus profetas (o profeta Issa); realizador de milagres. Acreditando como os “Docetistas” cristãos do século II, Jesus não ter morrido na cruz. Para os muçulmanos Issa – Jesus – continua vivo nos mundos celestes; e sua morte física só acontecerá na vinda dos últimos dias. Em esse momento Ele aparecerá de novo na Terra. Curiosamente o primeiro ministro de Israel Benjamin Netanyahu, tem manifestado publicamente que ele trabalha para que profecia de Isaías sobre a vinda do Messias se cumpra, negando assim que Jesus Cristo tenha sido o Messias da Paz do que fala dita profecia.
E ele será chamado / Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, / Pai Eterno, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6) “Ouvindo, porém, Jesus que João fora preso, retirou-se para a Galileia; e, deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum, situada à beira-mar, nos confins de Zebulom e Naftali; para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías” (Mateus 4:12-16).


O projeto yihadista
Yihad etimologicamente significando “esforço” No seu aspeto de “guerra santa” exterior é uma chamada para vencer aos infiéis e estabelecer o reino físico do verdadeiro credo muçulmano, com o apelo às armas. Somente através desta guerra será constituído o Califado Universal, que unificará e trará a paz a humanidade. Mas a Yihad bem entendida é um esforço interior “de guerra santa contra nosso lado sombra – obscuro” A utilização da força guerreira para vencer nossas inercias auto-destrutivas e elevar-nos ate um nobre pedestal de virtudes e valores. Interpretação que sempre foi o verdadeiro apelo de todos os sábios islâmicos, começando pela figura ímpar de Rumi, para a criação de essa comunidade de homens livres (homens libertos das suas sombras – homens de virtude)
Bem conhecido é essa visão da imposição deste califado mundial, baseado na Sharia, como diretriz que todo muçulmano deve seguir, expandida para um suposto mundo ideal, onde uma vez vencidos os “infiéis” a comunidade piedosa e harmoniosa será imposta no mundo.
Mal interpretando a Sura 48:28 do Alcorão, que diz: “Ele foi quem enviou seu mensageiro com a orientação e com a verdadeira religião, para fazê-las prevalecer sobre todas as outras religiões e Deus é suficiente testemunha disso” Desde este ponto de vista a expansão do Islão, teria uma dinâmica imparável, em várias etapas. Sendo questão de tempo sua imposição final em todo o orbe. Aqui ajudaria a demografia a favor dos muçulmanos em contra dos Europeus. E o sonho dum califado na Europa, abriria as portas da extensão da “verdadeira fé” pela mundo.
Num primeiro surto o Islão expandiu-se pela Arábia. Num segundo pela Síria, Palestina, o Cáucaso, Pérsia, Egito e Al-Andalus (no sul da atual Espanha). Agora, através dum alto investimento financeiro, oriundo principalmente das nações petrolíferas do Golfo, o Islão está preparado para escalar por Europa e o Norte da América. E desde o ponto de vista dos mais fundamentalistas, esta expansão é inerente a ser esta a religião destinada a unificar o mundo.
Ambas os dous projetos sionista e yihadista tem seu embate na Palestina. Mas também o ramo do Judaísmo e o Islão que abraçam e respeitam outras comunidades religiosas, estão a por-se a prova, hoje, no meio Oriente – e no confronto de Gaza.

Os projetos políticos
Amir Weitman, do Instituto de Segurança Nacional e Estratégia Sionista, num artigo publicado no site da Organização, postulava-se a favor de aproveitar o confronto ocasionado por Hamas, para evacuar a faixa de Gaza. Enviando, uma vez tomada a Faixa, aos palestinianos restantes para o Egito. Para fixar este plano seria necessário Tel-Aviv chegar a um acordo com o Cairo, que em trocas de receber a população palestina, pudera também receber fortes investimentos israelitas. Achando tanto os EUA, França como a Arábia Saudita afinal fiariam contentes com esta solução. No entanto o Cairo, que teve de lutar com a Irmandade muçulmana de Morshi, não vai aceitar a chegada de gente do Hamas, favorável a essa irmandade em vésperas de eleições.

Amir Weitman, do Instituto de Segurança Nacional e Estratégia Sionista, num artigo publicado no site da Organização, postulava-se a favor de aproveitar o confronto ocasionado por Hamas, para evacuar a faixa de Gaza. Enviando, uma vez tomada a Faixa, aos palestinianos restantes para o Egito.

A sua vez a proposta geopolítica norte-americanas de criar uma espécie de “OTAN do Meio Oriente”, associação estratégica defensiva dos norte-americanos, israelitas e seus aliados do golfo (monarquias sauditas e dos Emirados árabes), em contra-posição ao poder e redes de Teerão, poderia bem encaixar com um acomodo dos palestinianos e uma desativação das suas milícias.
No entanto o ataque de Hamas de 7 de outubro passado, deu na linha de flutuação deste futuro acordo, para o qual o reconhecimento do Estado de Israel e estabelecimento de relações diplomáticas, entre este estado e os sauditas (agora quebradas) era um fator fundamental e imprescindível.
De ter-se conseguido China, poderia ter algum problema na manutenção do seu projeto vital da “Franja e a Rota”; Irão se veria rodeado provavelmente por contingentes militares não amigáveis, que de inicio minorariam sua influencia na região e, a longa, mesmo poderiam por em causa o seu desenvolvimento económico e a sustentabilidade de seu regime teocrático. Rússia poderia encontrar muitas dificuldades no seu novo projeto Euro-asiático, que trás a derrubada da tentativa de aliança Bruxelas – Moscovo, com a rota Lisboa – Vladivostok, encerrada pela guerra na Ucrânia, poderia mesmo ter muitos problemas nas alianças novas e novos projetos com Irão e a Índia. E mesmo complicar-se seu estatuto no Cáucaso (onde Turquia e mesmo Israel tem jogado com Azerbaijão em contra de Moscovo; ao tempo que Ocidente tem removido Arménia da sua esfera de influencia). Para todos estes atores favoráveis a um mundo multipolar a ação de Hamas tem favorecido, direta o indiretamente, seus interesses. Enquanto para Ocidente que ainda sonha criar um mundo unipolar baseado em “regras” o golpe do Hamas tem complicado suas expectativas de sucesso.
A sobrevivência do projeto político israelita precisa da manutenção dos Estados Unidos com potencia global inquestionável, junto a divisão – cisão, distanciamento e melhor confrontação dos diversos projetos políticos do mundo árabe e muçulmano. Distintas visões que vão do neo-otomanismo turco, passando neo-laicismo Sírio; ate a ideia geopolítica da OPEP Plus e certos movimentos da Arábia Saudita com a Rússia, na defensa de seus interesses geo-estratégicos. Dado que a casa Saud no tema da energia entrou em colisão com os EUA (a raiz da produção crescente do petróleo de xisto, nos estados de Texas e Novo México).

