A Associaçom de Estudos Galegos (AEG) vem de dar a lume o número 7 da revista Kallaikia (dezembro de 2021). É uma revista semestral, não monográfica de umas 150 páginas por número. Neste caso, o motivo da publicação é homenagear o antigo membro do Conselho de Redaçom da Kallaikia Afonso Mendes Souto, finado em agosto de 2019.
A AEG nasceu em 2016 após um cisma no seio de uma outra Associaçom, a Galega da Língua (AGAL). Quando a AGAL decidiu em assembleia renovar o seu Conselho e dar uma viragem à estratégia normativa, uma parte das sócias, entre elas várias integrantes da hoje extinta Comissom Lingüística, decidiram abandonar o navio agálico. Este sector criou em seguida a AEG e dotou‑a da revista Kallaikia.
Segundo a própria AEG anunciou no seu site ao apresentar a revista, «os trabalhos relativos ao corpus e o status da nossa língua terám um lugar permanente nas páginas da revista Kallaikia», sendo uma entidade «vocacionada para o estudo e a divulgaçom científica do padrom galego e da nossa língua». Então, tem «a nossa língua como eixo articulador e abrange todos os ámbitos do saber e a Galiza como referente principal» com o alvo de «exercer, a partir deste canto da Europa ocidental, a verdadeira forma do universal». A revista cede também espaço para «outras áreas das ciências sociais e naturais, assim como as artes», tudo «com umha perspectiva de inequívoco serviço à construçom nacional da Galiza».
Desde o seu nascimento em outubro de 2016 (número 1), a Kallaikia tira dois números anuais, um pelo inverno e um outro pelo verão, a andar cada um por volta das 150 páginas.
Desde o seu nascimento em outubro de 2016 (número 1), a Kallaikia tira dois números anuais, um pelo inverno e um outro pelo verão, a andar cada um por volta das 150 páginas. Para além de artigos de investigação ou divulgação, todos os números incluem três secções permanentes: uma literária, uma de recomendações e uma «galeria» de peças gráficas esparsas por todo o volume. Neste primeiro lustro de vida, o prelo da AEG tem oferecido trabalhos de tão diverso tipo como «Anticolonialismo e Irmandades da Fala, com a Guerra do Rif ao Longe», «Dos inícios da apicultura à problemática do vespom asiático» ou «Wernher von Braun: da arma de represália nazi V‑2 à Lua», não sendo nenhum dos seis primeiros números de carácter monográfico. Ainda que o sétimo também não esteja redigido em volta de um único tema, sim dedica vários textos a um mesmo fim.
Desde outubro de 2016, a ‘Kallaikia’ tira dois números anuais, um pelo inverno e um outro pelo verão, a andar cada um por volta das 150 páginas. Esta publicaçom volta de novo após um hiato de dous anos pola pandemia.
Após um hiato de dois anos a consequência da pandemia (dificuldades para «a entrega de trabalhos, o funcionamento das gráficas e a própria dinámica organizativa de muitos coletivos como o nosso», segundo declarava a própria AEG via Twitter), a Kallaikia retomou a atividade para oferecer um número homenagem ao Afonso Mendes Souto, falecido na Corunha em agosto de 2019 quando contava 39 anos.
O Afonso Mendes Souto (Monte Alto, Corunha, 1980) foi um ativo quadro do processo de libertação nacional galega, involucrado desde logo na extinta organização estudantil AGIR, participou na criação da juvenil Briga e militou em Nós-UP e Primeira Linha. Foi ainda notável a sua implicação no Centro Social A Comuna, no seu bairro. Estudou Filologia Galego-Portuguesa na Universidade da Corunha, concluiu os estudos de português na EOI daquela cidade, lecionou língua e literatura galegas profissionalmente e foi um dos sócios que abandonaram a AGAL para fundar a AEG. Fez parte, até o seu passamento, do Conselho de Redaçom da Kallaikia.
Pelas palavras do Comité de Redaçom da revista em comunicação ao Novas da Galiza*, o «desgraçado e inesperado falecimento do companheiro abalou a nossa entidade»; neste sentido, o número 7 pretende «reivindicar o seu compromisso exemplar de toda umha vida com valores como os que a AEG e a Kallaikia representam». Para tal, inclui «um valioso trabalho de pesquisa da autoria do Afonso, bem como poemas inéditos do companheiro, ilustrado polo desenho que amavelmente nos cedeu Carlos Calvo para reproduzirmos na capa».
*Este artigo foi publicado originariamente no Novas da Galiza.