O galego já está no Parlamento Europeu

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Que galego e português são a mesma língua é uma evidência filológica. Que aprendendo a Língua Comum na Galiza sabemos mais da nossa variante é uma evidência sociolinguística. Que a variante internacional abre a economia e os relacionamentos com 400 milhões no mundo, é mais outra evidência. Porém, trinta anos atrás dividiram em duas a carreira de Filologia Galego-Portuguesa.

A questão da língua na Galiza é de natureza política. Igual que em Euskal Herria e nos Països Catalans, mas o conflito aqui é diferente. Nós temos já um Estado independente na Europa que mantém a nossa língua em boas condições nas instituições europeias e em toda a parte. Não nos ajuda a proposta do Ministério do Exterior espanhol. Nos casos basco e catalão a luta é outra, eles precisam desse reconhecimento para fortalecer as línguas deles. É legítimo. Mas a mesma medida não serve em situações diferentes.

O galego de Portugal já é oficial no Parlamento Europeu. As deputadas que se expressam em galego em Bruxelas são automática e oficialmente traduzidas pela cabine portuguesa para todas as outras línguas oficiais. A língua galega já tinha espaço na Europa muito antes de o vir a ter no Parlamento espanhol.

O galego de Portugal já é oficial no Parlamento Europeu. As deputadas que se expressam em galego em Bruxelas são automática e oficialmente traduzidas pela cabine portuguesa para todas as outras línguas oficiais. A língua galega já tinha espaço na Europa muito antes de o vir a ter no Parlamento espanhol.

Para Galiza e Portugal, a oficialização no Parlamento Europeu duma forma diferente de galego fora da que já é oficial, é uma medida péssima que atenta contra a unidade da língua, contra a visão dessa unidade como piar fundamental para o futuro do povo galego e como instrumento eficaz de comunicação. Também Portugal perde um reconhecimento na Europa. Com a divisão da língua perdemos tod@s e ganha Espanha.

Vivemos cercadas 24/7 por meios espanhóis a soprarem o seu castelhano como o lobo do conto dos três porquinhos. Lembremos, a primeira casa era feita de palha e a segunda, de madeira. O lobo soprou e soprou até derrubar as duas casas. E os porquinhos fugiram para a casa do irmão mais velho que tinha construído a mais resistente, a melhor feita, a mais firme. Assim foi que se salvaram do lobo.

A recente construção do galego separado do português é uma casa de palha. Chega o artigo 3 da Constituição Espanhola, chegam as leis ditas “educativas”, os chamados meios de “comunicação”, a máquina judiciária, os interesses particulares, que sempre tem por toda a parte, e a casa de palha esvai-se no sopro. Se os irmãos porquinhos que construíram a Casa do galego nos últimos quarenta anos tivessem sido mais inteligentes, se tivessem construído uma Casa única, em mão comum com Portugal, agora esta medida não nos afastaria do irmão com a casa mais firme. Com ela ficamos separados, à mercê do lobo espanhol.

E ainda haverá incautos a acharem que assim o galego terá visibilidade na Europa, ignorando que já a tinha. Como aqueles que acham que os partidos da esquerda vão melhor separados nas eleições. Como quem prefere não se enfrentar ao chefe antes do que se sindicar. Como quem busca favores deixando de lado o que é legítimo. Até no Parlamento Europeu os partidos devem adscrever-se a um grupo parlamentar maior do que eles.

O próximo 19 de setembro o Conselho da União Europeia irá tratar em reunião a incorporação do éuscaro, do catalão e do “galego ILG-RAG”, ou “galego con eÑe” entre as línguas oficiais das instituições comunitárias. Para as duas primeiras línguas, nunca reconhecidas na Europa, essa será uma vitória feliz. Para a nossa, será um passo mais no caminho da extinção. A oficialização de duas formas de Galego, que pertencem a territórios de diferentes Estados membros, fomentará a falsa ideia de que galego e português não são a mesma língua.

O próximo 19 de setembro o Conselho da União Europeia irá tratar em reunião a incorporação do éuscaro, do catalão e do “galego ILG-RAG”, ou “galego con eÑe” entre as línguas oficiais das instituições comunitárias. Para as duas primeiras línguas, nunca reconhecidas na Europa, essa será uma vitória feliz. Para a nossa, será um passo mais no caminho da extinção.

Assim, a divisão fortalecerá o já poderoso sopro espanhol. Entre as crianças que já não aprendem galego, a política linguicida dum PP(Vox) desatado e com a língua reduzida a bastante menos de 2,7 milhões de pessoas da Comunidad Autónoma de Galicia, a nossa extinção é só questão de tempo.