Após o esplendor do lobo no universo mitológico da Gallaecia Germanica, tempo dos ouveios suevos, o canis lupus entrou em franca decadência simbólica, tornando-se o emblema por excelência do anti-cristao, assunto estudado com muito detalhe por Xosé Ramón Mariño Ferro, quem também abordou com rigor o fenómeno da licantropia no seu contexto cultural a propósito do folklore e do acontecido com Manuel(a) Romasanta Iglesias, espetacular caso histórico em que umha pessoa assumiu, encarnando-o, o mito do lobisome. É neste contexto de cristianizaçom e perseguiçom brutal de todo rasto de paganismo que o território galego se foi inçando de topónimos e microtopónimos que testemunham a grande caçada ritual ou guerra santa à que foi submetido este animal tam importante na mitologia germánica e que, no plano estritamente material, também era umha ameaça concreta e real num país entom conformado por pequenas aldeias rodeadas de espesas massas boscosas que simbolizavam, segundo insistia Jacques Le Goff, o mal.
Neste sentido despaganizador, os primeiros santos cristaos foram, nom por acaso, célebres dominadores dos lobos, metafora da conversom ao cristianismo dos antigos pagaos. O Sam Froilám de Lugo, que segundo a tradiçom nasceu mais abaixo da Porta Minhá, no Regueiro dos Hortos, contava para a sua incansável tarefa evangelizadora com a ajuda dum burro que carregava com os seus enseres, até o dia em que um lovo lho matou e comeu. Sem asustar-se, o santo apanhou as alforjas do chao e cangou-lhas no lombo, amansando o lobo ao momento e convertindo-o, desde entom, em fiel companheiro e ajudante seu. Este tipo de histórias e milagres abundam nas tradiçons hagiográficas dos primeiros séculos da Igreja, especialmente na área céltica da Galiza, Irlanda, Cornualha ou Gales. “Cuando se dice de algunos santos celtas que domesticaron lobos”, – explica Caridad Arias – “probablemente se pretendía, en principio, dejar claro que sus poderes no eran, en nada, inferiores a los de sus rivales paganos, maestros en estas artes, pero la razón principal estaba en la identificación, más o menos consciente, des santo con alguna divinidad”1. A domesticaçom sobrenatural de animais é, pois, um tópico das mitologias europeias pré-cristás; o próprio mago Merlim ou Mirddin tinha um lobo manso como o dos santos Froilám, Tatheo (ou Tadeo), Rumon, Necta e outros2. O Sam Romám irlandês adentrou-se até o bosque de Nemet, em Cornouaille, protegendo a vizinhança dos lobos; do Sam Cosme de Galgao dizia-se, segundo recolhe Cunqueiro, “que es tan medicinal que hasta cura la rabia de los lobos”, e Sam Gonçalo “les ponía yendo de niño al bosque, haces de secas ramas al lomo, y los lobos lo seguían”3. Nesta nómina destaca, naturalmente, o episódio do encontro dos discípulos do Santiago Apóstolo, quando carrejavam os seus restos a Compostela, com a nossa indígena, matriarcal e pagá raínha Lupa – isto é, raínha Loba-, saíndo vencedor os primeiros e domesticada a segunda. Ainda, o mais famoso de todos os peregrinos compostelanos, o fraticello Francisco de Assis, foi um outros famoso domesticador do “irmao lobo”. O epíteto de Matalobos como signo de grande poder transladouse à botánica, onde a planta desse nome é considerada como umha das mais velenosas da Europa; e também à onomástica pessoal, nom faltando na Galiza o apelido Matalobos que levou, por exemplo, o ex-preso independentista José Manuel Matalobos Rebolo, para além dumha saga de narcotraficantes de ficçom.
Neste contexto de obsessom lupina nom se pode deixar de mencionar o impacto simbólico que logrou o grande naturalista Félix Rodríguez de la Fuente – quem aparece na microtoponímia urbana ordense dando nome ao primeiro parque da vila – na famosa cena do seu programa de televisom em que umha manada de lobos selvagens vam correndo cara ele e, em vez do aguardado ataque, o enchem de alouminhos e afagos.
