Peregrinagem a Bangladesh

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Por José Paz Rodrigues (*)

De 8 a 13 de Fevereiro de 2005 visitei pola primeira vez Bangladesh (em Bangla significa este nome “Pais de Bengala”). Já naquela altura fiquei eu fascinado das suas belezas, a sua verde brilhante natureza, os seus numerosos rios, as suas cândidas gentes, as suas alegres crianças, o seu amor polas cantigas, as suas riquezas de todo o tipo: frutas variadas, juta, peixes, marisco, pássaros, árvores, flores… E os lugares em que por bastantes anos morou Robindronath, nos quais se conservam ainda as suas importantes e antigas casas de Sadiazpur, Potisar, Susurbari e a Kutirbari de Shilaidokho, no distrito de Kustia. O primeiro trabalho que Tagore teve na sua vida foi o encargo que lhe fez seu pai de administrar as muitas terras que a família tinha nestes lugares, antes da vergonhenta partiçom de Bengala polos britânicos no ano 1905. Tagore nom actuou durante aqueles anos como um fazendeiro que era, mas como um homem que ajudou os labregos e criou escolas para as crianças dos lugares acima citados. O que nom deixava de surpreender aquelas humildes pessoas. Habituadas a todo o contrário.

Eu tinha muita vontade de voltar a Bangladesh. Por isso este ano voltei e vim de novo maravilhado. Em poucas palavras, as que cabem num pequeno artigo como este, resumirei a minha segunda experiência de peregrinagem a este fantástico país. O país verde, verde, que lembra o poema de Garcia Lorca (aliás, muito admirado em Bengala e do qual existem vários livros no seu belo idioma): “Verde que te quero verde, verde vento, verdes ramos”. O país dos mil rios, onde existe água por todos os lados, e por vezes, na época dos monções sofre grandes inundações. O país onde mais se sente, depois de Goa, a presença de Portugal, conservando ainda os nossos apelidos. O país sobre o qual em Ocidente mais preconceitos existem. O país de mais de 120 milhões de habitantes, com a sua capital Dhaka que suma mais de 20 milhões de pessoas e aumenta de populaçom cada ano. O país que de mais ajuda estrangeira precisa, com uma grande populaçom infantil, necessitada de quase tudo: roupa, livros, cadernos, lápis…

No dia 15 de Janeiro, depois de labirínticas gestões para conseguir o nosso visto, do aeroporto de Kolkata partimos a primeira hora da manhã o meu estudante de Santiniketon, Toton Kundu, e eu para Dhaka. Aonde chegamos em menos de uma hora. Para este estupendo rapaz, que no verão próximo estará em Ourense, era a primeira vez que viajava fora da Índia e também de aviom. Ia muito encantado e também regressou fascinado. Ali o idioma oficial é o seu bangla. E eu expliquei-lhe que entre Bangladesh e a Bengala ocidental Indiana existe uma similitude como o que sucede entre a Galiza e Portugal no tema do idioma. E muito bem me compreendeu.

Entre as muitas cousas de que desfrutamos, quero destacar que no lugar de Mongla, ao lado da selva denominada Sunderbans, onde habita o tigre de Bengala, mora desde 1953 o padre saveriano italiano Marino Rigon. Que no lugar de Shelabunia tem uma excelente missom cristã, onde desenvolve um labor extraordinário, educativo e solidário. E que no dia 5 de Fevereiro vai fazer 85 anos. Eu, desde há muito tempo queria conhecê-lo, porque é tagoreano como eu. Por fim no dia 18 de Janeiro pudem dar-lhe um abraço. Traduziu do bangla para o italiano mais de trinta livros de Tagore (de alguns só existem na Europa as suas traduções para o italiano). A sua figura é tam importante, que tenho que escrever um artigo monográfico dedicado a ele. No nosso périplo em auto por Bangladesh, estivemos acompanhados durante dous dias por Prodip Kumar, Biblop Pal e Mamun. Em Dhaka também pola companheira de Prodip, Sirin Sorkar. Noutro artigo falarei de mais cousas deste belo país, governado na actualidade por uma mulher excelente chamada Hasina, filha dum antigo primeiro-ministro do país.


(*) Professor Numerário da Faculdade de Educaçom de Ourense.