A vitória de Lula da Silva nas eleições presidenciais brasileiras abre uma etapa de esperança para o querido povo brasileiro, após os anos obscuros de injustiça e morte para os mais débeis, de homofobia e de racismo, de destruição da natureza e de mentira constante de Bolsonaro.
Ainda que este presidente não aceitasse claramente a sua derrota, e o seu silêncio esteja gerando conflitos violentos no país, vai ter que fazê-lo. Sobretudo pelas pressões internacionais, ao ter aceitado os governos o resultado destas eleições, e os de mais peso ter já felicitado Lula pelo seu triunfo.
Uma das primeiras reações que li foi a de Folha de São Paulo, com um expressivo titular: “Bolsonaro vai dormir”, que parece que disseram desde a casa presidencial aos jornalistas. O presidente não quis fazer declarações, e ficara em silêncio após conhecer o resultado da votação.
“Aparte do significado puramente biológico dessas palavras –a necessidade de descanso após umas frenéticas semanas–, pareceu-me uma magnífica afirmação da cidadania do que cumpre agora ao patético ex-presidente: “Bolsonaro, vai dormir”, ou… “vai rezar” com os teus amigos ultras evangélicos. Estes têm agora um verdadeiro problema de fé; após repetir que o triunfo de Bolsonaro era “a vontade de Deus” para frenar o demo do comunismo, que vão fazer agora? O mau é que muitos estão a pregar diante dos quartéis militares para que o exército impeça que Lula da Silva possa governar de novo.
A dialética do amo e o escravo, de que falava Hegel, fez mais uma vez que muitos oprimidos preferiram o jugo da escravatura à possibilidade da libertação, ademais de que Bolsonaro utilizou o aparato estatal e milhões de dólares para mercar descaradamente votos entre os pobres e a população. Porém até os mais cépticos sabem ali e aqui dos milhões de brasileiros que saíram da fome graças aos dois mandatos consecutivos que Lula teve no Brasil. Seguramente teve os seus erros, mas o certo é que foi expulsado da presidência com aleivosia pelo grande capital. “A sabedoria venceu a loucura política”, diz o teólogo Leonardo Boff numa entrevista.
[Este artigo foi publicado originariamente no Nós Diario]