Em paralelo a esta domesticaçom simbólica do lobo pagao, as instituiçons eclessiásticas medievais dispugeram ordens para continuar a sua zoopolítica da guerra santa ao lobo no plano material, organizando caçadas periódicas, que iam muito para além das campaínhas que os legos bernardos da abadia de Meira colocavam estrategicamente para escorrentá-los4. Em 1113 escreve-se o De lupis exagitandis, cánone XX dos foros redigidos para toda a Terra do Arcebispado de Santiago, que abrangia a atual comarca de Ordes, onde se exortava à participaçom dos vizinhos de todas as paróquias nas caçadas comunais do lobo:
“Todos os sábados, a exceçom dos de Páscoa e Pentecostês, os Presbíteros, Cavaleiros e camponeses que nom estejam legitimamente ocupados, reunirám-se para perseguirem os lobos e preparar-lhes as trampas que vulgarmente se chamam fogios. Cada freguesia apresentará sete canas ou chuços de ferro. O que se retrassar em acudir à montaria, se é sacerdote (a nom ser que estiver ocupado visitando doentes), ou cavaleiro, pagará cinco soldos, e se é camponês umha ovelha ou um soldo”5.
Em vista de que as sançons prescritas para os que faltassem ao dever comunitário deveram dar pé a notáveis abussos, em 1326 o Arcebispo Berenguel publicou um novo Ordenamento para corrigir o afám recaudatório destas multas. O documento, muito mais rico do que o anterior, dá conta de como se organizavam as batidas dos lobos, qual era o papel do vigairo, ou como, de todas as maneiras, nom se retirariam tampouco completamente as multas à gente que nom ajudasse da perseguiçom do lobo “sse non escusaren liidimamente; porque a morte dos dictos lobos he nossa gran prol e comunalmente de cada terra”6.
Fai-se necessária umha etnografia da perseguiçom do lobo na comarca, pois em outros lugares ainda pervive na memória coletiva. Na Valadouro, por exemplo, a chamada “foleada de matar o lobo” ainda é recordada com saudades polos velhos como umha festa de solidariedade e alegria7. Outro exemplo espetacular de ritual de solidariedade e confederalismo parroquial era o que se levava a cabo, até há poucas décadas, no monte comunal do Armadoiro, do que também dá detalhes Vázquez Varela: ali, num dos domingos fixados no ano, cada casa levava em carros de vacas a rede de linho que custodiava no seu lar até o Armadoiro. Ali juntavam-se os pedaços de rede de cada casa e armavam-nas entre ellas sobre umha série de estacas cortas, conformando umha “rede do lobo” colocada em horizontal, símbolo por sua vez do poder da uniom entre as casas e as paróquias – e de facto, no lugar do Armadoiro convergem os limites de várias paróquias. Umha vez instalada a rede, batiam por volta de setenta quilómetros quadrados, começando a batida a gente das paróquias mais afastadas: Oirós, Galegos, Rodis, Cércio, Cancelas, Selho, Santiso, Nozeda, Losom e Bodanho. Como numha chocalhada – o ritual por excelência de sançom moral tradicional – a vizinhança armava ruído com caldeiros e paus, encaminhando o lobo cara às paróquias mais próximas do monte do Armadoiro, onde davam o relevo as gentes do Val, Bermês, Meíjome, Santadrao, Asorei, Camposancos e Celho, guiando finalmente o lobo até o seu fim. Quando este ficava atrapado na grande rede confederal, rematavam-no con chuços8.
Como se vê esta perseguiçom do lobo realizava-se a partir de toda umha infraestrutura de guerra – cuja construçom e cuidado dependia das assembleias de vizinhos, que mesmo escolhiam para o dia da caçada um “Capitám dos Lobos” – consistente em fojos e outras trampas, distribuídas freguesia a freguesia por todo o território, que deixaram um grande impato na toponímia e, sobretudo, microtoponímia. No caso da Terra de Ordes, contam-se: dous lugares da Armada (um en Vila Maior e outro em Marçoa), a aldeia do Pau do Lobo (Queijas), e os microtopónimos Montes do Fojo (Ardemil), dous terrenos chamados o Fojo (em Marçoa e Castelo) e mesmo um Moínho do Fojo no linde de Deixebre.
Umha das hipóteses para o topónimo Armada é que faga alusom a umhas pedras “armadas” ou colocadas, isto é, a um dólmen ou outro tipo de monumento megalítico, como aponta Cabeza Quiles para o indubitável caso do Cham da Armada9, no Morraço, e outros semelhantes com evidências arqueológicas que o respaldam10.
