Um novo galeguismo – Um novo reintegracionismo

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Ideias são impressas no subconsciente por meio do sentimento. Nenhuma ideia pode ser impressa no subconsciente até que é sentida, mas depois que ela é sentida – seja boa, ruim ou indiferente – deve ser expressa” (Neville Goddard , do livro “Sentir é o segredo”)

Graças ao esforço interrompido de varias gerações (desde inícios dos anos oitenta do século passado) herdeiras da raiz cultural secular. De muitos bons e generosos seres, que deram parte de suas vidas a regeneração da cultura e língua da Galiza, o movimento reintegracionista foi capaz inserir dentro do imaginário coletivo galego, alguma das vantagens do relacionamento internacional da língua, olhada na vertente de aceitação da nossa fala como parte de universo global galego – lusófono.

Atingida essa fase, toca agora concretizar e dar a ver essa vantagens, de modo todavia mais prático. Tentar levar à frente tão imenso plano, resultaria muito desgastante e frustrante, havida conta seus resultados tangíveis, se somente contarmos com nossas forças. Precisa-se pois nesta nova etapa abertura em todas as direções e orientações, tanto políticas, como culturais, que estejam dispostas a compartilhar os seus espaços, ainda em principio não tendo a mesma Conceição enquanto à normativa linguística.

Esta fase requer ultrapassar as velhas dinâmicas de confronto. Onde as diversas opções eram encaradas como oponentes. Também traz consigo um esforço na superação de velhos sentimentos , próprios da velha dinâmica de luta e marginalidade (onde historicamente foi relegado o movimento reintegracionista) que trouxeram consigo ódio, ressentimento, frustração… lógicos pelo contexto e forma de como esta marginalidade se produz, junto com os estigmas que acompanharam todo histórica e brava luta. No entanto, dinâmicas agora desnecessárias, nesta nova etapa de aproximação, que deverá trazer, com o tempo, a aceitação das duas normativas do galego de uso, tanto na pratica social, cultural e empresarial, como em todas instituições públicas e privadas galegas.

Para atingir essa realidade, será preciso também integrar o reintegracionismo dentro dos sectores de poder tanto político, como empresarial, e mesmo social e cultural. Para que esse sectores cedam seus espaços à pratica reintegracionista, é preciso que esta prática traga consigo benefícios para esse poder (junto àqueles benefícios inegáveis para o país, que tanto temos apregoado). E a vez possa dar normalidade e tranquilidade a esses sectores, garantido a neutralidade política do movimento cultural reintegracionista. Essa é porta de entrada em este momento, goste ou não.

E de certo estamos chegar ao momento de adaptação dessa nova realidade, para a qual tal vez o reintegracionismo não estava preparado. A lei 3/1983, de 15 de Junho, de Normalização Linguística, já chegou ao final do seu percurso (a partires de aqui, um novo consenso será preciso). A sua vigência, vai depender também da habilidade do mundo reintegracionista para entender e encaminhar em seu favor este novo processo.

Como já temos falado em anteriores artigos a espiral vital do galego isolacionista está em contração. Duos fatores tenderão a sua definitiva compreensão e desaparecimento: um a rapidez com os acontecimentos de chegamento económico – cultural à lusofonia se cumpra e outra a habilidade com que esses acontecimentos sejam, na pratica, aproveitados pelo reintegracionismo, no adequado caminho da reintegração. Dai a necessidade de coabitação momentânea normativa, no inicio em condições adversas, no fim em condições ótimas, com pleno reconhecimento de igual a igual de ambas as duas normativas.

Precisaram os partidários da reintegração de manter varias linhas de trabalho: por um lado, seguir a desenvolver todos o caminhos transitados ate o de agora, nos diversos círculos académicos, sociais e culturais, e por outro começar um processo de abertura ao poder, difícil, mal compreendido pelas bases, que permitam criar uma ponte de inicio à confluência das duas normativas (de entrada em termos desfavoráveis para a reintegração) onde a presença reintegracionista visualmente fique nas traseiras, mas em termos de eficácia seja muito precisa, para fomentar no poder a confiança real (ainda não obtida) da normativa reintegracionista não afetar nem alterar, o Status Quo político vigente, no marco estatal, europeu e global.

Este trabalho somente poderá ser feito por pessoas que tenham o perfil necessário para diferenciar trabalho e objetivos linguístico – cultural de trabalho e objetivos políticos. Assim como com a força psicológica e espiritual precisa para aguentar as pressões adversas, tanto internas quanto externas; alem de a visão de futuro (não curto pracista) poderosa para abdicar mesmo dele ou sua geração recolher os frutos do seu trabalho.

Somente aceitando e trabalhando em esta realidade, a espiral em ascensão da reintegração pode, em um tempo não possível hoje de determinar, atingir o cimo social, enquanto o isolacionismo encontra uma saída digna, e gradual, que lhe permita dar o relevo na cúpula, sem perder-se no caminho a língua. A mudança, nestas circunstâncias será possível. E sua aceleração dependerá também do peso económico, cada vez maior, que o português irá ocupando no mundo – a vez que o peso de intercâmbios comerciais que o hemisfério sul comece a realizar, em todos os campos. Pois do acordar económico – cultural do hemisfério sul, vai depender é muito a cultura e economia da Galiza . Mas a pesar da fortaleza exterior, nada pode ser feito, nas atuais condições, sem esse processo que permita ao poder, a mudança gradual, para ele não traumática.

Em estas condições, somente controlando os sentimentos e as emoções encontradas e, mesmo confrontadas, que surgirão em esta caminhada, o movimento reintegracionista poderá obter o sucesso final, que durante decénios sonhou. Para isso será fundamental permanecer unido, ativo e vigoroso. Permitindo que da matriz original, muitos rios se desprendam. Pois os rios sempre voltam ao mar, conectado com essa raiz. Esse mar sempre foi e será a fonte dos vários oceanos, galegos, africanos, brasileiros, oceânicos e lusófonos.

Urge um novo tipo de galeguismo, complexo, dinâmico, ativo e muito flexível, com capacidade de abranger todas as frentes.