Universalismo (Reintegração) – Localismo (Isolação)

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julius-spencerJulius Sperber (1540-1616) escreveu um livro intitulado Ein Geheimer Tractatus, em que nos fala de homens que, segundo as suas palavras, “eram hábeis na arte da verdadeira magia: Henricus Cornelius Agrippa; Aegidius de Roma; Gerhardus Zurphaniesis; Johannes Hagem de Indagine; Johannes Reuchlinus; Taullerus, um monge pregador; Petrus Galatinus e Franciscus Georgius, ambos monges minoritas; Marsilius Ficinus, teólogo; Medicus Guilhelmus Postellus; Henricus Harphius, teólogo; Picus Mirandulanus, conde; Marcus Antonius Mocenicus, um patrício veneziano; Stephanus Conventius, e outros mais”. Sperber fala da alta arte da sabedoria divina e de como aqueles que não acreditavam, não sabiam ou não entendiam nenhuma dessas coisas zombariam e ririam do mais elevado dos conhecimentos, único que pode libertar o ser humano das cadeias psicológicas da egolatria. Ele menciona também os estudos de Petrus Wintzig de Breslau, que nunca foram publicados, como de alta sabedoria em magia divina.

Poderíamos a esta lista de homens acrescentar, junto com muitas mulheres, os conhecimentos dos pré-socráticos, de Platão e de Aristóteles, dos neoplatónicos (como Apolónio de Tiana, Jâmblico, Plotino, Orígenes, Porfírio, Amónio Sacas, Fílon de Alexandria ou a mártir Hipátia, também de Alexandria), dos famosos cabalistas medievais (muitos deles da Península Ibérica, como Abraham Abulafia ou Moshe de Leão, e outros de fora dela, como, já no século XVI, o alemão Isaac Luria), sem esquecer autores tão importantes como, no medievo, Johannes Eckhart (influenciado pelos ensinamentos neoplatónicos, que também foram evidentes em Santo Agostinho de Hipona, Pseudo-Dionísio o Areopagita e João Escoto Erígena). A listagem poderia ser muito mais ampla, chegando a influenciar mesmo o Nicolau de Cusa e, mais para a frente, o romantismo alemão de Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling e a sua procura do Absoluto, a partir da sua dupla manifestação: a natureza e o espírito, junto com a sua filosofia teosófica da revelação, com a visão de um Deus Uno que contém tudo.

O filólogo francês Fabre d´Olivet, no final do século XVIII, afirmava: “Sendo a essência divina inacessível aos sentidos, não empregamos para caracterizá-la a linguagem dos sentidos, mas a do espírito. Damos à inteligência, o princípio ativo do universo, o nome de mónada, e à matéria, o princípio passivo, chamamos díade ou multiplicidade (…) ao mundo chamamos tríade, porque é o resultado da inteligência e da matéria”, condizendo aqui, de algum modo e mais uma vez, com a ideia teosófica da tríade divina: Pai (princípio, vontade, causa – impulso do rigor), Mãe (útero, gestação dos mundos, lei, planificação – amor) e Filho/Filha (manifestação no plano material, mundo das realizações – efeitos).

É precisamente aqui que está outra das chaves da nossa missão neste plano material. Cada quem fazendo o seu aperfeiçoamento pessoal e ajudando os que vêm atrás no caminho, servindo de guia com as suas condutas mais elevadas. Ajudando a reduzir as trevas, aqueles grandes homens e mulheres que chegaram a atingir as maiores tónicas evolutivas na sua época, com a sua luz. Os conhecedores dos grandes mistérios druídicos ou divinos, que se sincretizam com o tempo no conhecimento entre os povos e culturas, abrindo mais as fendas do muro da ignorância para que a luz possa penetrar e a consciência da humanidade mudar.

Os centros geográficos (os impérios de ontem e de hoje), no seu aspeto positivo, servem para juntar, unificar, criar uma unidade que facilita esse sincretismo. Primeiramente no campo do saber espiritual de todos os povos, unindo-os na essência; depois no campo cultural, além do político. Em tempos mais tolerantes essa unidade é criada permitindo a diversidade, em tempos de contração suprimem-se as diferenças.

Os centros geográficos (os impérios de ontem e de hoje), no seu aspeto positivo, servem para juntar, unificar, criar uma unidade que facilita esse sincretismo. Primeiramente no campo do saber espiritual de todos os povos, unindo-os na essência; depois no campo cultural, além do político. Em tempos mais tolerantes essa unidade é criada permitindo a diversidade, em tempos de contração suprimem-se as diferenças.