A sobrevivência do projeto político israelita precisa da manutenção dos Estados Unidos com potencia global inquestionável, junto a divisão – cisão, distanciamento e melhor confrontação dos diversos projetos políticos do mundo árabe e muçulmano.


Pela contra a diminuição do poder de Tel-Aviv, que beneficiaria a “resistência palestina” caminha melhor com a perda de peso dos Estados Unidos na região, iniciada a partir da saída de Washington de Cabul. Ao tempo que uma boa nova, para o movimento palestiniano, a ascensão do Irão, principal fornecedor de armas e assessoria militar ao chamado “Eixo da Resistência” (que vai de Hezabollah no Líbano, Hamas em Gaza ate os Hutís do Iemem, passando pelas milícias xiitas do Iraque e o exército da Síria)
A divisão profunda no mundo árabe e muçulmano, que surge desde a Independência destes estados (anteriormente com o laicismo encabeçado pelo falecido presidente egípcio Gamal Abdel Nasser e a ideia confessional arvorada pela Irmandade Muçulmana) cria um clima muito tenso, que favorece a irrupção de violência (muitas vezes utilizada por atores externos, para posicionar seus apoios na região) Esta situação, de confronto entre irmãos de credo, é uma boa noticia para Israel e má noticia para Irão, Rússia e China; pois a estabilidade no Meio Oriente – e em toda Ásia – é fundamental para o ressuscitado projeto Euro-asiático russo e para o circular projeto das “Rotas da Seda” chinesas.
Este tipo de encruzilhadas geopolíticas, permeiam e. em certa medida, dão os ritmos e os tempos aos idealizados projetos “ocultos” mais de carácter civilizacionais e mesmo culturais, religiosos e espirituais.

O desenvolvimento no terreno
Para muitos analistas estes projetos, com objetivos contra-postos, estão a criar faixas de fricção por todo o mundo, que podem desencadear numa grande guerra global.
O já nomeado autor Youssef Hindi, que escreveu o livro “A Guerra dos Estados Unidos contra a Europa” afirmou em recente entrevista: “Essa grande guerra em duas frentes, e talvez um dia em uma terceira frente na Ásia-Pacífico contra a China, foi desencadeada pelo hegemon americano e por Israel e seu lobby, que empurraram os Estados Unidos para a guerra contra o Iraque e as outras guerras contra os povos do Oriente Médio. Gostaria de lembrar aqui que o plano americano para redesenhar o “Grande Oriente Médio” do Marrocos ao Paquistão, conhecido como “The Greater Middle East Initiative” e que levou à Primavera Árabe e às sucessivas guerras contra o mundo muçulmano, é a reformulação e atualização de um plano israelense de 1982 chamado Uma Estratégia para Israel na década de 1980, também conhecido como “Plano Oded Yinon”
E a partir da utilização do Yihadismo, infestando Afeganistão de milicianos, para derrotar a União Soviética, e agora, retirada Rússia da seu possível engaje com Europa, os bandos em pressão no vulcão do Oriente Meio, parecem estar, por dinâmica de sobrevivência a solidificar-se. Restando saber se os aliados sólidos de outra hora, como Catar, Arábia Saudita ou Turquia (neste momento a observar e tentar exercer de mediadora entre bastidores), que começam a jogar, agora, a duas bandas, vão movimentar suas fichas ou vão permanecer na sombra, ou tal vez sejam obrigados a intervir, como gostaria Hamas (outro dos objetivos a mais longo prazo de seu ataque).
Sendo que Turquia tem confrontos com EUA, que protege os kurdos, inimigos de Ancara em Síria. E Egito tem suas alianças em Líbia com Rússia em detrimento de Turquia, que apoia o bando, apoiado pela irmandade muçulmana e o Ocidente. Entre outras muitas questões, que não são agora motivo de este texto.
Enquanto os destinos forçados dos seres humanos se entre-cruzam nas trajetórias dispares dos seus desejos, suas nobres aspirações e suas crenças; o caminho mais certo e bem orientado segue a ser aquele de todos os “Mestres Espirituais” e “Filhos de Deus” de todos os tempos. Caminho que imortalizou na sua “Caravana do Amor” o sábio Andalusí – Ibn-Al-Arabi, nascido a 28 de Julho de 1165 em Murcia, quando escreveu este magnifico poema:
Meu coração tornou-se capaz de todas as formas:É um pasto de gazelas, o convento do monge cristão,Um templo para os ídolos, a Caaba do peregrino,O rolo da Torá, o texto do Corão.Sigo a religião do Amor.Para onde quer que avancem as caravanas do Amor,Lá é meu credo e minha fé.