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Loli L. Caión: “Sou uma grande amante da cultura galega”

img-20201123-wa0000Nascida em Burela no período da Transição, estudou Ciência Política e da Administração na Universidade de Santiago de Compostela (USC). Funcionária do Estado em excedência, trabalha no Hospital Lucus Augusti (HULA). Quando se apresenta, enfatiza a maternidade (“sou mãe de uma nena e um neno”, diz) e o seu compromisso com a língua galega, que nasceu com ela. Desde vários anos atrás, participa na associação Carballo Vivo -empenhada na dinamização cultural e económica do âmbito local- e foi a principal impulsora dos clubes de leitura do Scórpio, a iniciativa realizada em 2020 sob o título “Desconfinamos a obra de Carvalho Calero“.

Talvez poderia ficar com um certo tom original se a entrevista começar com uma autoapresentação da entrevistada. Lóli… é o seu momento!

Nasci em Burela, mas vivo em Friol. Trabalho no Hospital de Lugo. Tenho um filho e uma filha e sou uma grande amante da cultura galega e defensora da nossa língua.

 É uma boa apresentação, que está em consonância com o lugar de nascimento, na Marinha do Cantábrico. Se nasceu em Burela, como foi que abandonou um lugar tão especial?
Nasci e cresci em Burela e volto sempre que posso, porque tenho a Marinha no coração. Mas a vida dá voltas e desde há quase quinze anos moro em terras do interior, concretamente em Friol.

E em que instituto estudou? Talvez no IES Perdouro como eu?
Estudei já há uns tempos e o mapa educativo mudou muito. Naquela altura o nome do Instituto era “Os Matos”; agora chama-se IES Monte Castelo. O IES Perdouro em que tu estudas era uma escola de Formação Profissional.

E você foi educada em galego, em espanhol ou em ambos os idiomas?
A minha língua é a galega. Na nossa casa todo o mundo a falava sempre. Na educação infantil tive mestras que falavam espanhol (eram os primeiros anos da Democracia), mas na EGB -fui ao Colégio dos Castros, que tinha o nome de Virgem do Carmo, por sermos uma localidade marinheira- já tive outros mestres que nos falavam em galego. A aprendizagem da escola era uma continuação da aprendizagem recebida da família.

E quando começou a especializar-se em galego-português?

Não me especializei…  Um tempo atrás compreendi que o único caminho que resta à nossa língua é a normalização da sua gramática mediante o uso da norma internacional (a norma do galego-português). Ainda estou em período de aprendizagem. Por enquanto, combino  o uso da norma da RAG com aquilo que aprendi de maneira autodidata da escrita reintegrada.

Um tempo atrás compreendi que o único caminho que resta à nossa língua é a normalização da sua gramática mediante o uso da norma internacional (a norma do galego-português).

Para além do uso de umas normas ou outras na hora de escrever, está implicada em muitas dinâmicas normalizadoras.

samain-2019-con-castronela-en-friol-obradoiro-de-colares-de-zonchos-con-nenas
Samaín 2019 em Friol, num obradoiro de colares de zonchos com nenas.

Colaboro em muitas, sim. Principalmente com a Associaçom “Carballo Vivo“, que tenta fazer chegar todo tipo de actividades ao rural: dos jogos populares ao teatro, apresentações de livros e até concertos. Ao mesmo tempo que organizamos eventos académicos como o Prémio de Investigação Concelho de Friol e o Dia de Rosalia, diversificamos a oferta para todos os públicos através de festas populares: agora mesmo estamos em preparação do Entruido. Colaboramos com a Rede Museística da província de Lugo, com o Concelho e o CPI Dr. López Suárez de Friol e ainda com outras associações de âmbito local e  comarcal como a Plataforma para a recuperação da Torre

Presentaçom da publicaçom de Antón Meilán na Torre de Sam Paio no marco da Plataforma para a recuperaçom da Caldaloba.
Presentaçom da publicaçom de Antón Meilán na Torre de Sam Paio no marco da Plataforma para a recuperaçom da Caldaloba.

da Caldaloba. Já a título individual, participo em Castronela -uma associação de recriação histórica do tempo da conquista romana- e nela ocupo-me de organizar a feira de artesanato que acompanha a festa galaico-romana a celebrar na segunda semana do mês de maio.

Dou por feito que conhece o Modelo Burela!  
Sim. Conheço-o e estou orgulhosa de fazer parte da família do Modelo Burela. Em Friol levamos a cabo uma jornada de dinamização económica justamente antes do começo da pandemia. Os resultados foram alentadores e ainda temos pendente uma exposição. Sei também da existência do programa de promoção da incorporação de novas vozes (o Projeto Neo) junto com o da divulgação das músicas através rádio internacional e das colaborações com o Christian Salles. Dou-vos os parabéns porque, pela primeira vez, existe na Marinha a oferta de preparação do nível B1  de Língua Portuguesa para as Escolas de Idiomas. Precisamente eu estive a ponto de fazer a minha matrícula neste curso, mas finalmente tive que desistir por questões de trabalho.

Sim, estamos em pleno processo de preparação do nível B1. De facto, esta entrevista nasceu como uma prática académica para esse fim. Se for publicada, seria como um prémio; é a primeira que faço.
Parabéns! Sinto-me orgulhosa por isso. Gostei muito de conversar contigo.

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