 

Esses impérios, como realidade de centro geográfico dinamizador no aspeto luz da cultura, ciência e ensinamentos espirituais, dependem também da tónica evolutiva da humanidade, em cada sociedade e determinado momento da história. Quando a consciência, tanto individual como coletiva, alcançar um grau maior de conhecimento, os centro geográficos deixarão de ser impérios em concorrência, em tempos de guerra – imposição, passando a ser parceiros nos campos do saber espiritual, cultural, político e social. Mas por enquanto ainda estamos no túnel da obscuridade, já podendo ver os sinais da chegada da alvorada. No entanto, ainda teremos de passar duras provações, próprias do estado de consciência global da humanidade.

Não podemos esquecer que os dirigentes que nos representam nascem no seio dos povos (normalmente nas elites, mas também nas camadas populares), e também os grandes homens de ciência, tecnologia ou os guardiães da sagrada chama do grande conhecimento druídico. Chama que nunca pode apagar-se, pois se ela sumisse (Agni, o fogo sagrado) apagar-se-ia o saber no mundo e a queda no abismo seria uma realidade. Pois o Fogo sagrado é o fogo da inteligência e vontade do pai cósmico, a Água divina o amor – sabedoria da mãe cósmica, o Ar intermediário entre o Fogo e a Água (contendo a sequidão do fogo e humidade da água), e, junto com a Terra, que nos empresta os nossos corpos, compõem os quatro elementos alquímicos, acima dos quais a quinta-essência espiritual dinamiza a vida. E nós, os filhos, fazemos os trabalhos da unidade divina Pai – Mãe, para ir moldando os mundos a favor do amor – paz – fraternidade.

O lado civilizador dos impérios

Inscrições em acadiano no obelisco de Manistusu
Inscrições em acadiano no obelisco de Manistusu

Em 2.270 a.C. o Império Acádio de Sargão teria unificado a Mesopotâmia, estendendo-se até o Mediterrâneo e a Península Arábica e dominando partes da Pérsia. A filha de Sargão, alta sacerdotisa dos mistérios da deusa Istar, já recebera o legado de Inana, a grande deusa-mãe da cidade de Ur, na Suméria. Provavelmente nesta época os mistérios espirituais e culturais da Suméria, Acádia e Babilónia (cidade menor no Império Acádio) começaram a se fusionar, chegando mesmo a influenciar o Egito. Mais tarde o Império Babilónico, com Nabucodonosor I e o culto ao deus Marduque, continuou a sincretizar tradições. Daí não admira que a deusa Inana – Istar tenha influenciado a deusa fenícia Astarte, que, junto com a Ísis egípcia, influenciaram por sua vez a deusa grega Afrodite. O Império Egípcio foi detentor dos mistérios de Thot, que passaram à Grécia influenciando os mistérios de Hermes e todas as tradições herméticas posteriores. A cidade grega de Elêusis, com o culto aos mistérios de Deméter e Perséfone, destacava-se nas suas iniciações. Estes cultos teriam passado ao Império Romano, onde os mistérios do deus persa Mitra também tiveram acolhida. Nos tempos de Alexandre o Grande foi cunhado o termo oikoumenikós, com o significado “de toda a terra habitada”, que resultou no atual termo ecumenismo. Foi outra tentativa de universalização helenística por meio do sincretismo espiritual e cultural: unir pela essência, ao invés de dividir pela diferença.

O Império Selêucida dos Ptolomeus, herdeiros do império dividido de Alexandre Magno, também manteve essa tendência de unificação pela essência, junto com a helenização, até bater de frente com o localismo isolacionista dos macabeus, que terminou em revolta, levando à independência da Judeia e à reconsagração do Templo de Jerusalém, que tinha sido profanado pelos gregos. De acordo com a sua ideia unificadora, Antíoco IV proibiu em 167 a.C. a prática do judaísmo, como uma forma drástica de acabar com a negação dos judeus à integração – sincretismo, forçando mesmo o culto do Zeus Olímpico no Templo de Jerusalém, motivo principal da revolta. Entre os judeus sempre houve duas tendências: uma universalista, segundo a qual os gentios podiam orar no templo de Jerusalém, e outra segundo a qual somente os judeus, povo eleito de Deus, podiam orar nele, mantendo pura a sua tradição.

