O colonialismo destrutor

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Segundo Maquiavelo, em seu livro “O Principe”, para dominar um país há que despossuí-lo de seus bens, empobrece-lo levando para a metrópole todas as suas riquezas e, uma vez conseguido isto dar-lhe de vez em quando,algumas farangulhinhas das que sobram da mesa bem abastada dos conquistadores. O povo irá agradecer essas misérias desde que ficarem convencidos da sua incapacidade para gerir seus próprios bens.

Ao escutar as declarações de Miguel Tellado sobre a possibilidade de utilizar a língua galega, junto com a catalã e euskara, no parlamento espanhol, senti profunda vergonha. Ele era contrario a esta possibilidade. Renegava da sua língua galega. Vergonha polo servilismo que transcendia e pola indignidade que transpirava. Eu sei e ele também sabe que o galego é uma língua de cultura com uma tradição escrita antiga, riquíssima, maior da que o Castelhano. Senti a “cachetada” na minha cara e na de todas as galegas perante as suas declarações públicas, renegando do seu idioma e do de todas nós. Esse senhor, que foi eleito por habitantes da Galiza renuncia a possibilidade de lhe dar mais dignidade da que ainda já tem, à nossa língua antiga, culta, refinada, riquíssima e extensa e útil (Castelao dixit).

Ao escutar as declarações de Miguel Tellado sobre a possibilidade de utilizar a língua galega, junto com a catalã e euskara, no parlamento espanhol, senti profunda vergonha.

Esse senhor é a imagem do colonizado que defende ao patrão que despossuíndo-nos das nossas riquezas as leva para a metrópole. Ele não lhe quer a seu país, onde mamou, cresceu e se formou para fazer méritos com a finalidade de alcançar algum posto de “importância” na metrópole, ou a sombra do poder servil que representa o Sr. Nunez. Padece o que Garcia Blanco batizou como auto-ódio. Não é milagre. Galiza está sendo arrasada em suas riquezas desde há muitos anos. Já Felipe II para montar a sua “armada Invencível” arrancou todos os carvalhos do país, e mesmo as traves das casas para seus barcos. Afundou as pequenas e grandes embarcações dos bons marinheiros galegos para que não tivessem mais remédio que se enrolarem na Armada, que governada por um aristocrata ignorante ( Duque de Medina Sidonia) foi levada para o fundo do mar. Mas repugemo-nos e uma e outra vez fomos objeto da rapina colonizadora. Galiza está sendo agora alvo das multinacionais que arrasam nossos montes para por neles engenhos que transformam a energia do vento em energia elétrica que é levada fora da Galiza. Galiza é içada de eucaliptos para servir a um poder económico alheio produzindo um desastre ecológico que vai caminho de ser irreparável . O nosso território, com seus imensos recursos, foi sempre um pastel apetecível para os abutres ambiciosos e insaciáveis que com ele mantinham o boato e pompa da Corte de Espanha. O resultado desta pertinaz rapina é o empobrecimento do país. Assistimos na atualidade a um processo de progressivo e implacável centralismo. Case todas as riquezas da Galiza foram levadas para Madrid (50% da energia produzida na Galiza exportou-se fora). Lá é que tributam as elétricas que se alimentam dos nosso rios esganados de barragens, da nossa energia eólica, da nossa madeira, da nossa pesca, do capital que havia nas nossas Caixas de Aforros depois de terem oferecido Caixa Galiza de balde a um Sr. de Venezuela (Nunez Feijo culpado) e depois de terem destruído todo o tecido empresarial de Ferrol e de Vigo, em fim dos nossos recursos. O Sr. Tellado apreendeu de seus superiores que sua terra Galiza é um lugar de saca. De extração, para maior boato da metrópole. E que, se queria medrar em política, teria que ser servil e renegar de seu país e da sua cultura. À imagem de seus chefes. Contemplamos com tristeza como estas personagens são escolhidas para governar e administrar os bens públicos por muitos galegos. Mas não nos estranhamos. Esse é um produto da colonização. Que gera auto-ódio e impede reconhecer a própria capacidade para gerir a nossa riqueza. A pior e primeira colonização é a dos espíritos, a que faz que um povo se assuma como um povo vencido. Isto acontece depois de o despossuír de todas as suas riquezas materiais. Empobrecido aceitará as migalhas que caiam da mesa e tentará agradar ao poderoso. Temos que acabar com a colonização dos espíritos e das nossas riquezas. Tudo vai junto. A luta polo território não é alheia à luta pola cultura. Não queremos que destruam nossa terra com industrias extrativas produzindo desastres ecológicos como o da ria de Pontevedra, ou a poluição da ria de Noia pola mina de Touro. Não queremos que arrasem as nossas montanhas com campos eólicos que rompem a terra, quebram o ciclo hidrológico, trituram aves e morcegos, expulsam a vida e levam a riqueza para alem Galiza. Tendo nós que pagar as perdas polo transporte da luz para longe de aqui. Não queremos ser uma colónia. O colonialismo é um dos grandes problemas ambientais a nível global. O poder tem de ser distribuído e nunca centralizado. O centralismo e o urbanismo desmesurado que provoca, é um dos graves problemas ecológicos que tem a Terra. Principal causante do Cambio Climático. Por isso começamos por defender a nossa língua milenar, culta, formosa e riquíssima, e continuamos defendendo as nossas rias, rios, montanhas, florestas.

O centralismo e o urbanismo desmesurado que provoca, é um dos graves problemas ecológicos que tem a Terra. Principal causante do Cambio Climático. Por isso começamos por defender a nossa língua milenar, culta, formosa e riquíssima, e continuamos defendendo as nossas rias, rios, montanhas, florestas.

Defendemos soberania alimentar igual que soberania cultural e económica. Sr Tellado: Não se envergonhe das suas origens. Não se “passe” na sua dedicação aos chefes até o ponto de esquecer quem é e de onde vem. Lutemos por uma maior e melhor distribuição das riquezas evitando a concentração destas e a ruína dos lugares da suas origens. Não a zonas de sacrifico. Não a regiões de privilégios ambientais, mantidos a custo da destruição de amplas regiões do Planeta. Galiza é rica ainda, em cultura, língua e ambiente. Não a destruam.