Sandra Maria Román González nasceu e reside em Vigo. O transito para o galego foi complexo mas tem-se ajudado estudando na EOI e em cursos on-line. É dietista e julga que resta muito para fazer em educação alimentar. Conheceu o reintegracionismo graças a docentes no ensino secundário. Para divulgar a estratégia reintegracionista acha importante ter visibilidade nos meios de comunicaçom social
A Sandra nasceu em Vigo, véu ao planeta Terra no Hospital Xeral, e cresceu em Chapela, concelho de Redondela. Como era a sinfonia linguística da tua infância e da tua adolescência?
Na minha casa falava-se “castrapo”. Recordo que a minha avoa mudava para o castelhano quando ia ao médico ou ao “Pichón” que era o que arranjava as escordaduras. Na escola e no liceu sempre em castelhano. Acho que foi aí quando começárom as minhas inquedanças. Foi, e está sendo, um longo caminho até sentir-me mais cómoda com a minha língua.
A mudança de língua foi relativamente recente. Porque se operou? Foi um processo simples ou complexo?
Um processo muito, muito complexo. No meu interior sabia, e queria, viver mais no galego mas era incapaz de me expressar assim a maioria das vezes. Cheguei a começar o curso de Filologia Galega e ainda assim somente falava galego na faculdade.
Até que nom tivem um companheiro que falava galego 100% nom me fijo clique a cabeça.
Agora resides no Calvário, um bairro operário, como encaixa a língua galega no teu dia a dia?
Suponho que tenho um nesgo, e cada vez escuito mais falar galego ao meu redor. Eu polo menos trato de o fazer. Ainda assim continua a ser difícil em espaços como o Vitrasa, no banco…..
Tens a experiência formativa de estudar português na EOI de Vigo. Em que medida, para uma pessoa interessada no galego, pode ser útil esta formação?
A minha motivaçom era falar melhor galego, e nom um galego “normativo” e castelhanizado. O mais triste é que a maioria dos meus colegas nom sabem nem falam galego (sendo galegos). Quando dim vocabulário e eu digo: – Se é igual que em galego!!! ficam surpreendidos olhando para mim.
Sandra é dietista embora agora mesmo esteja a tirar o grau em Nutrição. Esta é uma área similar à língua e ao futebol, no sentido de que todas as pessoas opinam alto embora nem sempre com a suficiente humildade. É assim?
É muuuuuuuuuuuuuuito assim. O que mais me dim é: – Eu a teoria já a sei!!!
E nom, nom a sabem. Também acontece que há muita noticia nos meios de clickbait, sensacionalista, sobre este ámbito e que é mais fácil aceder à informaçom, ainda que nom saibamos distinguir o fake do baseado na ciência.
Resta muito trabalho para fazer em educaçom alimentar.
A tua divulgação profissional foi sempre em galego, de que forma isto tem sido importante?
Umha das cousas mais importantes quando abrim as minhas redes sociais foi essa mesma, fazê-lo em galego, ou polo menos tentá-lo. Isto abriu-me possibilidades nos massa media e seguir divulgadores de Portugal e do Brasil. Houvo algumha voz que dizia que em espanhol ia chegar a mais gente, nunca prestei atençom.
Como foi a tua descoberta da estratégia reintegracionista para o galego?
Tivem professores reintegracionistas na escola secundária, o de filosofia, por exemplo. E também fazendo vários cursos no Forga, aí já eram todos reintegratas
A partir de ser mais ativa no X (antes twitter) conhecim mais pessoas como o Maragoto e o Jon.
Ah!! E figem o curso da semente de língua.
De forma a divulgá-la melhor, quais seriam as áreas mais determinantes para incidir ou as melhores formas?
Quanto mais áreas abranger, melhor. A partir da divulgaçom científica, da literatura, ou das crianças.
Ter visibilidade nos meios de comunicaçom social e fazer umha divulgaçom mais “próxima” poderá ter um impacto maior.
Donde nasce a tua decisão de te tornares agálica e que esperas do trabalho da associação?
Nasce do sentimento de que a minha língua estava a ser apagada de algumha maneira. De aprender a comunicar-me melhor, de conhecer a minha cultura própria sem ser deturpada.
Em 2021 somamos 40 anos de oficialidade do galego. Como valorarias esse processo? Que foi o melhor e que foi o pior?
Resta muito trabalho por fazer. O pior é que se estám a perder galegofalantes e esse sentimento de língua menorizada. O melhor é o grupo de gente que se nega a deixar de utilizá-lo em todos os ámbitos da sua vida.
Como gostarias que fosse a “fotografia linguística” da Galiza em 2050?
Oxalá se invertesse a tendência e houvesse mais galegofalantes, sobretodo entre as crianças.
Conhecendo Sandra Román González:
Um sítio web: www.xabarin.gal
Um invento: o copo menstrual
Uma música: Celina da Piedade, Xosé Lois Romero & Ana Santos –Mas que Laranja tão doce
Um livro: Todos teríamos que ser feministas. Chimamanda Ngtozi Adichie
Um facto histórico: a Reconquista de Vigo
Um prato na mesa: amorodos com iogurte
Um desporto: Petanca
Um filme: Tomates verdes fritos.
Uma maravilha: os céus de verao em Ourense
Além de galega: muller, mae e dietista.