Com a chegada do Império Romano esse sincretismo manteve-se, agora sob o modelo de romanização, mas os judeus, com a rebelião dos zelotes (aqueles que zelavam pela tradição), mantinham a ideia do Messias guerreiro, que chegaria para encumear o povo eleito. Daí Joseph Atwill, no seu livro O Messias de César, mantém a hipótese da criação da figura de Jesus pela dinastia flaviana (com a colaboração dos judeus de Alexandria, como a família de Fílon, e do historiador Flávio Josefo, junto com a Berenice, filha de Herodes Agripa), com a intenção de substituir o Messias da guerra pelo novo Messias da paz. Llogari Pujol, no seu livro Jesus o Egípcio, conhecedor da língua demótica e estudioso de textos como os das Pirâmides, Setme II e outros, defende a ideia da criação dos evangelhos de Mateus, Lucas e Marcos pelos sacerdotes de Serápis em Mênfis, ao serviço do Império Romano, construindo os textos a partir de fontes egípcias. Mesmo assim, a figura de Cristo teria podido existir, tendo sido o verdadeiro Yeshua o dos evangelhos apócrifos, como os de Filipe, Tomé ou Barnabé.

Com a queda do Império Romano e a chegada do poder germano, a cristianização, já na sua versão atualizada por Constantino no Concílio de Niceia, vai avançando, mudando mas mantendo a sua raiz de verdade única, e nos tempos do Império Carolíngio expande-se e ganha força.

Com a queda do Império Romano e a chegada do poder germano, a cristianização, já na sua versão atualizada por Constantino no Concílio de Niceia, vai avançando, mudando mas mantendo a sua raiz de verdade única, e nos tempos do Império Carolíngio expande-se e ganha força.

O centro civilizatório islâmico, que vai recolher o saber greco-romano e oriental, com Al-Andalus e a cidade de Córdova em tempos de Abderramão III também como local de esplendor, vai manter viva a chama do conhecimento sagrado. Personagens como Ibn Arabi ou Rumi vão expandir essa mística do Uno – Tudo amor e na Península Ibérica a doutrina cabalística das emanações vai ter muita força, com um centro de grande importância como Girona, expandindo-se posteriormente por toda a Europa. Após a queda do poder islâmico o novo centro civilizatório ocidental começa o seu caminhar, entrando já em decadência nos nossos dias. Mas a sua raiz afunda no sincretismo do saber druídico celta, o nórdico – germânico, o hermetismo grego (que recolhe o saber egípcio e mesopotâmico), a cabala hebraica e posteriormente a teosofia. Muitos dos grandes cientistas, chamados racionalistas em tempos onde a razão precisava confrontar com uma religiosidade já caída na superstição, eram membros filiados a sociedades secretas, onde eram instruídos em iniciações místicas, como irmandades maçónicas ou rosa-cruz, entre outras.

Os trabalhos dos seres humanos nas tarefas evolutivas

Lembramos aqui as palavras de Migene González-Wippler, no seu livro Jesus e a Cabala Mística:Na Cabala a escuridão é equiparada ao mal. Na visão cabalística, porém, o mal não é “mau”; é simplesmente separação de Deus, da sua luz (…) Quando a imensa energia de Deus em forma de luz atravessou a escuridão, ela formou círculos concêntricos, as Sephiroth. Essas Sephiroth são também conhecidas como vasos ou recipientes. O que eles continham era a luz de Ain Soph. Mas o poder dessa luz era tão grande que eles se quebraram devido à pressão (…) Os cacos ou pedaços dos vasos caíram na parte inferior da Árvore da Vida e ficaram conhecidos como Qlippoth. Eles formaram outra árvore, um reino do mal povoado de forças negras (…) E Ain Soph, no seu grande amor pela humanidade, queria oferecer-nos a maior das dádivas divinas, o livre-arbítrio. Mas para ter livre arbítrio, os seres humanos precisavam ter capacidade de distinguir entre o bem e o mal, onde mal é entendido como estar separado de Deus”, para ressaltar o facto de o livre-arbítrio marcar todo o caminho de evolução – involução no mundo.

Os ciclos, que nascem na era de Cronos, quando o tempo entra em ação na Criação (antes, na era de Urano, tudo era procriação – multiplicação do Uno dentro da unidade espaço-espaço), tem muito a ver com os trabalhos de livre-arbítrio: quando uma civilização começa, um império unifica dentro da diversidade (permitindo mais ou menos a diferença, segundo a raiz mesma do poder imperial e o período histórico, de ascensão ou declínio), recolhendo também o que de melhor tinha o velho centro em queda. Esse livre-arbítrio da humanidade fazendo as suas escolhas marca os caminhos desse novo processo histórico.

