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Proteus chega para conscientizar as crianças

Em 2022, o Espaço Brasil entrevistou o escritor Gustavo Gumiero e agora retoma a conversa, em razão do lançamento da série “Proteus e a mudança climática”, voltado ao público infantil.

No ano da Conferência das Partes COP-30 – a maior conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que ocorrerá no estado do Pará, em novembro; e diante das urgências climáticas do Planeta, a conscientização da sociedade e, em especial, das novas gerações é fundamental.

Por isso, o autor desenvolveu a série de forma ampla e multiplataforma, com livros, vídeos-livro, e-books, animações, com possibilidades de ampliar os formatos.

A adaptação animada, disponível gratuitamente no YouTube, está sob a responsabilidade da Animar Estúdios, que produz os vídeos da famosa Galinha Pintadinha — um selo de qualidade para pais e educadores.

Acompanhe os melhores momentos da conversa com Gustavo Gumiero.

Espaço Brasil – O que o motivou a criar a série “Proteus e a mudança climática” para o público infantil?

Gustavo Gumiero – A necessidade de que este tema, tão importante, seja introduzido e explicado às crianças, as quais acredito que terão a capacidade de lidar com o assunto de forma mais prática e ativa. Ao saberem como a humanidade chegou a este ponto, quando se tornarem adultos com poder de ação, terão a possibilidade de transformar nosso planeta.

Como a escolha do personagem Proteus reflete as mensagens que você quer transmitir sobre transformação e adaptação?

Geralmente os super-heróis são animais fortes, como o urso, o tigre, ou então, se são humanos, seu poder decorre de algum animal peçonhento como o morcego (Batman) e a aranha (Homem-Aranha). O Proteus, cujo nome da espécie é proteus anguinus, é totalmente o oposto. Ele é um herói inesperado. Sua fragilidade se torna sua força. Ele quase não enxerga, mas vê tudo com o coração. Ele pode viver até cerca de cem anos, ou seja, sua longevidade lhe dá sabedoria. Ele também é capaz de ficar anos sem se movimentar ou se alimentar, um verdadeiro contraponto a uma sociedade em que tudo é urgente e efêmero. Suas palavras refletem seu “estilo de vida” na natureza: desacelerar, refletir, rir.

De que forma as características únicas de Proteus, como mudar de cor e enxergar emoções, foram usadas para ensinar conceitos científicos às crianças?

O Proteus, quando exposto à luz, começa a se tornar um pouco preto. Então tem essa questão da luta contra o racismo, pois ele é preto e branco ao mesmo tempo. Estudar qualquer espécie animal torna-se muito atrativo para as crianças, já que elas aprendem conceitos de Biologia, Química, e no caso do Proteus, Sociologia e também um pouco de Filosofia e Psicologia.

Quais desafios você enfrentou ao abordar a crise climática de maneira acessível e ao mesmo tempo realista para crianças de 6 a 9 anos?

O maior desafio é transformar em uma linguagem acessível e compreensível um tema que abarca muitas disciplinas do conhecimento humano. Pensando nisso, elenquei os principais problemas da vasta gama “mudança climática” para introduzir o assunto de forma que elas tenham uma base de conhecimento comum. E para conseguir tocar as crianças, é necessário que elas percebam algum evento que é próximo a elas. No caso do primeiro livro, foi a enchente no bairro onde os personagens vivem. Elas precisam sentir essa proximidade do que elas vivem com o que encontram nas histórias.

Quais temas ambientais serão explorados nos próximos volumes da série, além do primeiro livro?

No primeiro livro, o grande debate é sobre as fake news e como elas foram responsáveis por agravar a mudança climática. Nos anos 1970, cientistas já sabiam que a geração excessiva do gás carbônico e outros gases na atmosfera poderia aumentar a temperatura da Terra. E somado a isso, a discussão contemporânea sobre carros a combustão versus carros elétricos. Será que realmente quando eu compro um carro elétrico eu posso estar com minha consciência tranquila pois não estou poluindo nada?

