Os jovens e a Lusofonia

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A Lusofonia é construída todos os dias e nessa construção diária é necessária uma verdadeira afirmação e uma participação plena dos e das jovens de fala portuguesa. Hoje em dia, existe uma distância considerável entre os jovens e este espaço comum.

Porquê é necessário um maior envolvimento dos jovens na construção do espaço lusófono? Os jovens olham para a língua como uma oportunidade, como uma abertura de portas, e não como um instrumento de controlo, com certos preconceitos históricos, ainda. São menos suscetíveis a estes preconceitos ou à criação de barreiras artificiais que só prejudicam uma comunicação saudável.

Os jovens dos territórios de fala portuguesa são a força necessária para promover, impulsionar e pressionar as entidades competentes para a implementação de políticas direcionadas exclusivamente para a juventude lusófona. A criação e o trabalho da JUPLP – Juventude Unida dos Países de Língua Portuguesa vai nesse sentido: defender uma lusofonia inclusiva e representativa de todos os territórios lusófonos e promover a conexão entre os jovens.

Precisamos fazer da Lusofonia um fator identitário para os jovens destes territórios obterem um sentimento de pertença, mas como podemos fazer este processo? É necessário criar processos de enraizamento com programas comuns de intercâmbio, trocas de informação e conhecimento contínuas e recorrentes, promover eventos culturais que tenham como objetivo a absorção de conhecimento, criar espaços de diálogo abertos e inclusivos, trabalhar as redes sociais como um dos canais primordiais de contacto com os jovens, entre outros: tudo sob o chapéu da língua comum. No entanto, já existem alguns programas no espaço lusófono que poderiam ajudar este processo, mas porquê os jovens não se identificam ainda com a Lusofonia? Falta que este processo propositivo seja também trabalhado, pensado e até que surja dos jovens lusófonos para os jovens lusófonos, equilibrando também estes intercâmbios que hoje em dia, praticamente, são unidirecionais.

Falta que este processo propositivo seja também trabalhado, pensado e até que surja dos jovens lusófonos para os jovens lusófonos, equilibrando também estes intercâmbios que hoje em dia, praticamente, são unidirecionais.

Ninguém melhor que os jovens para conhecer as necessidades dos jovens. Ramos-Horta, atual Presidente da República Democrática de Timor-Leste e Nobel da Paz, em dezembro de 2021 sugeriu uma medida que poderia ajudar a criar um sentimento de pertença entre os jovens dos territórios lusófonos: um canal de televisão online direcionado para os jovens. Na Galiza, quem passou pela geração “Xabarín Club” sabe do poder que pode ter um projeto como este porque fez com que milhares de crianças e jovens galegos assistissem a desenhos animados na sua língua.

Existem também algumas estruturas que tentam/tentaram trabalhar em prol da juventude lusófona, com resultados positivos e negativos. O Fórum da Juventude da CPLP poderia ser um bom instrumento neste processo de pertença, mas para além de ser pouco representativo do espaço lusófono, não é aberto e não tem uma atividade regular, inclusive, o seu site oficial não tem nova informação desde o ano 2020.

O problema destas estruturas é a dificuldade em criar canais de comunicação e contacto contínuo entre os jovens, mas para isso é necessário ir até eles. É isso que a JUPLP tem feito com as iniciativas Conexões: Coimbra, Cidade da Praia, Porto, Vigo, e agora estão-se a preparar Conexões no Brasil e em Moçambique.

Nestas rodas de conversa, onde participaram dezenas de jovens de diferentes nacionalidades, debate-se, discute-se e tiram-se conclusões da Lusofonia com base na solidariedade entre os povos, o respeito pelas diferentes culturas e a integração como pilar fundamental do movimento.

Na maior parte dos territórios de fala portuguesa, os jovens constituem-se como uma maioria demográfica, é necessário saber aproveitar este facto. Na JUPLP lutamos para que a juventude seja o presente, também, da Lusofonia.