Também aqui entra em jogo o aspeto polar: o lado sombra e luz de todo ser humano. A sombra tem de ser transformada no interior de cada ser; para isso é preciso ter o conhecimento necessário para não perder-se no labirinto interior de cada um. No aspeto sombra (em ciclo de guerra, que ainda persiste na atualidade) os impérios criam a sua expansão com a espada, e também com a espada decaem.

Levítico 24:17: “E quem matar alguém certamente morrerá”. Êxodo 21:12: “Quem ferir alguém, que morra, ele também certamente morrerá”.

Daí que toda mudança começa dentro de nós mesmos, e é chegado o tempo de aceder àquele conhecimento (guardado em tempos de grande brutalidade por uns poucos sábios), abrir-se ao conjunto da humanidade, a cada quem dando acesso àquilo que dentro da sua tónica precisa para evoluir.

Daí sempre existir uma hierarquia, que não tem porque ser piramidal. Pode ser também uma hierarquia horizontal, mas cada um, dentro do plano, onde a sua missão é precisa para servir à humanidade, tendo a pessoa a possibilidade de receber o conhecimento não somente técnico ou cientifico, mas também espiritual, preciso para desenvolver corretamente a sua tarefa no campo onde ele melhor se desempenhar: saúde, arte, literatura, filosofia, disciplinas marciais, empresariais e em geral em qualquer uma das áreas precisas para melhorar a sociedade. Também estamos no tempo de trocar as dinâmicas de confronto partidário pelas de colaboração partidária, no campo da política.

Também estamos no tempo de trocar as dinâmicas de confronto partidário pelas de colaboração partidária, no campo da política.

 

A ideia universal de unir o mundo – reintegrar as células no Tudo

Daí que agora caminhemos devagar (os processos na humanidade são seculares, e mesmo milenares) em direção a um governo mundial, mas não pode ser um governo duma elite financeira, criando vassalagem através do endividamento do resto dos povos, retirando-lhes o seu direito de livre-arbítrio, e do controlo dos grandes meios de comunicação e do imaginário coletivo (modelo bem estudado por Michael Hudson em Superimperialismo), nem um governo dum estado totalitário uniformador, que restrinja o livre-arbítrio através do mesmo controlo do imaginário coletivo e dos meios de informação. Embora ordem e lei devam imperar, terão de resultar do consenso duma unidade de governo mundial baseado numa federação de povos; com um sincretismo universal, nascido da união das tradições de todos os povos pela essência, mas mantendo cada povo o seu caminho dentro da sua raiz própria (que, como sempre, se modifica pela eterna mudança, mas devagar; pela ação da aproximação com outros modelos e não pela imposição).

Somente trabalhando em favor desse futuro governo global (universalista, mas não de imposição duma elite privada ou estatal) poderemos chegar à integração do nosso planeta no cosmos e a descobrirmos os seres cósmicos e divinos que realmente somos. Passando a ter contacto com outros seres de outros mundos, que também estão evoluindo, no trabalho de ajudar a esta multiplicidade nascida do Uno – Inteligência Divina – o Deus-Deusa, do qual nós somos os seus filhos-filhas. Ajudando a aperfeiçoar a Criação, utilizando, com o conhecimento ao nosso alcance, o melhor possível o nosso livre-arbítrio em favor do bem e transformando os erros – mal, pela experiência e saber, em bondade, beleza e amor. Reintegrando, ao invés de isolando, os irmãos-irmãs das culturas e povos diversos, junto com as suas línguas.

Daí um dos trabalhos mais importantes, hoje em dia, é aqueles povos que compartilham uma mesma língua (às vezes até mesmo herança dolorosa de ações imperialistas; unidades não criadas com base na universal ajuda mútua e no bom compartilhar, mas na imposição, dominação e guerra) tirarem proveito dessa unidade cultural linguística, para maior aproximação solidária e relação de igualdade, em todos os campos do saber.

Nesse aspeto a Galiza, como mãe da língua galego-portuguesa, pode e deve fazer um trabalho, optando pela reintegração – universalidade ao invés do localismo – isolação. Lembrando aliás que o castelhano ou espanhol, como bem estudou Carvalho Calero, também nasceu do “protogalaico”, na sua extensão para o leste (sendo que o galego-português surge da extensão deste protogalaico para ocidente) da Península Celtibérica, uma terra que também pode fazer de ponte entre duas culturas com uma genética comum.

Mas sempre desde essa posição de respeito, igualdade, abertura de coração, ética; e não engano para tentar dominar, com os antigos métodos já conhecidos de imposição subtil e substituição cultural forçada, “suavemente” ou pela força mais bruta.

