SELEÇÃO ESPANHOLA DE FUTEBOL FEMININO: Uma vitoria de complementaridade

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Dizem os racistas que um grandes problemas do Estado Espanhol e sua excessiva tolerância com pessoas que chegam, a nossas cidades, de outros territórios, com outras culturas e outra cor de pele. Afirmam de forma supremacista e com desapreço: que se importamos África obteremos sociedades como em África. Tal vez Salma Paralluelo, goleadora da seleção espanhola seja o melhor exemplo para modificar esse pensamento simplista, medroso e arrogante. Entender a complexidade dos processos pelos que atravessa a humanidade, saber que no desenvolvimento atual do continente africano, na sua historia e inter-relação o colonialismo europeu assim como o posterior neo-colonialismo criaram uma parte importe da situação atual (sendo que isso não exclui as causas internas). Saber que, de algum modo, todos estes acontecimentos ligaram ambos continentes e não podemos isolar-nos e olhar para outro lado, com a dor e desequilíbrio que observamos em nossa amada África, e nossos irmãos nesta planetária viagem… Aqueles que chegam a nós, muitas vezes jogando-se a vida para atingir nossas costas, carregam certamente consigo seus males, mas também seus sonhos, seu poder e sua vontade de mudança, aguardando o oportunidades que na sua terra natal lhes foram negada. E lhes serão negadas enquanto persistir a problemática que gera estes processos. E esta problemática, não poderá mudar, se todos juntos, em todos os continentes não trabalhamos por mudá-la. Por enquanto os males de África chegam a nós, como também os bens, que desde séculos África nos entrega.

Por isso Salma Paralluelo, talvez seja hoje um dos melhores referentes dessa África que quer modificar sua sorte na Europa, e dessa mais matura Europa que cresce com as achegas positivas da sua irmã África.

Falam os falsos predicadores da “pureza do sangue” que a étnica cigana não tem possibilidades de regeneração, que infeta nossas sociedades com sua cultura atrasada e sua tendência a viver “ fora da lei ir-respeitando a mesma” Tal vez a capitã da seleção espanhola Olga Carmona (que marcou o golo na final do mundial, que nos trouxe a Taça do Mundo) seja o melhor o exemplo de que as pessoas com coragem, força, vontade, fé e capacidade de sacrifício, quando a sociedade lhe oferecer uma oportunidade sempre a aproveitam. Deste modo a integração se produz e a irmandade tem lugar, entre abraços. E essa reflexão, talvez, nos leve a aprofundar, que si queremos ter uma sociedade mais saudável teremos de encarar os retos, ver as diversas problemáticas, suas causas e, entre todos (sem utilizar acontecimentos como armas para derrubar nosso “adversário”) abrir-nos a um dialogo permanente, que uma vez chegado a um diagnóstico, possa com o tempo (anos, decénios) encaminhar problemáticas enquistadas na senda da futura solução precisa. Sabendo que a integração é um caminho lento, difícil, de valentes – com duas vias: a dos que se querem integrar e a dos que estão dispostos a integrar, aqueles que o demandam de coração e com firmeza a colaboração entre os diversos. Isto não exclui, que qualquer pessoa, de qualquer etnia, tenha de pagar sua punição corresponde, conforme a lei, quando cometer erros ou delitos, que ameaçam a convivência e estabilidade social.

Expressam com irá os puritanos de leituras pequenas, que a degeneração e decadência do nosso modo de vida ocidental, está intimamente ligado a irrupção, normalização e visibilidade de matrimónios ou parelhas do mesmo sexo. Sendo esta permissão um ato contra natura. Tal vez a foto da futebolista espanhola Alba Redondo beijando sua parelha mulher, com toda normalidade, como uma forma emotiva de celebrar uma vitória, seja a melhor forma de tirar a palha dos olhos maliciosos. E, talvez o senso comum nos ajude a entender, que o desvio das boas condutas, dos valores humanos, das virtudes, não esteja na escolha de um determinado tipo de amor: e sim nas corrupções dos valores do bem, da beleza e da justiça. Situações que são independentes, do caminho que cada tipo de parelha escolha, para realizar seus afetos. Aqueles que optarem pelo caminho dos instintos, paixões, egoísmo; encontraram a via da malformação. Enquanto aqueles que obterem a vitoria na senda da ração, da intuição, da procura das virtudes, com grande sacrifício, esforço e perseverança encontraram, ao final da íngreme encosta – a luz do sol no cimo da montanha. E não se desesperaram, mesmo sabendo, que alem desta montanha (que acabam de conquistar) milhares de novos cumes se levantam: por que terão obtido um significado sano, bom e correto na sua caminhada à procura do seu próprio e interno conhecimento.

Os “centralistas obsessivos” que não podem olhar alem de seu pequeno círculo de amigos (de confiança) consideram que um dos maiores males, da “sua” a pátria, são aqueles denominados “nacionalismo periféricos” Pensam que somente eles têm direito a uma bandeira, uma língua e uma cultura. E essa sua bandeira, língua e cultura deve prevalecer por cima das outras, porque se não a desintegração “daquela sua realidade nacional” será um facto iminente. Talvez, de novo, o melhor exemplo de que sensibilidades distintas e diversos conceitos de um mesmo espaço administrativo, político e geográfico podem ter acomodo, seja a fotografia da galega Teresa Abelleira ao final dum partido do mundial de futebol feminino, ondeando a bandeira galega. Dizendo alto e claro, que nossa cultura, nossa língua, nosso modo de ver e interpretar o mundo está vivo e não ameaça o teu. Se tu te sentires ameaçado, tal vez o problema seja contigo. E si tu não estiveres cómodo na nossa terra, com a nossa língua e nossa cultura, talvez o problema seja teu e não nosso. E sempre podes optar por ficares na tua casa. Nenhuma galego ou galego foi impor nossa cultura e língua a tua casa; por que havemos de permitir que tu venhas impor tua língua e modo de vida a nossa!

Serva esta pequena reflexão para fazer pensar que dentro do Estado Espanhol, a todas as pessoas ser possível a convivência e complementaridade, dentro da diversidade, que enriquece. O respeito diversidade que cria riqueza. O caminho sempre e encostado, espiralado, sinuoso, mas somente os valentes a falsa “normalidade imposta” confrontam e, somente eles, elas, abrem novos trilhos na dura mente, dos “grises humanos seres” capturados pelos pequenos medos.

A seleção espanhola de futebol feminino, não somente é um exemplo desse estado federal, ao qual, a maioria das pessoas que habitam este espaço aspira; senão que também são a expressão da vontade, coragem, capacidade, esforço, sacrifício e poder de acreditar em ser possível o, visionado, pelas mentes estreitas como impossível. Daí com amor e rigor; com rigor cheio de amor, tal como elas enfrentaram todos estes difíceis embates, que merecidamente as fizeram campeãs do mundo; com muita humildade (e servindo de homenagem) de coração lhes agradecemos: nos tenham mostrado o caminho da coexistência social e da boa normalidade.

Aguardamos a sociedade, em seu conjunto, saiba posicionar-se para também e de devagar, mas com a mesma decisão trilhar a senda da complementaridade.

Máis de Artur Alonso Novelhe