
A revista digital galega Palavra Comum entrevista a escritora e editora portuguesa Virgínia do Carmo. Nascida em Champagnole (França) em 1973, é licenciada em Comunicação Social, tendo exercido jornalismo no início da sua vida profissional. Mais tarde tornou-se livreira e vem desenvolvendo, desde há um ano, um pequeno projecto editorial. É também autora das obras Tempos Cruzados (poesia, Pé de Página Editores, Coimbra, 2004), Sou, e Sinto (poesia, Temas Originais, Coimbra, 2010), Uma luz que nos nasce por dentro (contos, Lua de Marfim Editora, Lisboa, 2011) e Relevos (Poética Edições, 2014). Atualmente está a desenvolver também a sua faceta de editora.
Na entrevista para Palavra Comum, Do Carmo reflete acerca do significado para si da poesia e a literatura. Nas suas próprias palavras, «pressupõe, acima de tudo, uma profunda vivência de tudo o que nos acontece e de tudo o que vemos acontecer». No caso da poesia em particular, «ela materializa-se dentro de nós, indomável e livre».
A autora portuguesa também se debruça sobre a relação entre a literatura e outras disciplinas artísticas. Na sua opinião, «todas as formas de arte podem e devem relacionar-se interativamente. Está provado que coisas belas podem advir dessa saudável promiscuidade. Quanto mais interação, mais inteireza. E a arte, quanto mais inteira, mais plena».
Como escritora, Virgínia do Carmo assinala como referentes criativos Sophia de Mello Breyner Andresen, «talvez por ter sido a primeira poeta que li, era ainda muito jovem». Todavia, «Fernando Pessoa é incontornável, mas os contágios terão sido outros, como o transmontano Miguel Torga. Chorei quando pela primeira vez li o “Reino Maravilhoso”», assinala, ao mesmo tempo que lembra como a «tocaram de forma especial, também, os livros que li de Vergílio Ferreira».
Quanto à sua faceta de editora, a portuguesa reconhece que a experiência não resulta «nada fácil», mas mesmo assim é «muito gratificante». «Sou apaixonada pelo que faço, ganhei para a minha vida pessoas maravilhosas que não trocava por nada, e sou auto-sustentável. Não preciso de mais nada», sentencia.
Galiza e Lusofonia
Da revista Palavra Comum também perguntaram à Virgínia do Carmo pelas perspetiva da Galiza em relação à Lusofonia. «Devo confessar que me comove até hoje a descoberta do carinho bonito que os galegos nutrem pela nossa língua. E por sua vez tenho vindo a deixar-me fascinar pela cultura galega, que é riquíssima». Nesta aproximação, a autora vê uma «oportunidade imperdível» de construir uma comunidade que não nasce de decretos políticos, «mas da vontade e do coração dos homens. Há muita poesia nesta ligação, gosto dela. Há que emprestar-lhe acções que a preservem, dinamizar o seu potencial, dar-lhe forma», conclui.
Leia a entrevista completa no site Palavra Comum.