Na segunda aventura, o Proteus trata da poluição causada pelo plástico, seja aquela visível quando a invisível, que é a questão dos nanoplásticos que entram em nossos organismos; e a exploração do petróleo na bacia do rio Amazonas.

E no terceiro episódio, Proteus luta contra o desmatamento, mostrando a importância de se preservar as florestas e o meio ambiente.

Como você desenvolveu as personagens Gabi, Gê e Titi? E os vilões, como o Hélio Musgo, para representar a desinformação e o negacionismo climático?

Em primeiro lugar, procurando respeitar a multietnicidade brasileira. Ao mesmo tempo que a criança precisa se identificar com algum personagem, sentir-se como ele/ela, é necessário materializar o mal, pois ele é feito por homens maus. Por isso que procurei com a Gabi, a Titi e o Gê ser o mais inclusivista possível com relação às características destes personagens. Cada um deles tem personalidades distintas, mas que cooperam umas com as outras. E o Hélio Musgo é o vilão que materializa em uma pessoa só todo o mal que é feito contra nosso planeta.

E também é necessário ter esta tensão, em que as crianças unidas podem lutar contra o homem mau que simboliza todos os outros. Senão fica somente um livro didático, talvez sem muito interesse para elas.

Quais são as principais lições ou reflexões que espera que as crianças tirem da série?

Não podemos nunca subestimar o poder que as crianças têm de entender e de fazer perguntas sobre qualquer assunto. Meu objetivo maior é introduzi-las ao assunto “mudança climática”, para que elas saibam desde muito cedo que é um problema que terão de enfrentar por toda a vida delas. E espero que elas me surpreendam e mais do que tirar lições ou reflexões, sejam ativas na luta pela preservação do bem comum.

Pode nos falar sobre a integração dos formatos multiplataformas, como animação, vídeo-livro e e-book, e como eles potencializam o alcance do projeto?

Um projeto multiplataforma tem o poder de dialogar com o maior número possível de pessoas. Por isso, o Proteus conta, na modalidade “vídeo”, com o desenho animado e o vídeo-livro; e o livro físico e o ebook.
Somente o livro físico é comercializado, os outros formatos são todos gratuitos, para que todas e todos possam ter acesso às aventuras do Proteus.

Os vídeos estão com legendas em vários idiomas. Qual a agenda de lançamento no Brasil e no exterior?

Sim, além da língua portuguesa, que é o idioma original do vídeo, o desenho animado também tem legendas em espanhol, italiano, francês, inglês e esloveno, pois é na Eslovênia, na Caverna de Postojna, é onde a espécie proteus anguinus se encontra em maior quantidade e é protegida.

Os materiais da aventura “O Grande Problema” (desenho animado, vídeo-livro, ebook e livro físico) foram lançados em setembro de 2025 e, com eventuais acordos, os livros também poderão ser traduzidos para outras línguas. Esse é o objetivo, para que a mensagem sobre a mudança climática se espalhe, pois é um tema de urgência mundial.

As próximas aventuras serão lançadas até o início de 2026.

Lançamento nas plataformas

Livro físico e versão Kindle – Proteus e a Mudança Climática: O Grande Problema

Desenho animadoyoutube.com/@superproteus

e-book – para ler ou baixar gratuitamente no site superproteus.eu

Tik Tok – https://www.tiktok.com/@superproteus

Conheça Gustavo Gumiero

Mestre e doutor em Sociologia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). É autor do livro “Pandemia no Brasil. Fatos, falhas… e atos”, além de outras quatro obras e possui mais de duas centenas de artigos publicados em jornais brasileiros.
Natural de Valinhos (SP), Gustavo divide seu tempo entre o Brasil e a Itália e tem entre suas principais referências os filósofos Friedrich Nietzsche e Michel Foucault, além de Maurizio Lazzarato, de quem já traduziu um livro do italiano para o português.
Acompanhe o autor nas redes sociais: twitterinstagram e facebook. E no seu sítio web www.gustavogumiero.com

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