Lotaria de setembro

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Por X. do Galheiro

Nom som dos que tem por hábito jogar à lotaria, só que, sem querê-lo, desde hai uns anos todos os meses de setembro tenho dous números para o jogo da sorte, e como toda a sorte, como toda a moeda que vai para o ar, pode ser cara ou coroa.

No primeiro dia do regresso às aulas sempre florescem os nervos das pequerrechas: os novos colegas, as novas professoras, onde estarám sentadas, quem deixaria a escola e para onde iria, a estrea da mochila que che dêrom polo aniversário, o estojo do ano passado limpinho que nem novinho em folha…

E os pais, para além desses, acrescentamos os quebra-cabeças dos horários, das combinaçons com alguém que che poda apanhar as miúdas, do transporte, do dinheiro para pagar livros e cadernos, etc.

Só que, para alguns, o número da lotaria vém determinado pola língua que se vai empregar no âmbito escolar. Mesmo num centro galeguizado, como som a maioria dos centros públicos que conheço, mesmo cum professorado no geral sensibilizado co ensino público e de qualidade, apesar de todos os paus que recebemos na comunidade escolar.

O sistema público galego de ensino continua a ser desgaleguizador. E para os que nom acreditamos no ensino concertado ou privado, nem nos supostos atalhos tipo homeschooling, o panorama nom é melhor.

A escola é um espaço mais de socializaçom e nom pode ser culpada do que nom se consegue noutros ámbitos, de facto, pode chegar a ser um dos poucos contextos onde parte da mocidade galega tem contato direto coa língua.

O meu horizonte de expetativas é pequeno e o exceticismo grande, sobretodo porque para a minha desagradável surpresa é o professorado mais jovem o mais reticente a utilizar o galego, o mais agressivo nas suas recusas e o mais ideologicamente beligerante.

As responsabilidades e causas som múltiplas, o nível para rebelar-se ou passar tamém variam, mas o pior é ficarmos calados.

E a todo isto, levo uns anos com sorte na lotaria, nom só o compromisso é total, senom que para a minha surpresa, tamém hai umha visom alargada da nossa cultura, por exemplo, o primeiro festival de pais babados foi a representaçom da galinha pintadinha.

Mesmo assi, estou farto de jogar à lotaria.

Máis de X. do Galheiro