Dim os últimos trabalhos demoscópicos, nada que escapasse antes à pura observação, que o galego já não é a língua maioritaria entre nós. Assim e todo, parece que se vai manter como língua de enfrontamento político, que é umha forma de parecer que segue vital enquanto continua a esmorecer. Todo o mundo se apressurou a eximir-se de culpas e saiu à palestra para responsabilizar os demais, como se o problema fosse fácil de resolver, como se para isso bastasse umha medida nom tomada, um plano de normalização, um decreto; como se o nosso fosse o único povo do mundo em que as línguas minoritarias sucumbem às estatais.
O problema é demasiado complexo como para o poder solucionar umha única pessoa, activista ou conselheiro, partido político ou associação. Assim que seria mais sensato fazer chamamentos à participação e colaboração de todos, falantes de galego ou não, dumha ideologia ou doutra, abrindo a porta à implementação de novas estrategias para a valorização do nosso património linguístico. Umha delas é a que pretende preparar o galego escrito para o converter numha potente ferramenta de comunicação com a lusofonia. Ou seja, a coordenação com o português. Este empenho não teria por que implicar o abandono doutras estrategias, que seguramente tenham muito que dizer ainda, mas sim deveria desencadear umha maior abertura a novas formas de entender o galego.
Seria o momento de relaxar a nossa tradicional obcecação com as percentagens e, além de contar falantes sem mais distinção, criar as condições para ganhar usuarios capazes de usar um galego de qualidade nos diferentes contextos da vida moderna, seja qual fora a língua de instalação principal dos mesmos. É umha ideia mais acorde com a sociedade que aí vém, em que os nossos filhos e filhas vam ter um pé aqui e outro no resto do mundo. Os índices de falantes, se melhorarem, será a seguir, mais aí já entrarám em jogo muitas mais variáveis, algumhas provabelmente desconhecidas ainda.
[Este artigo foi publicado originariamente em La Voz]