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“Juventude, diáspora e mobilidade” resolve dados positivos para o futuro do português na Galiza

«Precisamos nun futuro próximo ampliar o cadro de profesorado en lingua portuguesa. (…) Pretendemos tamén comezar, ou comezamos este ano, a convocar vagas de profesores de lingua portuguesa, este ano 4 pero somos conscientes de que é un número pouco significativo que debe ser incrementado nas próximas convocatorias»

Valentín García, Secretário Geral de Política Linguística da Junta da Galiza.


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No passado dia 11 de Outubro decorreu em Santiago de Compostela a Conferência intitulada “Juventude, diáspora e mobilidade” organizada pela Comissão Temática da CPLP e a AGLP (Academia Galega de Língua Portuguesa) com o apoio da USC (Universidade de Santiago de Compostela), a DPG (Associação de Docentes de Português da Galiza), a Fundaçom Mendinho e a AGAL (Associaçom Galega da Língua).

A sessão dividiu-se em dois períodos, de manhã e tarde. No que diz respeito à abertura oficial, as autoridades presentes tiveram só palavras boas e de agradecimento pelos convites e pela iniciativa de se organizar este encontro na Galiza.

Nesta sessão de intercâmbio e convívio muitos temas de interesse foram tratados e colocados acima da mesa.

Da parte da manhã a conferência foi inaugurada entre outras personalidades pelo Diretor Geral de Relações Exteriores e com a União Europeia, Jesús María Gamallo Aller, a salientar a referência feita à «renovación do compromiso da Xunta de Galicia con todo o que ten que ver e significa a lusofonia. (…) compromiso que é crecente ademais, e non porque o diga eu, se non porque o di a lei» e ainda falou na necessidade de que a Galiza tome um papel mais ativo e com uma maior implicação dentro da CPLP.

Nesta abertura a Diretora Geral da CPLP,em representação do secretário Executivo, Georgina Benrós de Mello salientou o trabalho desenvolvido até o momento pelos Observadores Consultivos galegos já na CPLP (a AGLP ou o CCG).

«O mandato do CCG é sobre a lingua galega, non sobre a portuguesa», afirmou Rosario Álvarez, presidenta do Consello da Cultura Galega.

A seguir à pausa do café o Subdiretor Geral de Relações Exteriores e com a União Europeia, Xosé Lago Garcia referiu os programas existentes na atualidade a nível do ensino superior na Galiza com Portugal e o seu sucesso até o momento.

E na última sessão da manhã falou-se de mobilidades académicas de um ponto de vista de experiência mais de vida pessoal e as suas implicações, como nos relatou Joam Evans Pins; ou a nível mais institucional e as suas implicações como referiu o professor doutor Elias Torres: «eu vou falar desde dentro da lusofonia, eu faço parte quer queiram quer não».

Antes de abrir a sessão da parte da tarde, a professora Teresa Moure colocou uma reflexão sobre o significado de mobilidade ao longo dos tempos e como sentem os galegos e as galegas este termo neste canto do mundo; uma vez que para a sociedade galega a diáspora foi e é uma ferida que desangra, pois na maior parte dos casos a mobilidade é forçada, já que os pobres emigram e os ricos viajam.

As seguintes e últimas intervenções antes do encerramento giraram à volta das diferentes mobilidades existentes e promovidas a partir da Fundação Calouste Gulbenkian, a própria Associação de Universidades de Língua Portuguesas e a associação de Docentes de Português na Galiza.

A Fundação apresentou as suas parcerias para a mobilidade de estudantes e investigadores. Colocou o foco na confiança entre parceiros, pois só com base na confiança é que se podem abrir parcerias, porém a confiança é algo que custa muito ganhar mas que acaba por dar igualdade entre aliados.

A associação de Universidades mostrou os números no que diz respeito a estudantes e professores que se deslocam entre universidades de língua portuguesa. Mas esta mobilidade deve ser trabalhada ainda muito pois são apenas estudantes a irem de sul a norte e professores de norte a sul. Esta tendência terá que sofrer alterações para implicar mobilidade em toda a regra.

A Professora Mariana Portas ainda dedicou um tempo extenso a falar da “Plataforma9”, portal que considera de máxima relevância para o mundo de língua portuguesa. Chamou a atenção para os dados de número de utilizadores e locais onde estão geolocalizadas tanto as notícias como as visualizações. Acabou por chamar a atenção de ser um galego, Gonçalo Cordeiro, o responsável pelo portal.

A Professora da DPG, Antia Cortiças Leira fez uma apresentação sobre o que supõe e o que é a mobilidade para os galegos, nomeadamente o programa Erasmus e as repercussões que este tem nas vidas pessoais e profissionais dos participantes.  E qual é o papel da língua portuguesa na mobilidade destes estudantes; aproveitou, de passagem, para dar os dados de ensino-aprendizagem do português no ensino público galego, assim como a posição dos docentes a respeito da língua, em que só 1% acha que o português é uma língua estrangeira como qualquer outra, e os restantes, variando os matizes, têm em conta a proximidade da língua portuguesa ao galego. Nomeou os programas de mobilidade em vigor e os dados dos professores de língua portuguesa que se mobilizam a Portugal para formação. Acabou por concluir o que a Galiza acaba por ganhar, que é muito, com o estudo da língua portuguesa e o que o resto da lusofonia fica a ganhar também com a presença da Galiza neste contexto.

A intervenção da Cátedra UNESCO, Políticas Linguísticas para o Multilinguismo, do Professor Doutor Gilvan Muller de Oliveira versou sobre a mais-valia que gera o Multilinguismo, o plurilisguismo e a existência de línguas com preponderância a nível mundial mas que são, ou deverão ser, articuladas como pluricêntricas.

Para encerrar a Conferência, a moderadora Graça Viegas falou-nos do papel da Fundação Oriente com sedes em Macau, Goa e Timor.

A do Secretário Geral de Política Linguística, Valentín García, era uma das intervenções mais esperadas do dia e começou referindo a importância da aprovação da ILP Paz-Andrade, que compromete a melhoria do conhecimento do português na Galiza. O próprio Secretário Geral assume este compromisso e anuncia a implementação de um projeto piloto para o ensino primário. Apelou assim mesmo para a convocatória de mais vagas para o ensino secundário e congratula-se pela participação da administração pública em programas da RTP-TVG, Festivais de música, o aRi(t)mar, os Cantos na Maré ou os encontros culturais de Convergências – Portugal/Galiza.

A notícia mais destacável e que mais espaço ocupou na intervenção foi esse anúncio de alargar o quadro de professores de língua portuguesa na Galiza, e agradecer a boa disposição das várias entidades envolvidas.

“A notícia mais destacável foi o anúncio de alargar o quadro de professores de língua portuguesa na Galiza”

Para finalizar o dia, a Reitoria da Universidade de Santiago de Compostela convidou a uma sessão de convívio entre as autoridades participantes. Durante este encontro houve oportunidade para a troca de ideias e opiniões num contexto mais descontraído, houve espaço para breves discursos de agradecimentos e declarações de intenções, como foi a do próprio Reitor da USC quem se comprometeu a começar a trabalhar para que esta Universidade possa vir a fazer parte da Associação de Universidades de Língua Portuguesa.

Para concluir colocamos estas palavras do Secretário Geral de Política Linguística da Junta da Galiza: «A Galiza é um país com 2,7 milhões de habitantes que pretende ocupar um espaço lusófono».

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