O #FerrerasGate na TVG

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Na passada sexta-feira, dia 22 de julho de 2022, a TVG publicou na web do seu programa “Digocho eu” um vídeo fake em que explicava que a letra ñ é genuína galega e que o dígrafo nh nunca foi uma grafia galega histórica. O vídeo apoiava-se para estas afirmações numa transcrição moderna do documento medieval intitulado Foro do bom burgo de Castro Caldelas, datado ca. 1228, querendo fazer passar a transcrição moderna por uma prova do que diz o documento original.

Quando o vídeo fake foi divulgado na rede social Twitter (@DigochoEuTVG), a resposta d@s usuári@s foi contundente, demonstrando com as fontes originais que a informação dada era falsa. O que demonstra que o programa não realizou bem a sua tarefa jornalística ou, no pior dos casos, emitiu de propósito uma mentira.

Assim, o usuário Abraão d’Orraca mostrava o manuscrito original mencionado no vídeo da TVG, onde se comprova que não é certo o uso da letra “ñ”:

A imagem completa no tuíte anterior com os três exemplos no original, onde se vê que em nenhum caso se usa a letra “ñ”:

Mais usuári@s reagiram ao vídeo fake, aduzindo outras fontes e argumentos próprios do estudo histórico das línguas:

A questão de fundo é o uso da mentira para defender a falsa “galeguidade” do ñ. Faltou fidelidade ao original na transcrição moderna e honradez na redação da notícia. Na defesa da nossa língua tudo soma. Tudo, menos a mentira. As pessoas temos direito a receber uma informação veraz e as jornalistas a realizar o seu trabalho com dignidade.
Não queremos #FerrerasGate na Galiza.
Por último, assinalar que a letra castelhana ñ só adquiriu entidade ortogramatical quando foi incluída na primeira gramática dessa língua por António de Lebrixa em 1492, e não foi até 1803 que entrou pela primeira vez nos dicionários de Castelhano.

[Esta notícia foi elaborada por Isabel Rei Samartim e Abraham Herrero Menor]