Falso amigo: colégio

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Está na hora de regressarmos às aulas, com todos os traumas que isso supõe para algumas pessoas.
Em criança nunca gostava da pergunta aquela “e quando começas as aulas?”, vinha sempre da boca de uma pessoa adulta, talvez cansada de me aguentar, e parecia quase uma ameaça.
A vida adulta levou-me a ser professora, portanto, ainda não deixei de ouvir a mesma pergunta nestas datas. O “e quando é que começas as aulas?” é agora num tom de “quando deixas já de estar de férias, pelo amor de Deus? quantas férias é que pode ter uma professora?”
Este regresso às aulas, contudo, vai ser o mais especial da minha vida. Começo um novo caminho como professora de português no ensino secundário na Galiza. Não pode ser um mal começo, de tão desejado que ele é.
Quero dizer-vos com isto que o meu orgulho é trabalhar no ensino público, numa escola. Todo o meu percurso académico foi sempre em instituições públicas: escola primária, escola secundária, universidade pública. Agora vejo a escrivaninha do outro lado, sem ninguém fardado.
Então, olho aí quando dizem que os vossos filhos “voltam ao cole”. Não acho que os colégios na Galiza tenham assim tanta inscrição. Não será que “regressam às aulas” às aulas de uma escola?

Então, olho aí quando dizem que os vossos filhos “voltam ao cole”. Não acho que os colégios na Galiza tenham assim tanta inscrição. Não será que “regressam às aulas” às aulas de uma escola?

Um colégio é em Portugal um estabelecimento de ensino particular, normalmente privado. Alguns deles pertencem a ordens religiosas ou militares. Podem até funcionar como internatos.

Não sei se alguma das pessoas que me lê viu alguma vez os Morangos com Açúcar. Até onde eu sei, há pouco passavam a série na TVG, ainda continua? Se alguma das pessoas sabe de que estou a falar, o Colégio da Barra vai vir logo à tona. O episódio do incêndio foi um grande drama à altura desta novela.
Já repararam em que na maioria das séries ambientadas no mundo escolar o cenário é sempre um colégio e não uma escola? O mundo da classe média não é assim válido para a ficção?

[Este artigo foi publicado originariamente no blogue Lusopatia]