Brasil: Lusofonia condena invasão aos Três Poderes

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Praticamente todos os líderes dos países lusófonos condenaram o ataque às instituições públicas brasileiras no dia 8 de janeiro. Não encontramos declarações por parte de Alfonso Rueda, presidente do Governo da Galiza.

O Presidente da República de Angola, João Lourenço, condenou a manifestação ocorrida em Brasília. Referiu: “Consideramos estas manifestações lamentáveis e reveladoras de um elevado grau de intolerância não compatível com as regras do jogo democrático, em que os resultados legitimados pelo voto popular devem ser reconhecidos e aceites por todos”.

Para João Lourenço, as eleições presidenciais brasileiras de 2022 foram reconhecidas mundialmente como livres, justas e transparentes, não fazendo assim qualquer sentido as reivindicações atuais.

De Cabo Verde, por parte do Presidente da República, José Maria Neves, também existiu uma condenação dos “atos violentos antidemocráticos” ocorridos no Brasil. Apontou que “acompanho com enorme preocupação os acontecimentos em Brasília, condeno veemente os atos violentos antidemocráticos e manifesto a minha solidariedade e apoio ao Presidente Lula da Silva e às autoridades legítimas da República Federativa do Brasil”, escreveu na rede social Facebook.

O presidente da Guiné-Bissau criticou os ataques e vandalismo às sedes do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto do Brasil por parte dos apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Umaro Sissoco Embaló, na página oficial da Presidência guineense, apelou ao respeito pela democracia e pelas instituições que “simbolizam a democracia”. “É com preocupação que acompanhamos os acontecimentos no Brasil. Condenamos o uso da violência contra a Presidência do Brasil, o Congresso e o Supremo Tribunal”, escreveu.

Por parte de Portugal, António Costa, primeiro-ministro português, informou que falou com o presidente Lula da Silva, a quem lhe expressou solidariedade e reiterou a condenação dos atos violentos em Brasília. “O Governo português condena as ações de violência e desordem que tiveram lugar em Brasília, reiterando o seu apoio inequívoco às autoridades brasileiras na reposição da ordem e da legalidade”, leu-se num comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova, disse que acompanhou com “grande preocupação as ações de violência e vandalismo” e condenou as invasões das instituições democráticas. “Foi com grande preocupação que acompanhei as ações de violência e vandalismo ocorridas em Brasília. Repudio com veemência as invasões perpetradas contra as instituições democráticas em Brasília, e condeno todos os atos que possam comprometer a vontade soberana do povo e consequentemente o Estado de Direito democrático”, salientou Carlos Vila Nova.

José Ramos-Horta foi outro dos líderes lusófonos que se manifestou contra a invasão aos Três Poderes. “Foi com profunda consternação que recebi as informações vindas do Brasil sobre este assalto às instituições democráticas brasileiras, num verdadeiro ato de vandalismo e barbárie, depois da grande cerimónia de 1 de janeiro que decorreu totalmente paficicamente”, disse.

Referiu ainda que “o que aconteceu e está a acontecer no Brasil é «copy paste» do que foi instigado em Washington pelo então Presidente Donald Trump, com o assalto de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio”.

Filipe Nyusi, Presidente da República de Moçambique, exprimiu a sua “total solidariedade para com o Povo irmão do Brasil, formulando votos sinceros de que o momento tempestuoso seja rapidamente superado, permitindo que o país prossiga firmemente com a sua agenda de desenvolvimento e convivência harmoniosa interna e no concerto das nações”.

As ondas de choque do episódio acontecido em Brasília também chegaram à Região Administrativa Especial de Macau. A vice-presidente da Casa do Brasil de Macau, Carla Fellini, disse que “acordar e ver que tudo isso aconteceu é triste”, em declarações ao PONTO FINAL acrescentou que “eu realmente fiquei muito surpresa com a situação no Brasil. Foi inesperado”. Por sua vez, explicou que “ao mesmo tempo, temos de pensar que o povo brasileiro está dividido. Foi uma manifestação do povo, não de forças contrárias, mas de forças que não querem o Governo atual”. Carla Fellini ainda refutou que as manifestações tivessem ligadas ao ex-presidente Bolsonaro, mesmo que os manifestantes tivessem entrado nos Três Poderes com faixas e bandeiras alusivas ao ex-presidente.

Faltou-nos encontrar declarações de Alfonso Rueda, presidente da Xunta da Galiza, e do Governo galego que não se manifestaram nem a favor nem contra as invasões ocorridas nos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.