Na França, a crença na superioridade da língua de Molière frente às outras línguas próprias é uma ideia transversal responsável por um incrível rastro de destruição no seu património cultural desde 1789. De acordo com uma análise publicada pelo jornal Vilaweb, baseada num censo francês de 1806, 41% dos cidadãos da República tinham, naquela altura, um idioma materno distinto ao francês.
Na França, a crença na superioridade da língua de Molière frente às outras línguas próprias é uma ideia transversal responsável por um incrível rastro de destruição no seu património cultural desde 1789. De acordo com uma análise publicada pelo jornal Vilaweb, baseada num censo francês de 1806, 41% dos cidadãos da República tinham, naquela altura, um idioma materno distinto ao francês.
Os paralelismos entre o trabalho da Bressola e o realizado pelas escolas Semente, a importância dos projetos e intercâmbios transfronteiriços ou a necessidade de a língua ser percebida como útil para combater a diglossia e a quebra da transmissão intergeracional, podem ser alguns dos pontos de encontro.
O documentário “Catalunya Nord, llengua enyorada”, produzido por Zeba Produccions com a TV3, ajuda a entender como se viveu na Catalunha administrativamente francesa o processo de substituição linguística que encontrou na escola jacobina e nos seus funcionários, assim como na exaltação nacionalista gerada pelas guerras mundiais do século passado, dois aliados imprescindíveis. Entretanto, o trabalho não é absolutamente alheio à realidade galega: os paralelismos entre o trabalho da Bressola e o realizado pelas escolas Semente, a importância dos projetos e intercâmbios transfronteiriços ou a necessidade de a língua ser percebida como útil para combater a diglossia e a quebra da transmissão intergeracional, podem ser alguns dos pontos de encontro. Trata-se, em definitiva, dum valioso testemunho audiovisual que nos obriga a lidar com o dolor de llengua, tão bem dissecado por Enric Larreula, enquanto nos apresenta alguns elementos que ilustram que ainda há caminho por percorrer e atuações pelas quais apostar. Embora o futuro se pressagie escuro, nunca será a rendição uma saída. Alguém tem de plantar, sem perder a alegria, as sementes chamadas à bela aventura de retificar a história.