A outra opçom é que com a palabra Armada se esteja a denominar umha trampa de caça, às vezes composta por umha armaçom de paus (que em castelhano chamam armadijo), e que pode ser a explicaçom do Pau do Lobo de Queijas. No Livro de Montaria de Dom João I de Portugal, as armadas venhem descritas detalhadamente como o que hoje os caçadores chamam “esperas”, e que segundo Juan Uría Ríu explicam estes topónimos Armada tam frequentes na Galiza e as Astúrias. Também Afonso XI, no seu Libro de la Montería, cita numerosas armadas nos bosques em que caçava e fala de como se caçava com ellas no capítulo III. J. P. Machado, por sua parte, recolhe um documento do ano 1130 em que se lê “et deinde ad fuggium de armada”. Tacón da Armada, por certo, foi a grande estrela do futebol de Vila Maior da década dos noventa, chegando a fichar polas categorias inferiores da S.D. Compostela.
Há rasto microtoponímico destes fojos medievais para caçar lobos – ou, talvez, algum indique somentes um fojo natural – em Ardemil, nos chamados Montes do Fojo, perto do Seixo; nos dous terrenos conhecidos como o Fojo em Marçoa e Castelo, e no Moinho do Fojo, que sobre o mapa parece estar dentro dos lindes de Deixebre. Se bem se conservam algumhas paredes dos fojos, de grande longitude e espetaculares, como os da Serra do Suído, normalmente a pedra dos mesmos foi reutilizada para a construçom de casas, nom ficando restos arqueológicos dos mesmos que, aliás, também se podiam fazer como valados de árvores e matos entrelaçados. No caso de Marçoa o topónimo, referido a um lugarinho, desdobra-se no nome das terras que estám ao seu Sul: as Chousas da Armada; ainda, o possível significado referido à trampa para os lobos reforçaria-se noutro microtopónimo das terras que estám ainda mais ao Sul das Chousas da Armada: o Fojo. Completando esta geografia marçoá do lobo, o ponto mais alto desta paróquia – com umha medorra do mesmo nome – chama-se precisamente Coto do Lobo, a 349 metros de altura, e tem a funçom simbólica de linde paroquial com Pereira.
Para o caso do Pao do Lobo de Queijas, perto da Abelheira, a etnografia poderia dar um outro sentido: em terras da Raia Seca existe a crença de que a caveira do lobo protege as colmeias se se crava num pau perto do tobo11. Quanto ao frequente na Galiza e Portugal topónimo da Abelheira, Almeida aponta que:
“a palabra era um adjetivo na origem, e o problema está em descobrir o substantivo, isto é, o objecto mais comum. Creio ser “pedra”, isto é, em expressão plena, “pedra abelheira” 1258 […], com enxame ou sem ele; talvez não enxame, por ser temporário e não poder, pois garantir o topónimo, pelo que tratar-se-à de expressão metafórica para uma caraterística da rocha”12.
Ainda, haveria que ver se a Cortelha de Cerzeda pudo ter o mesmo uso que o Cortelho dos Lobos de Lubiám. Deste topónimo, também frequente em Portugal, di Almeida junto com os do tipo Corte ou Cortes, também frequentes, que há que discernir os referidos ao prédio onde se criam animais domêsticos (ou, como vemos, onde se caçam os selvagens) dos que aludem a um terreno lavrado13. Também cabe a hipótese de que algum dos topónimos ordenses derivados da palabra corral, que veremos à parte, se corresponda com um medieval “corral dos lobos”, como é o Curralom dos Lobos que há em Suárbol e a Valouta.
… e a vingança dos Lopes
Recentemente tivo grande repercussom mediática a negativa dum funcionário estatal de registrar umha criança espanhola com o formoso nome de Lobo, aduzindo que com esse antropónimo os pais nom estavam a respeitarem a legislaçom vigente, que protege as crianças de nomes pejorativos. O poder sempre teimou em controlar os nomes pessoais. Com o franquismo nom só se rematou de maneira violenta com os nomes (e as pessoas) que expressavam a esperança num mundo melhor, do estilo das muitas nenas que se chamavam Liberdade, senom que também se proibiram os nomes galegos, bascos e cataláns. Muitas ordenses recordarám a luita de dessobediência civil que resultou da firme decissom de Johan Cruyff, entom jogador do Barcelona F.C., de registrar o seu filho com on ome de Jordi. Na Galiza devemos muito ao Padre Seixas a recuperaçom dos nomes tradicionais galegos, pois este incombustível da causa galega (de neno figeram parte do excursionismo independentista dos Ultreia, e de jovem estivo com a teologia da libertaçom em América Latina, antes de participar em Vigo do movimento nacional-popular e obreiro) publicara um livro referencial para que as nais e pais pudessem escolher nomes galegos para as suas crianças.
