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O debate ortográfico entre os poetas de 1936

Em 1936 Xosé Filgueira Valverde estava a preparar, para o Seminário de Estudos Galegos, uma antologia que representasse a poesia galega que se estava a fazer naquela altura. O Golpe de estado franquista deixou o projeto sem publicar mas, a partir dos materiais que já foram compilados, o Museu de Pontevedra deu ao prelo em 2008 o volume Os poetas galegos (1936). Antoloxía consultada com estudo preliminar de Xesús Alonso Montero. [1]

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Antoloxía consultada (Pontevedra: Museo de Pontevedra, 2008)

Um dos aspectos mais interessantes nesta antologia é que Filgueira Valverde, além de pedir aos poetas diretamente que fossem eles quem escolhessem as suas próprias composiçons para o livro, formulou umha sorte de inquérito entre os autores, perguntando-lhes polas suas preferências ortográficas. As respostas que chegaram a tempo dam-nos umha pequena panorámica da Questione della lingua em 1936, e também do desejo maioritário de aproximar-se ortograficamente ao Português.

Victoriano Taibo, quem escreve de si próprio em terceira pessoa, declara que: “Desbota as variantes dialectàs, prefire as formas comús co portugués ou as que mais se lle semellen e escribeas ca mesma orrtografía deste idioma: povo, nèvoa, absorto, etc.” (p.100). De maneira semelhante, Augusto Casas escrevia: “Déixome influir, ledamente, pol-o idioma portugués” (p229), se bem preferia o critério fonético. O seu irmao Álvaro de las Casas, de maneira mais decidida, propunha generalizar esse achegamento linguístico: “Fíxenme no galego de Ourense e cobizo afacerme no da beiramar. Un e outro do xeito mais posibremente literario. Tendo sempre ao Portugués, e penso que esí debíamos facer todos” (p.204).

Rafael Pazos Giménez (Padrom 1908 – Vigo, 1994) nom se pronuncia sobre a questom, mas é notável o seu uso sistemático do cê cedilhado – mesmo diante de e ou i – (p.242 e ss.) quiçá pola influência da sua “vizinha” Rosalia de Castro, quem resgatara para a sua escrita esta letra banida do alfabeto espanhol em 1726. Fermin Bouza Brey, por sua parte, respondia ao inquérito: “As miñas preferenzas lingüísticas van cara â forma dialectal que mantém sin eliminar as consoantes líquidas en final de dicción; isto por razóns eufónicas. Son partidario do criterio etimológico na ortografia” (p. 200). Também Florencio Delgado Guarriarán sostinha: “Penso que, inda que por agora sexa mais comenente o emprego da forma fonética, debería irse, pouco a pouco, â etimolóxica, sen que, pol-a natureza d’estas notas vaia a razonar esta miña opinión” (p.211).

Constatava-se, pois, umha simpatia generalizada cara ao achegamento linguístico ao português, se bem se diferia na velocidade adequada desse processo, fossilizando-se as posturas mais mornas na que hoje – oito décadas depois – seguramente seja a hegemônica: acercar-se sim, mas agora nom. Neste sentido, o responsável da proposta “reintegracionista” mais elaborada e coerente da altura Evaristo Correa Calderón, já dera mostras de desânimo: “O meu critério ortográfico é coñecido d’abondo. Dende fai muitos anos (“Aa nova genrazón galega”, eistraordinarios d’El Pueblo Gallego, do 25 de xulio de 1926. “El Nuevo Idioma”, en Índice de Utopias gallegas, Madrid, CIAP, 1928), veño propugnando a comenenza d’identificar o galego co portugués no ca garfía se refirem ainda que conservase o leisico propio. Prediquei en deserto. Naide se decidiu a ista reforma, que viria dar un meirande hourizonte á Literatura Galega. Prefírese i-lo reducindo, limitando coáseque a un idioma de laboratorio. Eu mesmo estou escribindo agora com’os mais, vendo a esterilidade da miña suxerencia, ainda que nos libros seña leal á miña ideia”.

Ref:

[1] Os poetas galegos (1936). Antoloxía consultada com estudo preliminar de Xesús Alonso Montero, Pontevedra: Museo de Pontevedra, 2008.

 

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