Uma boa notícia sobre Carvalho

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Após quarenta anos, Galaxia decidiu-se por fim a reeditar a História da Literatura Galega Contemporânea, a obra mais referencial de Carvalho Calero, e a primeira pela que muitos leitores nos achegámos a ele. A edição que acabou de ver a luz é o fac-símile da terceira publicada em 1981, a última até esta. A primeira apareceu na mesma editora no ano 1963 e a segunda, ampliada, em 1975. É pena que, em vez de ser um fac-símile, não se tivesse aproveitado para fazer uma nova edição com alguma correção de erros do texto e algum pequeno aumento. Já o fiz a propósito do capítulo dedicado à geração Nós. Há dois anos viu a luz um volume com um capítulo importante da obra: El grupo Nós. Vicente Risco, Castelao, Otero Pedrayo, Florentino Cuevillas y Antonio Losada Diéguez (Madrid, 2018); a tradução, introdução e notas eram de Mª Pilar García Negro. Esta obra de Carvalho –como se reconhece na introdução– “erige-se como obra realmente inaugural, auroral, possuidora por primeira vez de uma metodologia moderna e atualizada”. A autora lamentava que uma obra tão fundamental não voltasse a ser reeditada em quase quarenta anos. A sua lamentação, e o que eu escrevi a esse respeito em Sermos Galiza e noutras revistas, foi premonitório e viu-se acougado com a nova edição. Com esta e outras publicações sobre D. Ricardo fez-se um pouco de justiça a uma tão grande figura das nossas Letras neste referencial 2020.

O longo capítulo de 53 páginas que dedicou D. Ricardo ao grupo Nós na sua História da Literatura é um fito fundamental para compreendermos esta geração. O livro leva, assim, à compreensão da literatura galega desde inícios do século XIX até meados do século XX; sobretudo, os longos capítulos dedicados a Rosalía (85 páginas), Pondal (93 páginas) e Curros (60 páginas), que são referência fundamental nos estudos rosalianos, pondalianos e de Curros. O capítulo sobre Nós, tem 19 secções: a revista; personalidade e obra de Risco; vida, personalidade literária e obra de Castelao; perfil biográfico, estilo e obra de Otero Pedrayo; Florentino Cuevillas e Antón Losada Diéguez.

A pesar do retraso, pareceu magnífico que o centenário da aparição da revista Nós (30 outubro) coincidisse com a nova edição desta obra e o ano dedicado a Carvalho (no mesmo dia fazem-se 110 anos do seu nascimento).

[Este artigo foi publicado originariamente no Nós Diario]