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Romina Vázquez: “Num centro onde o contexto é espanholfalante, pouco influi a presença dumha matéria de língua galega”

fotografia de Nicolao PV
fotografia de Nicolao PV

Em 2021 figérom-se 40 anos desde que o galego passou a ser considerada língua oficial na Galiza, passando a ter um status legal que lhe permitiria sair dos espaços informais e íntimos aos que fora relegada pola ditadura franquista. Para analisarmos este período, estivemos a realizar ao longo de todo 2021 umha série de entrevistas a diferentes agentes. Agora, entrado 2022, queremos continuar reflexionando sobre isto, mas focando num âmbito em particular, de importância estratégica: o ensino.
Hoje entrevistamos a professora de ensino infantil em Boiro, Romina Vázquez.

Que avaliaçom fás dos resultados do ensino do galego após 40 anos como matéria troncal?
Se penso na diferença entre os tempos em que nom existia o galego na escola e o dia de hoje, óbvio que a avaliaçom sai positiva… Quando nom existia nas escolas era o tempo em que nom deixavam que existisse no eido público. Todas as mudanças em matéria de educaçom vam relacionadas com as mudanças políticas, porque, mal que nos pese, as leis educativas mudam com a política…

E da presênça do galego como língua vehicular no ensino público?

No meu nível, que é o ensino pré-escolar, a língua veicular da aula supom-se que tem que ser língua ambiental da maioria da cativada da aula “sem detrimento da outra língua cooficial”, ou algo assim di o currículo. Digo supom-se porque na realidade do dia a dia ninguém che vem controlar em que idioma lhes estás a falar. Portanto, o que acaba acontecendo é que quando chega umha mestra que nom muda ao galego nem para falar contigo tampouco muda para dirigir-se ao alunado. Também é verdade, devo dizer, que a minha experiência é positiva e habitualmente o professorado com que topei tem consciência da importância do idioma em que a rapazada se veicule, do idioma em que nos escute falar às adultas de referência para com eles e entre nós, que às vezes se pode esquecer, mas é fundamental o que escutam quando som simples ouvintes. Por isso a importância da música de fundo, dos contos, dos diálogos entre as mestras… Igual que nom dizemos palavras malsoantes, também é benéfico o idioma que escutam nos seus referentes. E a verdade é que na escola os referentes som os iguais e o professorado.

Achas que esta presença guarda relaçom com a sua presença como língua ambiental nos centros educativos?
Pois nom sei se é bom ou mau o que vou responder, mas penso que a relaçom é mínima. É verdade que a maioria da minha experiência vai a favor do galego, polo perfil dos centros que tivem a sorte de eleger. Mas também estivem nalgum centro de vila ou cidade em que, por muito que os livros estejam escritos em galego, a língua ambiental e inclusive a língua veicular da aula era o espanhol…
Por muito que se legislem as matérias, cuido que a língua nom muda polo idioma do livro. Como dizia antes, podes ter umha aula de infantil com maioria galegofalante e encontrar a mestra dirigindo-se ao grupo em espanhol toda a manhã. A mudança idiomática, para ser efectiva, tem que ser mais profunda. Pode ser que passara ainda pouco tempo desde o medo a falar galego, ou a opressom ao nosso idioma, ou a vergonha a usá-lo… Mas o que vivim foi que num centro onde o contexto é espanholfalante, pouco influi a presença dumha matéria de língua galega.

Por muito que se legislem as matérias, cuido que a língua nom muda polo idioma do livro. Como dizia antes, podes ter umha aula de infantil com maioria galegofalante e encontrar a mestra dirigindo-se ao grupo em espanhol toda a manhã.

Pensas que deveria mudar alguma cousa no ensino da matéria de Lingua Galega e Literatura?
A verdade, nom podo falar a nível teórico, porque nom conheço o currículo do ensino secundário. No pré-escolar, o ensino é globalizado e nom temos matérias mais que a língua inglesa e educaçom musical, como muito. Podo falar desde o meu ponto de vista de mestra de crianças, que sei que as cousas quanto mais práticas e com mais felicidade, melhor lhes entram. Mas há muita diferença do meu alunado ao do liceu.

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fotografía de Rosalía PV

Qual deve ser o papel do português no ensino? Ampliar a sua presença como segunda Língua Estrangeira? Ser lecionada dentro das aulas da matéria troncal de galego? Ambas?
Repito que me fica mui longe o papel teórico. Mas é verdade que pouco se oferta como língua estrangeira. Penso que possivelmente tivera mui boa acolhida no alunado, ainda que só fosse por similitude com o que já cursam no centro. Para que somar outra língua com umha raiz diferente, se podo aproveitar os conhecimentos que já tenho?

Pensas que implementar linhas educativas diferenciadas (uma com imersom linguística em galego) poderia ser útil para o galego voltar aos pátios?
Creio firmemente nisto. Quiçá eu, a título individual, nom seria o que elegeria, mas está claro que seria umha boa maneira de que nom desaparecesse totalmente o galego nos pátios de certos centros. Teoricamente, e há estatísticas de estudos linguísticos, sabe-se que a língua que prima é a língua “forte”; ou melhor vista socialmente, ou a mais escutada nos distintos âmbitos de referência, ou a mais falada no grupo… E, inclusive, que a língua menorizada perde espaço em âmbitos sociais de iguais. Portanto, seria umha via de salvaçom para que a rapazada se sentisse cómoda continuando a falar a sua língua materna.

Que papel atribuis ao modelo educativo inaugurado polas escolas Semente?
Ooooiii! As escolas semente… Mágoa que nom houvesse mais… E mágoa também que este modelo de ensino-aprendizagem tenha que partir desde um âmbito privado. Agora mesmo nas escolas temos algo que pode parecer bom mas também se pode ver como um barulho. Dado que o professorado temos liberdade de cátedra, enquanto cumpras o currículo podes seguir umha linha educativa ou outra, apanhar um pouco de ali e outro pouco de acolá, conjugá-lo com o resto de professorado que intervém na mesma turma e que pode pensar igual ou diferente que a tutora, e logo inseri-lo no contexto determinado em que te encontres… Tolémia total!

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Agora bem, a realidade dos países onde trabalham com um modelo tipo Semente nom é a mesma do que a nossa… Assim que nos resta esperar até que as escolas públicas da Galiza sejam assim. E por enquanto, esperar que abram umha perto de onde vivamos!

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