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Urnas castigam governos catalanófobos no Aragão, País Valenciano e Ilhas Baleares

No domingo, 24 de maio, além de eleições autárquicas houve também comícios na maior parte das comunidades autónomas do Estado espanhol. Foi o caso, também, do Aragão, do País Valenciano e das Ilhas Baleares. Os cortes económicos e sociais do PP —partido que governava nos três territórios—, mas também as atuações contra a língua catalã, resultaram determinantes para Luisa Fernanda Rudi, Alberto Fabra e José Ramón Bauzá perderem o poder de que desfrutaram nos últimos anos.

No Portal Galego da Língua informamos em numerosas ocasiões acerca das atuações empreendidas pelos referidos responsáveis do PP, especialmente a partir do ano 2012, para perseguir a língua catalã no Aragão, no País Valenciano e nas Ilhas Baleares, mercê sobretudo a políticas de ideologia nacionalista espanhola.

Territórios de Língua CatalãAragão

No caso aragonês, a principal medida foi adotada no verão desse ano, quando foi emendada a Lei de Línguas do Aragão —aprovada em 2009—, o qual serviu para eliminar a já exígua proteção para o catalão (que se fala apenas na faixa leste da região) e o aragonês. Porém, não seria esta a única surpresa, e meses depois, já no ano 2013, o PP impunha pela via legal acrónimos para se referir às línguas catalã (LAPAO: língua aragonesa própria da área oriental) e aragonesa (LAPAPYP: língua aragonesa própria da zona pirenaica e pré-pirenaica, nas siglas em castelhano).

Após as eleições, o governo entre PP e PAR, chefiado por Luisa Fernanda Rudi, perde a maioria absoluta de 37 assentos e fica com apenas 20. Apesar de que uma outra força espanholista, C’s, entra na câmara autonómica, a soma total, 32, fica abaixo dos 35 que somam PSOE, Podemos, Chunta Aragonesista e IU.

País Valenciano

No País Valenciano, o Governo de Francisco Camps —primeiro— e Alberto Fabra —depois, após a demissão do seu antecessor— concentrou o labor catalanófobo dos últimos quatro anos no que diz respeito das rádios e, sobretudo, televisões: em pouco mais de três anos culminou o objetivo de deixar o País Valenciano sem emissões regulares em língua catalã. A primeira parte da ofensiva foi contra TV3, estação pública da Catalunha que se podia receber também nesta comunidade autónoma desde 1985, principalmente graças a repetidores instalados pola Ação Cultural do País Valenciano. O Governo de Camps alegou que as emissões eram ilegais, apesar que nunca houvera controvérsia desde que começaram, lá pelo 1985. Depois de uma alargada controvérsia judicial, finalmente a ACPV encontrou-se forçada a desligar os repetidores.

O problema não era, com certeza, que a TV3 se recebia de maneira ilegal. Seria a língua o problema? Esta tese pareceu-se demonstrar em novembro de 2013, quando o Governo, agora chefiado por Fabra, ordenou o encerramento dos canais públicos valencianos alegando dificuldades económicas. Já a cereija do topo do bolo foi, em janeiro de 2014, a ordem da governação espanhola para desligar os repetidores que permitiam a receção da Catalunya Ràdio, junto com a ameaça de multas por valor de meio milhão de euros para a ACPV.

Nas eleições do domingo, Fabra perdeu 24 assentos, ficando com 31. Boa parte deles, com certeza, foram para a nova formação espanholista, Ciudadanos, que logrou 13. No entanto, os 44 assentos no Parlamento valenciano não serão suficientes para impedir um governo de esquerdas —e previsivelmente, mais catalanista—, chefiado pelo PSOE valenciano (23) e integrado ou apoiado também por Compromís (Compromisso, 19) e Podemos (13), que somam 55 assentos.

Ilhas Baleares

Numa entrevista publicada no PGL, a galega Ana Fernández e o maiorquino Martí Monjó explicavam as principais chaves da catalanofobia de José Ramón Bauzá. A atuação mais destacada foi no ensino, com aprovação em abril de 2003 do TIL, um decreto que reduz a presença do catalão no ensino balear a apenas 33%. Simultaneamente, e da mesma maneira que Feijóo na Galiza, Bauzá entregou-se aos grupos mais catalanófobos e aprovou ajudas para a escolarização só em castelhano, se bem não teve demasiado sucesso.

Como no caso aragonês, aqui também o PP promoveu atuações contrárias à unidade da língua catalã, como aconteceu com o anúncio de livros de texto em «balear» para o curso 2013-2014. No entanto, como nos explicavam Ana e Martí, vVista a resposta do professorado, que defendia a diversidade dentro da unidade, nenhuma editorial quis prestar-se a isso»; por esta razão, o Governo de Bauzá prometeu ajudas de até 70.000€ às editoriais que publicassem livros de texto em que não aparecesse o nome de «catalão» para se referir ao idioma —apenas os nomes dos seus dialetos insulares, como eivissenc, mallorquí, menorquí

Como anunciado no começo, as medidas económicas e linguísticas de Bauzá marcam o seu fim como presidente. No seu caso, também de maneira estrondosa, pois perde 15 assentos —de 35 para 20—. No entanto, esta perda não vai para a nova força C’s, que entra no Parlamento com apenas 2 assentos. A perda distribui-se pelo resto de forças do hemiciclo, começando por Proposta pelas Ilhas —cisão regionalista do PP que surgiu como reação às medidas linguísticas contra o catalão—, e especialmente as novas forças políticas, que se nutrem tanto de assentos provenientes do PP como do PSOE. Atualmente, as forças da esquerda balear somam 34 assentos (14 do PSOE, que perdeu 8; 10 de Podemos, 6 de Mais por Maiorca, 3 de Mais por Menorca e 1 de Gente por Eivissa), suficientes para se impor a uma direita que soma apenas 25. Aliás, do ponto de vista linguístico, as forças partidárias de maior presença do catalão somam 37 assentos por 22 das mais espanholistas.

 

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