El Procès

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Como muitos de vós, suponho, ando a acompanhar o que está o ocorrer na Catalunha. O processo, el Procès, é fascinante. Conseguirão, por fim, desligar-se do Reino de España? Desmancharão as Forças Armadas este jovial processo secessionista? Intervirá a Legión, Cabra inclusa,  providenciando pelo cumprimento do dogma constitucional da «indisoluble unidad» da «Nación española?

E que andam para aí a dizer os mídia espanhóis? Da televisão e da rádio nada sei dizer, porque das espanholas desliguei-me quando ainda nem tinha um cabelo branco. Foi a minha pessoal, modesta e higiénica secessão. Dos jornais, desses algo sei, porque ainda vou lendo neles na Rede. O mais interessante, sem dúvida, são os comentários, as reações dos populares e da populaça do reino em face ao Inconcebível. Estupor, raiva, desprezo, fúria são os sentimentos mais patentes e comuns; os ataques pessoais e os insultos não faltam; a incompreensão reina. Suponho-os acirrados por esses mídia que descantá não vejo.

Sim, muita raiva e muito estupor; argumentos, procuro e não encontro. Nem nos populares leitores comentadores nem nos mais ou menos afamados jornalistas que popularizam opiniões sobre o processo em curso. Argumentos democráticos, quero dizer. Há profecias sobre os males certos que advirão à Catalunha se viesse a ser uma petita nação normal (o que é impensável, aliás), há apelos à geografia: não nasce o Ebro em terras cantábricas? Não tem Lluís Llac um «criado negro» e um cavalo no Senegal? (afirma não pergunta alguém pago por opinar no jornal madrileno e monarquista por excelência). Essa é a tendência geral e a que era de esperar.

Entretanto, o engodo da Espanha federal é lançado outra vez, vagamente, por um indivíduo que se apresenta em sociedade sem conseguir reprimir o atávico impulso de se exibir com uma grandiosa bandeirola do reino. Em simultâneo, ficamos a saber que o galego que preside ao governo da Indisolubleunidaz tem uma espécie de arma secreta, definitiva, que não duvidará em usar em último extremo, e que se chama Legalidade ou também Forças Armadas, com ou sem Cabra.

Entretanto, por terras cantábricas ou por perto, o cabeça (il capo, el cap, o chefe) das Forças Armadas, o herdeiro do herdeiro do Caudillo (essoutro galego) recorda um velho cantar cuja letra diz que Espanha é uma «empresa» – um empreendimento cívico comum, entendo eu, como o que está acontecendo lá na Catalunha e que os espanhóis não têm e invejam. É a inveja da nação.

E entretanto, quanto a isso, aqui neste bairro de Monte Alto da Crunha, frente ao mar, a gente quase toda está-se nas tintas, para o dizer à portuguesa.