Infelizmente, não é a primeira vez que isto ocorre. Com estes ou outros, tem acontecido em Marim, Oleiros e outros concelhos galegos, que fizeram desaparecer progressivamente os santos dos nomes dos lugares.
Por isso, penso como o companheiro nestas páginas que, sem duvidar das boas intenções dessa proposta ―que tem a virtude de corrigir topónimos como San Ciprián de Aldán por San Cibrão, ou San Andrés de Hio por Santo André―, é um erro verbo da realidade galega ―sobretudo a rural―; não só no aspeto religioso, mas no histórico, o cultural e possivelmente no político, pois a história e a vida dos galegos esteve e está muito ligada à religião e aos santos cristãos. Por mais laica que cada vez seja a sociedade, e por mais que a Igreja fez algumas coisas que puseram a gente contra dela, a religião é um elemento fundamental na história e a cultura do povo galego, e ainda é importante para a maior parte dele, seja mais ou menos “praticante”.
Lembrei uma formosa secção que durou vários anos no jornal A Nosa Terra, também nacionalista, onde tive ocasião de colaborar vários anos, e que não semelhava ter esse preconceito laicista: “Meu santo, minha santinha” (2001-2003), da autoria de Francisco A. Vidal. Falava ali de santos e santas galegos ou que tinham relação com a história e a vida galega, entre a lenda e a realidade, mas sempre com carinho e humor: “O arroutado san Paio”, “Santa Tegra, amiga de Paulo”, “San Pedro de Mezonzo”, “San Rosendo”, etc. Esses concelheiros deveriam tomar nota disto.
[Este artigo foi publicado originariamente no Nós Diario]