Assisti assombrada ao ensaio geral do Arde Lucus para escolares no passado 12 de maio. Colégios públicos e privados levaram até a Praça de Santa Maria seus escolares. Franciscanos, CPR San José, CPR Milagrosa, Colegio María Auxiliadora, Colegio Fingoi, CEIP Anexa, CEIP Maruja Mallo, CEIP Paradai, CEIP Albeiros. Toda a cerimonia realizou-se en castelhano. Com a persistência e aquiescência de mestras e representantes políticos, como o concelheiro de juventude de Lugo Mauricio Repeto. Porque se lhes nega a nossas crianças o aceso ao seu idioma? Porque se tolhe a cultura em representações públicas? Como fazer entender que o conhecimento de duas línguas e melhor que a sua ignorância? Como romper a teimosia e o fanatismo de quem renega do próprio para abraçar unicamente o alheo?
Assisti assombrada ao ensaio geral do Arde Lucus para escolares no passado 12 de maio. Colégios públicos e privados levaram até a Praça de Santa Maria seus escolares. Franciscanos, CPR San José, CPR Milagrosa, Colegio María Auxiliadora, Colegio Fingoi, CEIP Anexa, CEIP Maruja Mallo, CEIP Paradai, CEIP Albeiros. Toda a cerimonia realizou-se en castelhano.
“Los de la Aneja, que se pongan delante que vamos a ensayar el himno del Arde Lucus” diziam os alto-falantes. Dobre-mente ignorantes, por pronunciar a j castelhana para esta palavra (Anexa a Escola de Magistério). Mestras, mães, e políticos cúmplices em apagar nosso idioma. Já conheci crianças em Lugo que nunca escutaram falar em galego. Ou, ainda, para quem o galego é apenas umha matéria a mais, um trabalho a maiores que muitas das vezes resulta unha “carga” mais do que unha satisfação por conhecer o próprio, por aumentar o conhecimento. Por saber unha língua que foi a das nossas ancestrais desde mais de mil anos. A primeira em aparecer escrita na península. A língua das cantigas de amor, de amigo, de escárnio ou de maldizer pioneira na literatura das línguas procedentes da mistura entre o latim e as línguas indígenas da Gallaequia. Afonso X o Sábio dedica-lhe unha das suas cantigas a Virgem dos Olhos Grandes. Representante duma cultura que afunde suas raízes em cinco mil anos de humanidade. Agora falada e escrita por mais de 200 milhões de pessoas em todo o planeta, tocando todos os continentes. Foi o Catedrático Garcia Blanco, Luguês e derradeiro habitante do Castelo de Pambre, quem primeiro definiu o auto-ódio como elemento castrador da nossa cultura. Assim vi eu a aquelas mulheres fundamentalistas e limitadas que na praça de Santa Maria defendiam para seus estudantes e filharada a ignorância antes que a sabedoria. Tanto os Concelheiros/as como as mestras cobram por seu trabalho. As mães não cobram por cuidar de seus filhos e filhas. Poida que tenham o complexo de que falar galego é de menor categoria social, seguramente porque nalgum momento da sua vida alguém mal intencionado fizera burla delas por falar no nosso formoso idioma. É duro que te humilhem por causa da tua língua que aprendeste na casa, ligada a afetos, carinhos e com grande fundo cultural. Mas a maturidade também implica rebelar-se contra essa injustiça. Também ter o orgulho da família que tanto nos deu. E, ainda, ter a mente aberta para diferentes opiniões. Isso é o que eu botei em falta. E penso que o dinheiro que pago dos meus impostos não esta bem administrado se se utiliza para esmagar a cultura apagando a nossa língua em público. Fiquei bem desiludida para este Arde Lucus. Creio que não vou participar para glorificar o conquistador, a colonização cultural e o esmagamento da nossa cultura.