Como pessoa preocupada e agindo sobre a língua, desde sempre, tive relacionamento com todas as pessoas que se ocuparam de essa responsabilidade nos governos galegos, e não duvido de que todos eles tinham preocupação pola língua e seu futuro.
O primeiro dos responsáveis foi Manuel Regueiro Tenreiro, designado polo governo de Albor, porém se manteve sob o governo de Lage com nacionalistas. Era pessoa que ideologicamente era muito mais próximo do mundo PSOE que do PP, e fora escolhido para ocupar o cargo polo ILG, e seu trabalho esteve centrado sobre tudo em combater o reintegracionismo e o lusismo, ele preferia um analfabeto na língua a um “lusista”, um dia o seu subdiretor, usou estas palavras comigo “eu tenho muito mais em comum com um andaluz que com um português, em todos os sentidos”.
O governo bipartido de PSOE e BNG, teve nessa responsabilidade a Marisol López Martínez, com a que teve bem de reuniões e conversas e sugestões sobre temas de língua, umas vezes coincidentes e outras não mas sempre muito cordiais. Alguma cousa que se fez, e que mobilizou a esse Think Tank que é La Voz de Galicia e todos os seus corifeus contra esse governo, nasceram desses nossos encontros.
Feijóo quando chegou a presidente da Junta, colocou a Anxo Lorenzo no cargo, com ele nunca teve nenhum encontro nem reunião ocupando esse cargo.
Anxo Lorenzo fora um forte colaborador do Atlas linguístico, e ao acabar esse trabalho o ILG impulsionou-o a Universidade de Vigo. Em Vigo alugou um apartamento no que agim de senhorio. Nos anos que durou esse relacionamento falamos não poucas vezes de temas de língua; era uma agradável conversa com ele. Do que mais e diversamente falamos era de propostas e ações para o futuro…futuro polo que ele estava sinceramente preocupado, mas isso sim sem saltar um milímetro da sua alma mater, o ILG. Quando mudou o trabalho e deixou o apartamento, as condições nele não foram boas. Isso fez que mudasse a imagem e a confiança que lhe dera.
Nada mais entrar a servir a Feijóo, Feijóo fez uma modificação das normas da língua, atacando ao galego, não ouvim a ninguém nem aos seus amigos dizer, foi contra o parecer de Anxo Lorenzo?…Por algo ele segue na política de Feijóo e amigos
O seguinte com essa responsabilidade foi Valentim Garcia, com quem tenho tido trato, quando impulsionávamos a ILP Valentim Paz Andrade, sobre o aproveitamento do português que viria a ser com o tempo Lei1/2014, a primeira pessoa com que fum falar foi o responsável de política linguística, a quem se pediu o apoio.
Colocar a responsabilidade da língua na área da Cultura, como vem de fazer Rueda, é uma degradação particularista da matéria. https://www.xunta.gal/cultura-lingua-xuventude/estrutura-organica-e-funcional
Manuel Fraga colocou nessa responsabilidade a Pablo González Moreiras, ele ainda que assumia as normas do ILG_RAG, não era pessoa de essa contorna, quando nasceu a AGAL, ele associou-se a entidade e pagou as suas quotas.
Com ele passei alguns bem agradáveis momentos falando de temas de língua no seu despacho, e do que se poderia fazer, eu fiz a sugestão de fazer um Plano de Normalização linguística, o objetivo do plano era reforçar aquilo que fazia necessária a língua. Pediu-me mais dados de esse assunto.
Desde o ano 95/96 eu era um impulsionador de planos de normalização por todo lado, fazia propostas em concelhos, em instituições, em partidos, em sindicatos, em empresas. Elaborei um plano de normalização para administração galega que aprovou o Congresso da área da administração da CIG, apresentei esse projeto em muitos lados. No ano 2002 o Bloco fazia um encontro sobre língua, e nele havia várias intervenções: O ensino, O galego na Europa e sua oficialização e os planos de normalização linguística.
Eu fora convidado para apresentar o projeto feito para administração e aprovado pola CIG, um plano para fazer a língua necessária. (Tanto o meu plano como os dados de esse encontro figuravam no agal-gz.org, que agora não sou capaz de acessar). No encontro do Bloco houve um debate com o público final. O assunto que moveu a mais debate foi o apartado do galego na Europa. Eu apontara o dado, de o galego já era oficial (pois é a língua de Portugal, além disso Camilo Nogueira e antes José Posada vinheram a demonstrar que o português da Galiza ou galego, podia-se usar com normalidade). Porém afirmei rotundo: Se se quiser que a língua submetida ao castelhano estiver lá, pelo que tinham que lutar era por fazê-la oficial no estado, já que de conformidade aos tratados, são oficiais da União europeia (logo está o assunto das línguas de trabalho…) as que são oficiais dos seus estados, e no estado espanhol só existe uma língua oficial o castelhano. Isso deu lugar a uma simpática discussão final entre Francisco Rodrigues e eu próprio na parte final do debate.
Com Pablo González Moreiras, demos um repasso ao meu plano no seu despacho, logo levou cópia para casa.
Pablo fez algumas das modificações legais bem interessantes como a modificação do artigo 33 da Função Pública…E ao cabo de pouco tempo ele colocou em andamento as reuniões do Plano de Normalização, onde participou muito pessoal.
Eu, o 19 de fevereiro de 2003 teve um gravíssimo acidente de transito, que me levou a estar três meses de baixa. Pablo pediu-me que participasse no Plano, que era fundamental. O seu subdiretor enviou-me repetidos e-mails pedindo-me que me incorporasse, que Pablo insistia, não se passa nada lhe diz, seria para muitos fonte de problemas, vendo os que estavam nas reuniões muitos deles bem conhecidos meus.
Pablo tinha bem claro que para fazer a língua necessária em qualquer plano, há pessoal que tem que ter obrigas, e no plano participava muita gente, que considerava as obrigas algo impossível, e isso faz que muitas das medidas que estão no Plano (https://www.lingua.gal/recursos/publicacions/_/publicacions/0008/plan-xeral-normalizacion-lingua-galega), fiquem em águas de bacalhau.
Desde o nacionalismo começou uma movimentação para fazer do Plano Geral norma aprovada no Parlamento.
Naquela altura discutim com Carlos Callon, e outros, que isso não valia para nada, nem ia fazer implementar o Plano, que o que cumpria era fazerem-se planos bem feitos fazendo a língua necessária em toda parte, nos concelhos, nas empresas, nas instituições, nos sindicatos e leva-los avante, pois o Plano abençoado pelo Parlamento ia ser mais um pejo para essas alternativas que outra cousa, esquecei o fetichismo dos diários oficiais, que não substituem o trabalho do dia a dia. Não se pode aceitar o balizamento que faz connosco a Espanha e a vez pensar que dentro desse balizamento de subserviente está a solução.