Acerca do Scórpio tenho muitas perguntas e quase nenguma resposta.
Tam só conjeturas.
Qual é o tema central do romance?
Para mim é o silêncio: o silêncio do protagonista Rafael Martínez, o seu silêncio acompanhado da sua introspeçom e do seu estoicismo; os inumeráveis silêncios de Chéli; o longuíssimo e inquietante silêncio de Cleo.
Num romance em que muitas das personagens tenhem voz, no qual muitas das personagens som vozes narrativas, há muitíssimos silêncios e muitíssimas perguntas sem responder.
Sabemos que Scórpio é história autobiográfica. Como o autor, o protagonista vive a sua infância em Ferrol; como o autor, o protagonista estuda Filosofia e letras em Santiago. Porém, até que ponto Rafael Martínez é o alter ego de Carvalho Calero?
Num romance em que muitas das personagens tenhem voz, no qual muitas das personagens som vozes narrativas, há muitíssimos silêncios e muitíssimas perguntas sem responder.
Sabemos que Scórpio é história autobiográfica. Como o autor, o protagonista vive a sua infância em Ferrol; como o autor, o protagonista estuda Filosofia e letras em Santiago. Porém, até que ponto Rafael Martínez é o alter ego de Carvalho Calero?
Sabemos que Carvalho foi um homem bem-parecido e elegante (de facto, conservou a elegância até a sua velhez). Sabemos que gostava da beleza feminina, à qual dedicou-lhe inumeráveis poemas, mas nom parece que o professor tivesse tempo para tantas paixons como as que vive o seu protagonista.
Até que ponto os silêncios de Rafael som os silêncios do próprio Carvalho? Até que ponto o escritor quijo refletir o seu estoicismo, a sua discreçom e a sua elegância quando evitava o enfrentamento com aqueles que nom o respeitárom.
Até que ponto Carvalho nos mostra o Rafael como alguém que, por querer agradar, por nom saber dizer que nom, vai deixando infinidade de enganos e pesares no seu caminho, ainda que também muitas reminiscências de doçura e de embriaguez?
Som muitas as perguntas que tenho sobre Scórpio, som muitas as perguntas que tenho sobre Rafael, mas Carvalho nom está aqui para respondê-las.
Descobriria o professor o seu protagonista, se o interrogássemos ao seu respeito. Nom seria acaso como deixar nua a sua própria alma?
É por isso que cada um de nós imaginaremos o protagonista segundo os nossos critérios.
O meu Rafael vê-se empurrado polas circunstâncias e tem tanto estoicismo, tanta introspeçom, como pouca vontade para dizer que nom.
Mas isso ocorre-me a mim, porque -como alguns dizem por aí- adoeço de “bondade”.