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Através 2019

40datas_capacapa-marco-nevesAcabou 2019. A Através publicou 12 livros, uma cifra entusiasmante para uma entidade associativa. Segundo os clubistas da Através e os sócios/as da Agal, os três melhores projetos do ano foram, nesta ordem, o Dicionário Visual AtravésO galego e o português são a mesma língua? e 40 datas que fizeram a história da Galiza. No presente texto vamos partilhar com as leitoras e leitores do PGL os projetos da Através que balizaram 2019 e dar alguma dica para 2020.

O ser humano não possui uma superioridade relativamente a outros animais: a hierarquização baseia-se em estruturas de poder e argumentos falazes que procuram legitimar o consumo e os maus-tratos. A Através apostou por Animais de estimação e bestas de companhia por causa da atualidade e o forte impacto que o antiespecismo está a ter, da relevância da autora e devido à grande qualidade do texto. Rebeca Baceiredo, neste ensaio filosófico, olha a alteridade e o modo em que os seres humanos interagimos com o Outro, sem tentar eludir o problema da apropriação discursiva e da subjetividade.

capa-diccionario-visual-atraves

No ano 2015 o coletivo feminista brasileiro Não Me Kahlo lançava o Hashtag, #MeuAmigoSecreto, cuja intenção era chamar a atenção sobre o machismo daquelas pessoas mais próximas a nós: colegas de trabalho, namorados, amigos, chefes… e que serviu para muitas mulheres partilharem os seus relatos gerando numerosas interações. Essa ação foi a semente do livro com o mesmo título que a hashtag. Na Através soubemos da sua existência e achamos ser uma ferramenta muito útil para uma abordagem da análise feminista da realidade em geral e da brasileira em particular. Com três prologuistas residentes na Galiza, de sabores linguísticos diferentes, mudamos apenas o título.  

A autoria feminina e feminista continuo com o livro de março, Elas, as emigrantes. Mulheres da Terra de Soneira na Suíça da professora Carme V. Valiña. A autora foca a emigração numa terra onde aquela era respirada e atualizada a cada instante. O livro foca, no entanto, as mulheres dessa emigração em duas vagas, anos anos 60 e 70 e depois da crise de 2009. Trata-se de um foco, o feminino, que não costuma estar no palco deste tipo de abordagens.

Em 2011, a Universidade da Corunha editava Ecolingüística: entre a ciencia e a ética, de Teresa Moure e a autora, diretora da coleção Alicerces, era advertida da necessidade de uma reedição. Teresa Moure alinhou e indicou que seria uma versão muita atualizada e em galego internacional. O plano inicial de uma co-edição entre a Através e a UdC não deu certo mas o livro foi felizmente editado: Linguística eco-. O estudo das línguas no Antropoceno 

Um velho projeto da Através era editar um livro sobre o debate linguístico da Galiza a pensar num leitor, numa leitora, de Portugal. Este sonho viu-se realizado graças ao divulgador linguístico Marco Neves onde em O galego e o português são a mesma língua? Perguntas portuguesas sobre o galego, oferece um diálogo, aberto e empático, entre ele próprio e um conterrâneo que lhe coloca muitas perguntas, num livro que aborda necessariamente mais do que língua. 

antologia CARVALHO CAPA

Em 2017 a Comissão de História da Gentalha editava um folheto sob o título 50 datas da Galiza. Esta iniciativa permitiu imaginar o livro de julho, 40 datas que fizeram a história da Galiza. A editora contactou com o historiador da UdC Carlos Velasco que conformou uma equipa de historiador@s para abordar as quatro idades da história da humanidade, um de cujos maiores desafios era, precisamente, ditaminar as tais datas. Deste projeto é provável que vejamos ganhos colaterais nos próximos anos. 

Uma das grandes notícias do sistema cultural galego para 2020 é que o autor homenageado no Dia das letras será Ricardo Carvalho Calero. Na Através já o abordáramos com o livro Carvalho Calero Atual e a sua principal obra narrativa, Scórpio. Em 2020 está previsto uma coletânea de artigos de língua e um Banda Desenhada inspirada na sua rica biografia. Em setembro do presente ano saiu do prelo uma Antologia da poesia em galego, sob a coordenação de Paulo Mirás, que recolhe mais de cem poemas da sua obra poética, os quais, visando determinadas épocas da sua vida (a guerra, o ostracismo…) situam-nos nas coordenadas vitais e biográficas de Ricardo Carvalho Calero.

Através sempre deixa um espaço para a poesia nas suas publicações. Em praticamente todos os anos, um ou dous poemários passam a integrar o nosso catálogo. Em 2019 tínhamos um mês para a poesia, sempre tentamos editar um livro mensal, e o feliz problema  de dous poemários magníficos, A fé do converso, de Mário Herrero e Žižek vai ao ginásio, de Tiago Alves Costas. A solução foi simples, editar ambos. 

A coleção Alicerces de ensaios incorporou duas novas obras, seguindo o esquema inicial de alternar temas de pensamento e de arte.

As mulheres que amavam os videojogos introduz uma leitura feminista nesse grande mecanismo de lazer a cada ano mais popular, especialmente entre a juventude, o videojogo. Fora dos estritos interesses do mercado, as suas autoras, Antia Seoane e Maite Sanmartín, analisam a fenda de género aberta num produto geralmente ajustado a patrões patriarcais e divulgam o trabalho duma série de criadoras independentes que estão a apostar por jogos alternativos, onde os cenários bélicos ou desportivos – e a sua competitividade – são substituídos por modelos cooperativos e dinâmicas de jogo inclusivas, fundamentadas na empatia e nos cuidados.

A música está para ser escutada e, talvez por isso, porque se resista a qualquer narrativa racional, sejam tão escassos os livros de caráter divulgativo sobre artes musicais. Em Uma descida em paraquedas à viola da gamba o músico galego instalado em Portugal Xurxo Varela revista os preconceitos sobre a música culta e convida a quem ler para uma escuta libertada do espartilho das modas; uma escuta onde nos deixemos impregnar pela beleza, nomeadamente a da música antiga, cujo percurso é transitado através da viola da gamba, instrumento tão pouco conhecido entre o grande público quanto fascinante.

Acabamos o ano com outro velho projeto que demorou dous anos e meio a se gestar. O Dicionário Visual Através exigia um trabalho prolongado na área da ilustração, que estava sob os dedos de Andrea López e uma boa coordenação linguística. Queríamos oferecer uma ferramenta versátil que servisse, como língua própria, para denominar a realidade que  nos rodeia, como língua de Portugal e do Brasil, para familiarizar-se com o léxico mais comum e, como desejo, que os segundos acabassem por sentir como os primeiros.

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