Já num dos Sínodos de Ourense dos anos 1543 e 1544 se impunha umha onomástica aos baptizados que se cingisse exclusivamente aos “nombres de los sanctos e sanctas que están en el cielo”14 e, apesar disso, os antropónimos germánicos com referências ao lovo continuárom até há mui pouco tempo, tendo passado de modo há só umhas poucas décadas, e sobrevivendo os do tipo Adolfo ou Rodolfo. Porém, como sinala Cabeza Quiles “o antropónimo Ataúlfo que, evidentemente, non representa a santa ou santo ningún dos que están no ceo, base do topónimo Adoufe, aparece con profusión nos documentos medievais, dando nome mesmo a relevantes eclesiásticos, caso de Adaúlfo II, antigo bispo de Iria e Compostela no século IX, ou dunha testemuña dun documento do ano 992 chamado Adulfus”15.
Além dos germanismos com os -uf ou ulfe, há que destacar a permanente presença do lobo na forma medieval Lopo, que se bem hoje é mui pouco frequente, o seu patronímico López ou Lopes, isto é, “filho de Lopo”, debe de ser um dos apelidos mais comuns do país, sem que nengum fojo onomástico fosse capaz de dar – lhe remate.
Dos Lopes da comarca de Ordes, há uns quantos a recordar. Som os nossos sobreviventes da longa perseguiçom:
José López Garaboa, vizinho da Castinheira de Leira que foi o Presidente da Sociedade Agraria “Amor y Fraternidad Proletaria” de Leira, concelheiro pola Izquierda Republicana no governo da Frente Popular de Ordes16.
Ramón del Río López, labrego galeguista de Ordes, encarcerado polos franquistas17.
Andrés Gómez López, tesoureiro da Sociedad La Defensa del Agro de Ardemil18.
Manuel Gómez López, vogal da Sociedad Agraria de la Parroquia de Barbeiros.19
Xosé López, vogal do Partido Galeguista de Traço.20
Xosé López Iglesias, contador do Partido Galeguista de Traço. 21
Manuel Rey López, tesoureiro do Partido Galeguista de Traço. 22
Andrés Vascoy López, vicepresidente da Sociedad Agraria de Buscás. 23
Referências
1Caridad Arias, 1999, pp. 221-222. A famosa bandoleira Pepa a Loba também atingiria a sua sona, segundo a lenda, após ter vencido um lobo de nena.
2Sobre estes lobos servidores de santos “celtas”, Caridad Arias manda ver: H. Idris Bell, Vita Sancti Tathei and Buched Seint, Bangor, 1909; P. Grosjean, Vie de saint Rumon; Vida, intervención y milagros de S. Nectan, etc.
3Álvaro Cunqueiro, “Los lobos”, El Correo Gallego, 30/10/1954.
4Ibidem.
5Antonio López Ferreiro, Fueros municipales de Santiago y de su tierra, Madrid, Ediciones Castilla, 1975, (de. Original de 1895), p. 160.
6“Sabeam todos, que por quanto a nos dom frey Beringel da Orden dos Preegadores por la gracia de Deus arcibispo de Santiago, Capellan Mayor del Rey e Chanceller e notario mayor do reyno de Leon, por grandes querelas e por gran chamor pervereo [tumulto] que se fazian ennas friigyesías do noso arcibispado, grandes deguysados, iniurias et excessoes per aquelles que tirauan et leuauan as penas das friigesías, que non tomaban os lobos ou a camada delles leuando mayas que deuian et agraueando as gentes en como non deuian; porende nos querendo y poer Remedio, ordinamos et mandamos que enna frigesía que ouver XV friigeses ou mays poucos, se non tomaren lobo ou loba ou camada delles, ou non correren cada domaa [semana] con elles sen enganno segundo que e de costume des o primeyro sabado de quaresma ata dia de Sam Joham de Juyo, ou non fezeren o ffogio que pagen X mrs. [maravedis]. Et a friigesía en que ouver des XV frigeses acima ata XX frigeses ou mays, que pagen XVIII mrs., se as ditas cousas non compriren.
