Repressão linguística

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A repressão, a punição, a represália, o castigo que sofremos as pessoas galegas, na Galiza, pelo facto de utilizarmos o galego, não cessa. Atualmente sabemos de diferentes casos em que várias pessoas e entidades estamos a sofrer a PROIBIÇÃO do galego ou português com os pertinentes danos. Alunado que redige em galego um exame fica sem ser avaliado, não apto, reprovado. Pessoas que num centro de saúde manifestam que querem ser atendidos em galego, são humilhadas, violentadas, com intervenção da polícia que apresenta queixa, julgadas e multadas. As pessoas, entidades que as defendem recebem um trato repressivo sendo denunciadas pela polícia e o julgado arguindo-as. Uma entidade como a Fundação Ernesto Guerra Da Cal que defende a IDENTIDADE do galego e o português, declarada de interesse galego, recebe do Conselheiro de Cultura, Língua e Juventude, representado pela Secretaria-geral Técnica, Elvira María Casal García que não cumpre a lei de transparência, uma resolução que PROÍBE que uma certidão da própria Fundação esteja redigida em português. Na própria resolução ameaça-se o presidente para além de paralisar a vida e atividade da Fundação. O direito de associação fica conculcado. A extinção do Departamento de Português no Instituto de Educação Secundária (IES) de São Paio em Tui é outra das brutalidades repressivas da Conselharia de Educação.

Estamos a falar do ano 2024, cumprido o primeiro quartel do XXI século.

Na década de 1990, na Galiza, um grupo de docentes que ministrávamos aulas em Português, reunimo-nos para nos defender do temível anátema do responsável da Política Linguística da Junta de Galiza, Regueiro Tenreiro que ameaçou em espanhol que «no sabian donde estaban los lusistas. Si lo supiesemos iríamos a por ellos!». Nos debates para nos organizar e lhe dar nome à organização, os docentes acordamos nos chamar Docentes Contra a Repressão Linguística porque o diagnóstico que fazíamos da situação da Galiza era a existência de repressão linguística, pessoas, entidades, instituições reprimidas, punidas por utilizar o galego e denunciáramos inúmeros casos anteriores a 1990 e os danos produzidos pela repressão da nossa língua.

Isto é, levamos 40 anos na Galiza sofrendo repressão linguística. Antes, a ditadura franquista simplesmente PROIBIA o galego com a pertinente violência própria das ditaduras.

Agora, embora leis para legalizar, normalizar, o galego proibido pelo franquismo – NOMIGA, LNL, Decreto de Plurilinguísmo, Lei de aproveitamento da língua portuguesa e vínculos com a lusofonia e a criação de diferentes organizações de «defesa da língua – reparemos que não de defesa das pessoas utentes da língua, bilinguísmo harmónico, cordialidade e muita outra coisa, a realidade mostra-nos a pertinaz existência da repressão da parte dos poderes públicos contra a utilização do galego.

A repressão, a falta de liberdade para o galego por qué? Porque o galego em liberdade é português. Eis a base principal da questão: Fica proibido por lei que o idioma galego é idioma português e atacam com sanha racista a ORTOGRAFIA secular do galego em identidade com a portuguesa.

Desde a promulgação da Lei de aproveitamento da língua portuguesa e vínculos com a lusofonia, no ano 2014, se passara uma década. Uma década de prodígios. O primeiro é a dita Lei no seu artigo 2.º declarar o português como língua estrangeira na Galiza. Prodígios que suscitam opiniões como que «a atuação dos Governos – Compostela-Madrid – é contra a nossa existência como galegos… agem através do sistema educativo e dos mídia, enfraquecendo a CRTVG… obriga-se-nos a utilizar uma ORTOGRAFIA que não é oficial, que não aparece nem no BOE nem no DOG. Priva-se-nos do direito a usar a nossa ORTOGRAFIA que não é outra que a portuguesa. Obrigam-nos a usar uma ORTOGRAFIA, quando não há nem dever de conhecer a língua.

Atravessamos 40 anos de ditadura e logo tocaram-nos 40 anos de convalescência. Os 80 e 90 foram, neste âmbito, pura continuação da ditadura sem ditador; Governo da Junta e os seus representantes agem como uma máfia nos centros educativos, passam por cima da liberdade das pessoas, obrigando a algo que não podem forçar nem legalmente».

Fala-se de processo de «substituição linguística» na Galiza. «Substituição linguística»? REPRESSÃO E PROIBIÇÃO às pessoas por USAR o galego. O prodígio da linguagem edulcorada e falsa.

Um outro parecer frisa que «a Lei Paz-Andrade (LPA) teve uma fraca e desigual aplicação porque a própria LPA não tem dado o resultado esperado». Os factos indicam o descarado incumprimento durante uma década da LPA da parte da Junta e essa é a perceção maioritária das pessoas que sabem da repressão linguística que a dia de hoje implementa o Governo da Junta.

Está na hora da repressão linguística ir embora.

As 17.000 pessoas que assinaram a Iniciativa Legislativa Popular antes de 2014, manifestaram o seu apoio ao facto de o idioma galego ser o mesmo, IDÊNTICO, à língua portuguesa particularmente a sua ORTOGRAFIA.

Nós achamos a pertinência de apelar para a mobilização em favor dos objetivos da ILP e declarar o idioma português como língua própria e oficial da Galiza em identidade com o galego derrogando as NOMIGA.

As entidades que promoveram a ILP e outras podem e devem UNIR-SE para fazer tal apelo à sociedade galega e organizar as iniciativas de mobilização.