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Rosalia Cortiças: “Brincarmos quer abrir um espaço para as crianças galegofalantes num contexto tremendamente hostil”

O dia 4 de outubro cumprirá-se o 115 aniversário do primeiro uso público da língua galega no Ferrol contemporáneo, como nos recorda Rosalia Cortiças Leira. Foi num acto agrarista, de mao de Rodrigo Sanz e Lugris Freire, e o projecto Brincarmos, que se apresentará publicamente em Trasancos nessa mesma data, quer aproveitar a ocasiom para pôr em primeira linha umha iniciativa popular que abre um novo espaço para as miúdas e miúdos usarem língua com normalidade. Mae de duas crianças e vizinha de Narom, Rosalia conta-nos o sentido de Brincarmos, que nasce num dos espaços mais desgaleguizados do país.

Como nasceu o projecto Brincarmos?

Várias famílias galegofalantes estávamos a viver umha situaçom difícil de levar para as nossas crianças, e pensamos na possibilidade de habilitar espaços para os nenos e nenas viverem sem diglóssia. De partida, constituímos um grupo de whatsapp para combinarmos nos parques, e enquanto as crianças brincavam, iam xurdindo conversas. Concordamos na necessidade de organizar a mais gente e formalizar um bocado a iniciativa. Assim nasce Brincarmos. Como algumhas de nós éramos sócias da Fundaçom Artábria, achamos que seria boa cousa organizar-nos num espaço tam consolidado, com umha trajectória tam longa. E a Fundaçom acolheu-nos com os braços muito abertos. Neste verao, o projecto foi tomando corpo, e estamos já a piques de nos apresentar publicamente.

Que supom ser criança galego falante em Trasancos?

É muito difícil. Eu nom manejo dados, mas estou certa de que é umha das zonas do país com menos galegofalantes. O que podo falar é do meu caso pessoal. A minha criança mais velha, que é umha nena, este ano mudou de escola, entrou na pública, e começa a sentir a pressom. Está agora nesse processo de dúvida, de manter-se na língua, de mudar… pois é a única no seu grupo de pares que fala galego. Na casa tentamos contrapesar esta dinámica. Para mim, pessoalmente, o da língua é um limite necessário que devem pôr as famílias. Quando muda para o espanhol, nós, com muito respeito e carinho, dizemos-lhe que nom a entendemos. Mas isto é na casa, fora dela, carece dum espaço seguro onde exprimir-se em galego. Brincarmos nasce para dar-lho, para fazer possível que continue no galego, ou mesmo para que outras crianças que estám instaladas no espanhol se passem à nossa língua.

Estám as famílias galegofalantes na vossa comarca resignadas, ou há umha resistência activa ao processo?

Tristemente, as famílias galegofalantes na comarca conhecemo-nos quase todas, porque somos poucas, e acabamos por coincidir nos mesmos espaços e contextos. A minha opiniom é que neste ámbito há um pouco de todo. Certamente que existe umha parte comprometida, que nom se rende, e ideia iniciativas para contrapesar este processo; mas também é certo que há umha outra parte resignada, que acha que pouco se pode fazer, e que ao cabo assume que os seus filhos e filhas vam mudar ao espanhol, e que isto é impossível de reverter.

Tristemente, as famílias galegofalantes na comarca conhecemo-nos quase todas, porque somos poucas, e acabamos por coincidir nos mesmos espaços e contextos.

Quais som as iniciativas que tendes agendadas?

Estamos a organizar o Dia da Criança Galegofalante em Ferrol no vindouro sábado 7 de outubro; no dia 4, Marcos Abalde e mais eu apresentaremos publicamente a iniciativa. A data nom é por acaso, coincide com o dia em que o galego foi utilizado publicamente em Ferrol pola vez primeira num acto público. O encontro do dia 7 será umha jornada lúdica com as crianças como centro, queremos que participem activamente: faremos um obradoiro de dança com as famílias, e participará na jornada umha madrinha, Ánxela Loureiro. Mestra e escritora da zona, ela mesma transitou do castelhano ao galego, e logo trabalhou muito a prol do idioma, queremos que nos conte a sua experiência. O dia inclui, aliás, um jantar popular, e apresentaçom do livro de Cristian Caruncho “Saínza pandereteira”. Para completar a jornada, teremos um espectáculo do clown “Pajarito”.

Temos também programadas aulas de música miúda para pôr em contacto as crianças com a língua através da tradiçom oral; logo, em colaboraçom com Rádio Filispim, meninhos, meninhas e pessoas adultas faremos rádio em conjunto. Há muitas mais ideias em mente que iremos anunciando.

[Esta entrevista foi publicada originariamente no galizalivre.com]

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