Et mandamos que os clerigos dos yglesias, se foren tam vellos nom posam yr, que enuyen outro por sy, e outros clerigos, que non foren embargados para dizer officio e oyr as confessoes dos doentes ou para cantar missas, que vaan con los ditos friigeses.
Et sse nas friigesias ouuer fillos dalgo, que de nos non tenan terra, que vaan aa dita caça dos dictos lobos. Et se os ditos clerigos y non foren como dito e, queremos que paguen cada un que y non for, X mrs. Para a obra de Santiago. E esta meesma pena dizemos e poemos aos dictos fillosdalgo que alo non foren por sy ou por outros.
E queremos que aquelles que estas penas levarem seiam tiudos de creer e ao curado da yglesia por sua jura se os dictos friigeses ou sardeyros caeron na dicta pena, ou non.
Et e ntodo home, tam ben da nossa casa, como doutros qualquer, que seia pertigeyro, quer outro home que por las dictas cousas mays levar que a dicta pena, en este presente scripto poemos sentença descomoyon e mays que seia tuido de pagar o dobro a aquel lde que o levar. E se o dicto clerigo curado souber que alguen mays levar por la dicta Razón que a dicta pena, e o a nos non veer dizer ou a nosso vigairo, que do dia que o souper ata XV dias que seia teudo de pagar o dobro da quantía que assy he levada como non deue.
E se por ventura aquecer, o que Deus non queyra, que porque esta pena he pequena ou por outra maneyra qualquer os friigeses sobredictos non foren a correr cada domaa no dicto tempo e a comprir as dictas cousas, mandamos a aquelles que as dictas penas levarem que os emprazem por ante nos por pessoa, e nos levaremos deles o dobro das dictas penas, e procederemos contra elles en outra maneyra mays dura, sse sse non escusaren liidimamente; porque a morte dos dictos lobos he nossa gran prol e comunalmente de cada terra.
Demays queremos e mandamos que a friigesia que der a camada dos lobos ou lobo, que non seia tiuda de levar ende carta nen pagar diñeyro por ella.
Item mandamos que nehua friigesia non de lobo a outra friigesia. E se o fezeren cayam na dicta pena.
Et que esto seia certo e non uena en dulta, mandamos ende fazer esta nossa carta aberta e seellada de nosso seelo nas costas.
Dada en Rochaforte, XXIII dias de Juyo, Era MCCCLXIIII”.
Tombo C da Catedral de Santaigo, fol. 288. Em: Antonio López Ferreiro, Fueros municipales de Santiago y de su tierra, Madrid, Ediciones Castilla, 1975, (de. Original de 1895), pp. 398-399.
7José Manuel Vázquez Varela, “Cazadores de hoy y de ayer: la lógica de la caza”, Etnoarqueología: Conocer el pasado por medio del presente, Ponte Vedra, Deputación Provincial, 2000, pp. 85-110, p. 99.
8Ibidem, pp. 98-100.
9Cabeza Quiles, 2000, p. 17-18 e 2008, p. 47. Sobre este dólmes: A. J. De la Peña Santos & A.A. Rodríguez Casal, “Estudios de los materiales conservados de tres sepulturas megalíticas (península de Morrazo, Pontevedra)”, Gallaecia, 2. p. 61.
10Também as Mámoas do Armadoiro, no Barbança, ou os dous montes Pena Armada, um em Carvalhido (Fonsagrada) e outro em Paradela (Toques).
11José Rodríguez Cruz & António Lourenço Fontes, Mitos, crenzas e costumes da Raia Seca. A máxica fronteira Galego-Portuguesa, Vigo, Ir Indo, 2004, p. 107.
12 Almeida, 1999, pp. 9-10.
13Almeida, 1999, p. 213.
14Antonio García y García (dir.), Synodicum hispanum, vol. 1, Madrid, Biblioteca de Autores Cristianos, 1981, p. 153.
15Cabeza Quiles, 2000, p. 12.
16“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provincia con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932” e Pazos Gómez 2001, p. 16.
17Ermida Meilán, 2016, p. 213.
18“Relación de sociedades de carácter obrero constituidas en esta provincia con arreglo a la ley de 8 de abril de 1932”.
19Ibidem.
20“Grupo de Trazo”, A Nosa Terra n.º 419, 19 de junho de 1936, p. 3.
21Ibidem.