No centro civilizador latino

Um novo centro geográfico, representante da cultura latina em geral, está sendo criado no Brasil. Demorará decénios, mesmo séculos, mas já é imparável, apesar das contradições e crises atuais do país. Esse centro, onde todas as culturas do mundo já estão representadas, tem de certo modo a Portugal como pai. Durante o período de independências na América Latina, com o interesse do Império Britânico em dividir espaços de unidade linguística e cultural (como aconteceu com os territórios hispânicos) para não concorrer com o futuro poder angloamericano, Portugal soube ou teve a sorte de manter a unidade do Brasil, que hoje lhe permite ser o quinto país mais grande do mundo, com a metade da população da América do Sul, a metade do PIB do continente e uma biodiversidade natural e mineral das maiores do mundo. Rico e com capacidade de gerar prosperidade assim que os EUA entrem mais em declínio, pois por enquanto o centro brasileiro fica refém do poder do Norte.

Seu momento ainda não é chegado. Mesmo com a queda da civilização ocidental (que hoje parece ter entrado em entropia), um novo centro no hemisfério norte será criado. Tal vez a Eurásia? Esperemos que sem guerra que possa levar a um terrível confronto termonuclear, mas com uma acomodação geopolítica.

Mas finalmente o hemisfério sul terá o seu momento, e o seu local de mudança – transação será a América do Sul, com o Brasil como centro hegemónico. Sendo que todo este processo, já milenar, se iniciou no útero da mãe Galiza, de onde Portugal nasceu. E como fala o hino iniciático galego, composto pelo bardo Eduardo Pondal, “os tempos são chegados”.

Mas finalmente o hemisfério sul terá o seu momento, e o seu local de mudança – transação será a América do Sul, com o Brasil como centro hegemónico. Sendo que todo este processo, já milenar, se iniciou no útero da mãe Galiza, de onde Portugal nasceu. E como fala o hino iniciático galego, composto pelo bardo Eduardo Pondal, “os tempos são chegados”.

 

Não podemos esquecer o lado sombra do colonialismo, tanto de Portugal como da Espanha, mas agora isso deve ser ultrapassado em prol dum processo de conhecimento mútuo entre os povos de ambas as culturas. Lembremos no lado positivo nomes como Bartolomeu de las Casas (influenciado por frei António de Montesinos, que defendia a dignidade dos indígenas), pela parte espanhola, e pela parte portuguesa o Padre António Vieira (defensor dos povos indígenas e lutador contra a escravatura), Manuel da Nóbrega ou o Padre Anchieta (canário de nascença, mas que foi o primeiro criador duma gramática da língua tupi e um dos primeiros autores da literatura brasileira). Pessoas que, com as suas luzes e sombras, estavam a preparar com amor estas novas terras de promissão para a sua futura missão: a de dar à luz uma civilização com um novo paradigma para uma nova humanidade, quando a transição dos centros do hemisfério norte em favor dos novos centros do hemisfério sul se verificar. Seguindo o universalismo reintegrador, ultrapassando o localismo isolacionista.

Sendo que organizações como a CPLP (hoje, como temos falado, quase um clube de negócios, mas já com agenda social) serão vitais nesta mudança. E a Galiza, como mãe, terá concluído os seus trabalhos civilizatórios, entrando em tempo de descanso, quando transferir para o Brasil todo o seu conhecimento espiritual celta, junto com os seus conhecimentos culturais e científico-tecnológicos. Daí a colaboração Galiza – Brasil – Portugal, em todas as áreas, ser cada dia mais fluente; hoje entre grupos académicos, musicais, culturais, agora também empresariais…amanhã entre os povos…

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Amit Goswami

Como o próprio físico quântico Amit Goswami, homem que trabalha a ponte espiritualidade-ciência com livros como A Física da Alma, tem afirmado, se há um país onde a espiritualidade está aberta para progredir, e onde ele se sente muito cómodo, esse é o Brasil. Sinal do advento dos novos tempos. Não podemos esquecer os trabalhos que gente como Norberto Keppe, Henrique José de Souza, o português Agostinho da Silva e outros muitos, têm feito dentro do Brasil para essa aliança ciência-espiritualidade dar como resultado esse novo futuro centro civilizador. Onde de novo o universalismo seja capaz de integrar, diluindo o localismo, que tenta isolar.

“Conhecer os outros é inteligência, conhecer-se a si próprio é verdadeira sabedoria. Controlar os outros é força, controlar-se a si próprio é verdadeiro poder” Lao-Tsé