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Filipe de Sousa: “A Rádio Internacional Lusófona quer ir onde o povo está”

filipe3Filipe de Sousa  (São Sebastião da Pedreira – Lisboa, 1949) é empreendedor social, palestrante, jornalista, fundador, editor e Diretor do jornal Gazeta Valeparaibana e das rádios web CULTURAonline BRASIL e Rádio Internacional Lusófona.  Fundador das entidades Formiguinhas do Vale, ALeste, DowBrail e Você e Movimento Internacional Lusófono, desenvolve ações sociais na cidade de São José dos Campos (São Paulo), desde onde colabora com  a Associação Brasileira de Jornalistas e com a União Brasileira de Jornalistas, entidades que lutam pela liberdade de expressão e de pensamento.
A Galiza, a rádio como ferramenta de comunicação intercontinental e a necessidade de reorientação dos vínculos de colaboração entre os países da Lusofonia são alguns dos temas tratados nesta entrevista.

Filipe de Sousa é diretor da Rádio Internacional Lusófona, a emitir desde São José dos Campos para o mundo todo. Conte-nos como começou este projeto.
Este projeto começou com o advento da entrada na  rádio CULTURAonline BRASIL de um professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Loryel Rocha, que teve participação decisiva na apresentação do programa FESTA DA LÍNGUA que a CULTURAonline BRASIL patrocinou e emitiu ao vivo durante 24 horas, com um sucesso estupendo de audiência do princípio ao fim (o 95% dos ouvintes eram de fora do Brasil).

Como se pode ver na página web da emissora, é um projeto relacionado com o Movimento Internacional Lusófono. O MIL tem como objetivo avançar na unidade do espaço lusófono internacional, cultivando nos cidadãos destes povos uma consciência de união com base na cultura comum. Qual é a sua trajetória pessoal neste movimento?
Fui fundador do Movimento Internacional Lusófono no Brasil, mas por absoluta falta de tempo não aceitei nenhum cargo na diretoria inicial. Hoje a Presidente é a Prof. Mariene Hildebrando, nossa amiga e colaboradora do jornal Gazeta Valeparaibana do qual sou diretor e editor responsável. A nossa amizade não nos separa, embora tenhamos idéias diferentes sobre a Lusofonia, sua colocação no mundo do século XXI, bem como sobre as suas origens.

Quanto à sua relação pessoal com a lusofonia, como é que começou o seu interesse pelo tema?
Esse interesse começou no ano de 1967 em Almada (Portugal). Com então 17 anos  escrevi meu primeiro e único artigo para o jornal da Almada; em virtude do teor bati de frente com o salazarismo e fui simplesmente proibido de publicar ou de falar na imprensa portuguesa. A continuidade se deu após minha volta ao Brasil em 1975, após a Revolução dos Cravos. Para Salazar eu era comunista; para os capitães do 25 de Abril (PCP) era uma espécie de fascista.

Em que altura teve você notícia da excepcional situação da Galiza dentro da comunidade lusófona?
Recentemente, quando me aprofundei mais sobre países e sua relação com a Lusofonia; precisamente quando me opus formalmente à admissão da Guiné Equatorial na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Infelizmente, a Galiza -por ser um território e não um Estado- tem sérias dificuldades para participar oficialmente da CPLP. Por direito, tem de ocupar seu espaço e participar da discussão linguística.

O projeto da Rádio Internacional Lusófona (RIL) tenta aproximar entre si as culturas de toda a esfera lusófona. Embora seja um projeto cultural, também tem muito de político.
A RIL é essencialmente política e busca sua posição dentro da Lusofonia, não por colonialismo, mas pela importância da língua. Tentamos destacar as semelhanças e afinidades nas culturas que são comuns a todos os falantes das línguas portuguesas, ou seja, das línguas que tiveram a norma culta como mãe, mas que como filhos dela evoluíram e acrescentaram. E isto bate de frente com a visão do MIL português, que é como uma bíblia para o MIL Internacional.

Tentamos destacar as semelhanças e afinidades nas culturas que são comuns a todos os falantes das línguas portuguesas, ou seja, das línguas que tiveram a norma culta como mãe, mas que como filhos dela evoluíram e acrescentaram.

A RIL tenta, portanto, representar todos os membros deste espaço lusófono mundial. Nesta altura, com quantos países e comunidades de todo o mundo tiveram a oportunidade de colaborar?
Falando de colaboradores, infelizmente a liberdade de expressão ainda não é realmente respeitada na grande maioria dos países lusófonos, exceptuando Portugal e Brasil. E isto tem levado a muitos a ter um certo receio de se colocar dentro das normas da Internacional Lusófona. Veja-se o caso do nosso confronto com a Guiné-Equatorial, uma ditadura onde ninguém fala português e que está em total desacordo com o Estatuto da CPLP e a busca constante pela liberdade de pensamento e expressão. O contraditório ainda não é muito bem aceite no movimento.

A lusofonia é uma comunidade com muito peso quanto à política internacional.  Qual é o modelo que você gostaria de ver implementado para a lusofonia quanto à representação internacional desta comunidade? Algo parecido com a Commonwealth of Nations, ou, se calhar, algo mais descentralizado?
filipe-1_250x1885470O modelo ou os modelos, pois teremos pelo menos dois. O que interessa principalmente à CPLP  é a língua como instrumento de colonização com fins de abrangência de espaço para os interesses comerciais de Portugal dentro dos países lusófonos (e, pelo visto, não só entre os lusófonos). A nossa via pretende trazer o povo para dentro do que vemos como importante: a amizade e o compartilhamento de culturas e saberes. Enquanto a CPLP e a MIL perseguem seus fins coloniais, a RIL quer ir onde o povo está. Se realmente quisessem -mais a CPLP do que o MIL- difundir a língua portuguesa, bastaria enviar alguns DVDs e fazer chegar o sinal das televisões a todas as Escolas dos países que diz abranger.

Na página do RIL há uma citação de Chrys Chrystello que diz “a lusofonia é uma capela sistina inacabada”. Quais acha que são os passos a seguir para podê-la terminar?
Sim, esse foi um texto com o qual a RIL se identificou. O caminho é por aí. O passo a seguir é persistir. Não desanimar.

Finalmente, a modo de conclusão, se você tiver alguma reflexão quanto aos temas tratados, ficaria muito obrigada de a conhecer.
Em próximas datas, vou ministrar uma palestra por convite do Modelo Burela, com quem estamos colaborando desde um tempo atrás com a emissão do programa Grandes Vozes. Nessa ocasião poderemos conversar demoradamente a respeito das nossas visões culturais e políticas. Qualquer oportunidade é boa para recalcar a ideia de que a lusofonia não pode ser uma pretensa neo-colonização portuguesa. Paz e bem!

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