replicantes

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[quando isto começou o meu primeiro instinto foi no 25 S sugerir a retirada da proposta do Eduardo –a sua candidatura estava sendo marcada mediaticamente por um detalhe que escurecia o trabalho sério destes anos. Nom só isso, o grave era que nem se entendia o que queria nem contribuía para o concílio que pretendia. Mas a bola estava em andamento imparável…]

 [e continuei recebendo apelos para entrar na conversa controversa, dar nova explicaçom, etc. Mas vejo ISTO TAM CLARO que só se me ocorre ser mais confuso…

 [falar de replicantes…]

 

“Eu vi coisas que vocês não imaginariam.
Naves de ataque ardendo no ombro de Órion.
Eu vi raios-c brilharem na escuridão próximos ao Portão de Tannhäuser.
Todos esses momentos se perderão no tempo,
como lágrimas na chuva. É hora de morrer.”

do monólogo final do replicante Roy Batty,
filme “Blade Runner”, Ridley Scott, versom brasileira

 

A chuva persistente é a banda sonora de umha cidade em ruínas nesse filme. Anúncio apocalíptico do no future. Pessimismo. Mas até o próprio Deckerd (Harrison Ford) entende dentro dessa fita, ao ouvir essas palavras, que os replicantes sentem pola vida a mesma estima que os humanos. E viram tantas cousas que os sentimentos que experimentam podem ser até mais convulsos…

Os sentimentos dos replicantes andam convulsos por esquadrinhar demais. Por às vezes por isso mesmo entender pior. E o caso é que eu tamém som replicante. Mas nom temo a morte, temo só a nossa morte na luta comum. E tenho pena pola disputa inútil. MAS, seus Maurício, Bernardo, Carlos, Beatriz, Jorge, Zé-António, Paulo, e etc., isto nom é cousa só de sentimentos. É cousa acima do mais de ciência e estratégia. Simples. E mais acima disso, acaso nos desconhecemos nos sentimentos, replicantes todos na irmandade da fala, na longa caminhada destes anos…? Nom vimos tanto ou mais a par e nom temos vontade de ainda viver para algo fazer…? Nom temos colocado sempre o NÓS por diante do EU…?

E eu que já estava ali no Portom de Tannhäuser, em 88 da centúria passada, quando um “grupo grande de pessoas relevantes” se jogou pola janela entre os raios-c a brilharem no escuro, sei porque foi. Por “diferenças insuperáveis com o Conselho”, certo, mas que algum dos mais velhos replicantes como eu lembre o motivo. Quem estava ali poderá assegurar que foi vontade de poder, e ainda e precisamente polo contrário do que agora alguém pretenda morrer. Alguém quer jogar-se pola janela, agora, porque o convidem ao diálogo, àquilo que deviam sem pedir se abraçar, àquilo que costuma ser o poder e motivo da CL existir…?

Trinta anos atrás o problema era a falta de diálogo, o dogma e a intransigência feudal. Todo o contrário da proposta consultiva que lançou o Eduardo. Acaso –çom se elevou agora a dogma? Nom, é instrumento, ou esquecemos para que estamos aqui? Acaso – ção se elevou tamém e para outros a dogma? Nom, é outro instrumento, e eu vou usar ambos segundo convenha e onde convenha, para isso para o que estamos aqui desde há tanto tempo, gastando este precioso elemento, e a energia, e o dinheiro. A nossa vida. E talvez o dever dos camaradas de viagem habilitados seja afixar tecnicamente para tipos como eu que marcas de país deveríamos exigir legitimamente quando usemos –ção, porque o AO é realidade e nestes 30 anos moita cousa tem mudado e nem tudo para pior. Do meu mestre Zé-Luís aprendim a atenuar o júbilo por um AO precário e a nom queimar prematuramente as naves. Por isso acredito ainda na utilidade de –çom, que tenho usado dentro e fora do continente e uso cerimonialmente neste instante, mas olha que se trata da CL e de um saber técnico, ciência e nom religiom, e necessito da CL algo mais que dogmas. Necessito de vós algo mais quando use –ção e nom quero inventá-lo em solitário. Nom é hora de morrerdes, é hora de trabalhardes. Se um número alargado de camaradas pede, que disso se trata a proposta.

Agora, talvez nom adiante votar no Loomio para que isto se fale, porque contestar com negativas e maos na cabeça antes de existir o pedido é alarmante. Mas a proposta de Eduardo foi impecável, paciente, umha proposta para vós fazerdes propostas, e tarde para parar a bola. Replicantes, alguns somos tam tam antigos, convulsos, temerosos da morte como vós, mas ainda acreditamos no trabalho, no diálogo, e em poder tocar no mundo juntos. E vós…?

Por último, perguntava-me o Jorge se tenho “alguma ideia de como mudar este grave conflito que ameaça com romper AGAL”. E eu pergunto-me a seguir qual conflito, salvo a falta de querer falar. Dentro e fora da AGAL vamos continuar usando –çom ou –ção segundo convenha. Ora seria bom que a proposta paciente de que a gente do ramo técnico dentro da AGAL, se boa parte dXs sóciXs pede, indique os detalhes que legitimamente poderíamos aspirar a preservar (7, 8, 9, umha dúzia) quando queiramos usar por vontade ou estratégia o AO. Só isso. Pode-se adiar. Podemos ir andando. Mas nom chove nem a cidade agalita está em ruínas neste filme. Nom cabem anúncios apocalípticos. E temos como nunca futuro. Sejamos otimistas.

P1: trocas privadas destes dias indicam que esta tomada de posiçom para a conversa civilizada se lê com apriorismos autoritários. Lamento. E nom era para discutir comigo…

P2: publique-se por isso e apesar da sua provável inutilidade a nota e neste tom –na AGAL defendemos juntXs um modo de ver comum no diverso, espero só que os princípios de liberdade e diálogo continuem no comum…