Assisti pela primeira vez à feira do livro do Porto com meu livro Gotas. Em edição bilingue. Português- Castelhano, ou Espanhol como preferem dizer em Portugal. Com músicas de Xaquin Facal e ilustrado por Celsa Sánchez Vázquez.
A obra tem o prémio de Teatro Infantil que concede a Associação Cultural O Facho da Corunha. A mais antiga das Associações Culturais da Galiza. E foi editada pela Novembro, editora oficial da UCCLA ( União das Cidades Capitais de Língua oficial Portuguesa) a qual pertence Santiago de Compostela Capital da Galiza. Foi no IV Encontro de Literatura Infantil da UCCLA en Cabo Verde que contactamos com a Editora da UCCLA Avelina Ferranz para a edição do livro.
Gotas, no Original galego Pingas, pretende transmitir a crianças a partir de 5 anos, o ciclo da água na natureza. Assim quanto os perigos e ameaças que a acossam. Neste maravilhoso Planeta Terra que é nossa casa, nosso lar, nosso lugar de vida e de mantença. Um Planeta maltratado pela especie humana obrigado a produzir de jeito forçado, utilizado, na atualidade, para um maior lucro de maneira descontrolada. Um Planeta desprezado pelo sistema capitalista que lixa as águas com poluentes, lixo de todo género e sobreexploração.
As águas, que são a fonte de vida da Terra.
Neste intuito de ensinar crianças e não só miúdas e miúdos, mas também adultos, a cuidar dos bens que a Terra nos fornece, é que foi concebida, imaginada e criada esta obra de teatro. Apreender brincando, cantando, partilhando foi seu objetivo. Uma obra de educação ambiental, considerando o papel que a literatura tem neste eido da cultura.
Foi muito agradável falar com meninos e meninas e com gente idosa que levou livros para seus netinhos e netinhas.
No percorrido pela feira do Livro dentro dos jardins do Palácio de Cristal a gente pode admirar um contorno cuidado e digno, onde uma multidão de pessoas passaram pelos diferentes stands cheios das novidades editoriais. Também os alfarrabistas tinham seu lugar reservado. O livro de velho é de grande tradição em Portugal com valor histórico e cultural.
Um único livro galego apareceu a nossa vista: A Terra Cantada de Camilo Nogueira. Mercamo-lo, por suposto, com alegria de encontrarmos lá um nosso compatriota e , ainda desta categoria.
Eu andei a procura dalguma obra de Maria Harcher. Difícil de topar por estarem seus livros esgotados e não reeditados. Hachei uma joia: primeira edição de Filosofia duma Mulher Moderna comprado numa Feira do Livro do Porto por alguém que assina em 1957. Esta feminista rebelde que poderia ser considerada como uma das escritoras malditas, que já expulsa de Portugal polos seus livros, mereceria uma reflexão mais alargada. Pelo seu grande talento como escritora e pelo seu papel denunciante da situação da mulher em Portugal durante o primeiro quarteirão do século vinte.
Como conclusão reflito que a presença galega nesta importante feira do livro limitou-se ao Livro Gotas (editado em Portugal) e eu como sola autora galega a assinar obra. Nunca há que renunciar se cremos no que defendemos. Eu creio e pratico que a nossa língua é extensa e útil como dizia Castelao e que o galego tem vasto futuro dentro do espaço da lusofonia, onde só pode enriquece-la mais e mais e , ainda, aportar sua influência criativa e rica em léxico e estruturas conservadas na nossa tradição popular. Que o Português oficial abandonou por influência do Castelhano e domínio da norma Lisboeta sobre as formas lexicais do norte Minhoto tão galego e origem da Nação.
Bem haja O Porto, Cidade Invicta que honra a cultura.