Cultura, língua e juventude

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O Sr. Rueda determinou como uma necessidade da Autonomia que preside criar uma nova Conselharia e integrar no seu Governo JOSÉ CARLOS LÓPEZ CAMPOS, flamante novo Conselheiro de Cultura, Língua e Juventude. Rueda divide a anterior Conselharia de CULTURA, EDUCAÇÃO, F.P. E UNIVERSIDADES em duas mantendo Romão Rodrigues em Educação, Ciência, Universidades e FP. Nesse tempo de tão importantes decisões de Rueda, a Fundação Ernesto Guerra Da Cal está a combater a sua arbitrariedade de PROIBIR a nossa secular ORTOGRAFIA, a do português, profusamente utilizada pela Fundação que tem apresentado Recurso Contencioso Administrativo contra Resolução do Romão Rodrigues PROIBINDO a verdade científica, a verdade da CIÊNCIA, que estabelece a IDENTIDADE idiomática de galego e português. Daí a Conselharia, nova, de CIÊNCIA para Romão Rodrigues que demonstrou o seu carácter de CIENTÍFICO no assunto da letra enhe, «letra do galego desde há 800 anos».

José Carlos Lopes Campos era alcaide de A Estrada desde o ano 2011 antes de ser nomeado Conselheiro de Cultura, Língua e Juventude em 2024. Se se estudarem os resultados eleitorais em A Estrada desde esse ano de 2011, a suspeita de FRAUDE ELEITORAL do PP para as maiorias absolutas do José Carlos resulta inevitável.

O que não é uma suspeita é a participação do Sr. Rueda na manifestação em A Crunha contra «imposição do galego». Participaram figuras do PP como Ana Pastor e José Manuel Rei, alcaide de Ferrol e Senador. Este último é filho de um trabalhador de ASTANO, um renegado que renega da sua classe e da sua língua e cultura exercendo de RACISTA contra os «pailarocos» como nos chamam os altos comandos da Armada espanhola que recebem ordens do Almirante do Arsenal, Ignácio Frutos Ruiz, a comemorar a batalha de Lepanto e ferrenho defensor do Ferrol «Ilustrado», isto é, da escravatura que praticava o rei Carlos III, proprietário de 30.000 escravos. Carlos III dá nome a uma rua de Ferrol sem que ninguém proteste.

O Conselheiro José Carlos viajou a Ferrol para se reunir e fotografar com o alcaide JMRei e «untá-lo» com 35.000 € para financiar os atos do «Año Torrente Ballester» tais como uma biografia ou uma unidade didática para os centros educativos em que se difundirá o idioma espanhol da sua obra e a sua ideologia falangista.

«Temos muitos projetos no campo da cultura, da língua e da juventude”, destacou o alcaide «para recuperar a obra e lançar a imagem da cidade desde o ponto de vista cultural”. “Ballester é uma figura de muito relevo para a cultura galega e espanhola que deixou uma profunda pegada na sua cidade”, e agradeceu o Conselheiro porque «somando esforços conseguem-se melhores resultados». Pode ser afirmado que alcaide e Conselheiro estão em concordância para o financiamento e fomento da língua espanhola de Torrente Ballester e do seu falangismo. É só que a Conselharia de Cultura, Língua e Juventude está obrigada por lei com a Cultura e a Língua da Galiza portanto temos mais um ato CONTRÁRIO à língua e a cultura da Galiza. Mais um ato de linguicídio.

Comparemos a Gonçalo Torrente Ballester com Ernesto Guerra Da Cal ou Ricardo Carvalho Calero para verificar o antagonismo da língua espanhola com a galega ou portuguesa. Ernesto falava de antagonismo porque «a língua espanhola quer matar a galega ou portuguesa». Antagonismo de Torrente Ballester com Ernesto Guerra Da Cal. Os falangistas de Ballester queriam fuzilar Da Cal. Agora, Conselheiro e alcaide querem matar a obra de Ernesto com a de Gonçalo. Financiam o espanhol de Gonçalo para conhecimento da sua obra. Silenciam, censuram Ernesto Guerra Da Cal porque defendeu durante décadas a unidade de português-brasileiro-galego até que a unidade se estabeleceu nos Acordos Ortográficos da Língua Portuguesa de 1990 em Lisboa.

Comparemos Torrente Ballester com Camilo José Cela, Prémio Nobel de Literatura em língua espanhola. Nascidos na Galiza, «gallegos» e com a consideração de grandes escritores em espanhol. Grandes escritores do regime franquista renegados da Galiza, alinhados com a Espanha franquista que vão construindo a sua fama sobre a «cunha» e a promoção franquista.

Camilo José Cela, combatente no bando franquista, oferece-se como bufo ao franquismo em 1938 e em 1942, a sua obra La familia de Pascual Duarte foi publicada pelo filho de um notável dirigente requeté: Literatura do gosto dos genocídas, literatura franquista. Promocionar culturalmente a tirania franquista, ocultar o genocídio franquista, eis a definição da atividade e as obras do Cela pelas que foi premiado com o Nobel, o Cervantes e com um marquesado.

O caso do falangista Torrente Ballester tem muito parecido. Em 1937 contactou em Pamplona com Dionísio Ridruejo e outros intelectuais falangistas como Pedro Laín Entralgo e Luís Rosales; esse ano começa a publicação da sua literatura falangista em meios falangistas como Jerarquia, ArribaEspana, até 1957. Premiado em 1959 pela Fundação Juan March, o financiador do genocídio nazi- franquista, Torrente publica Los gozos y las sombras mais adiante série televisiva de muito sucesso: A crítica em mãos de falangistas e franquistas destaca o que lhe interessa à sua ideologia.

Podemos fazer o exercício de comparar o Sempre em Galiza de Castelão publicado em Buenos Aires em 1944, há oitenta anos, com as obras de Torrente Ballester publicadas até esse ano ou posteriores.

Podemos colocar a questão de por que o Conselheiro de Cultura, Língua e Juventude não comemora o oitenta aniversário da publicação do SempreemGalizae investe 35.000 € em financiar a comemoração de um escritor falangista como Torrente Ballester.

Qual seria a literatura que gerariam os Albumes de Guerra de Castelão, Galiza Mártir, Atila naGaliza e Milicianos, síntese das brutais agressões dos falangistas às mulheres e os homens do povo galego. Quantas series televisivas, quantos guiões cinematográficos?

Qual seria o «realismo mágico» do genocídio do povo galego representado por Castelão nos seus Albumes, no seu Sempre em Galiza?

O mágico é pensar que o franquismo acabou com a morte de Franco. Conselheiro e alcaide demonstram-nos que o franquismo continua sem Franco em Ferrol e na Galiza.

Trinta e cinco mil Euros para promoção da língua espanhola e a literatura falangista da parte nada menos que do Conselheiro de Cultura, Língua e Juventude.