Guerra ao Verde. Tudo contra a vida.

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Assusta saber os planos do Concelho de Lugo a respeito da destruição das suas praças, das suas árvores, da vida que ainda se resiste a desaparecer das nossas ruas.

A praça de São Domingos, desenhada por Santiago Catalan, um modelo de ordenamento do espaço, onde árvores e passeio convivem, que conta com espécies senlheiras como o Gingco Bilova, ( a árvore das feministas, com muito significado em Lugo) vai ser destruída para substituir seu amável espaço, por cimento e outras arvorezinhas de nova plantação que terão que medrar para serem minimamente significativas. E vai ser invadida por veículos poluentes. Profanada. Esta praça é um exemplo da brutalidade que faz a incultura. Quem despreza o próprio acaba por destruir a memoria histórica da sua cidade, e ataca a beleza ali onde quer que se tope. Desprezando a nossa língua como vimos fazer no ensaio das escolas para preparar o Arde Lucus, varias semanas atrás, não é milagre que o afã destrutor se apodere de quem administra nosso património.

A cidade de Lugo que antes era rica em árvores, hortas, e vida, vai pouco e pouco desnaturalizando-se para se transformar numa sucessão de espaços cobertos de lousas ou pedras e desprovidos de árvores.

A cidade de Lugo que antes era rica em árvores, hortas, e vida, vai pouco e pouco desnaturalizando-se para se transformar numa sucessão de espaços cobertos de lousas ou pedras e desprovidos de árvores.

A Praça da horta do Seminário, cujo nome nos suscita a pena e a dor das nogueiras derrubadas polas pás destrutoras, viu substituído seu solo de terra permeável por cimento ou pedra impermeável. Pedra que reflete a luz do sol aumentando o efeito invernadoiro no verão ( Ilha de Calor) e fazendo um espaço inóspito no inverno porque o solo de pedra é frio. Nenhuma árvore para o vento no inverno de maneira que o espaço não se presta para deter-se nem vaguear tranquilamente. A gente passa correndo porque nada hai ali que anime ao lazer ou ao encontro da vizinhança. A praça de São Marcos, outrora sombreada de Cedros, e verde que faziam dela um lugar fresco no verão e quente de inverno, agora é uma esplanada em que o sol nos torra no verão e o vento frio do inverno nos expulsa para as nossas casas. Ficava São Domingos. Uma praça formosa adornada de árvores e de verde. Uma barreira de camélias vale para amortecer o ruído e poluição dos veículos que por ali passem. Demasiado bonita para que os habitantes de Lugo a mereçamos. Destruição! Hai que acabar com a vida! Hai que destruir o verde! Hoje está bem estudado o efeito sanador da vegetação na vida dos seres humanos e dos seres vivos em geral.

As árvores têm sensibilidade, comunicam-se através das suas raízes e das micorrizas associadas a elas. Fazem solo fértil. Atraem água e temperam o clima. Amortecendo o frio do inverno e temperando a calor no verão.As novas diretrizes mundiais para os modelos urbanos focadas em árvores e florestas são complementares ao Protocolo Global para Inventários de GEE em Escala Comunitária (GPC, na sigla em inglês). Não só reduzem a pegada de Carbono, mas são os nossos elementos mais ativos contra o cambio climático. Visto isto, cabe perguntar-se: Porque essa inquina contra as árvores? Será que querem pavimentar toda a Terra? Fica mais limpinha a praça se tiver lousa branca que se o seu solo for de terra?

Porque essa inquina contra as árvores? Será que querem pavimentar toda a Terra? Fica mais limpinha a praça se tiver lousa branca que se o seu solo for de terra?

Em Lugo a superfície cimentada foi aumentando ano após ano. Toda a praça de Bretagne é uma grande esplanada refletante igual que as já citadas Horta do Seminário, São Marcos, Praça da Milagrosa, etc. Neste último caso, rompe o coração ver que o único espaço comum deste bairro esteja livre de verde. Sem vida. O solo de cimento. Apenas anciãos sentados nos seus bancos respirando um ar contaminado porque nenhuma árvore amiga vem ali para o limpar. Que pena me dá a minha cidade!. Levanto a minha voz e grito em desespero: “Deixem crescer a vida!. Deixem viver as árvores. Tentem travar a ilha de calor em que estão a converter as nossa cidades. Estão fora do tempo. Vocês estão antiquados”. Agora o que cumpre é cultivar a vida, e plantar árvores entre os tijolos refletantes da cidade. Aos novos representantes dos concelhos reclamo-lhes: Plantem mais árvores. Não cubram o chão de pedra e baldosas. Deixem a terra permeável para que a chuva possa se infiltrar e encher os aquíferos subterrâneos. Para evitar as enxurradas. Para aumentar a riqueza da biosfera nesta terra que foi tão formosa e vocês a estão a cobrir de lousa. Deem uma chance à vida!