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Épica no âmbito educativo: Burela foi capital do diálogo entre culturas

A leitura pública do ‘Chiquinho’ durante 8 horas reuniu mais de 200 pessoas

“A leitura do Chiquinho é um importante estímulo para os estudantes; uma forma prazenteira e única de dar a conhecer a obra literária em si, a riqueza da identidade e a cultura do povo cabo-verdiano, e que a literatura cabo-verdiana tão bem retrata”.
Com estas palavras, Ney Cardoso – embaixador de Cabo Verde – encerrou uma jornada autenticamente épica. Desta vez foi a épica do século XXI: a do diálogo como via para alcançar a igualdade de oportunidades. Os obstáculos e resistências a uma iniciativa destas características começaram a ser vencidos desde o momento em que era apresentado o programa do I Dia da Literatura Cabo-Verdiana. Desde o dia 8 de fevereiro o processo dinamizador estava em andamento e conseguia o propósito fundamental: aglutinar; fortalecer a coesão. A resposta transcendeu a comunidade educativa e foi contundente: a sociedade quer e defende a igualdade de oportunidades.

Neste 2023 cumpre 75 anos a primeira grande obra narrativa da literatura de Cabo Verde. Trata-se de Chiquinho, um romance escrito por Baltasar Lopes da Silva que viu a luz em 1947. A obra marcou o inicio da literatura cabo-verdiana, cobrindo temas locais e da cultura crioula. Com este motivo, Burela acolheu a celebração do primeiro ‘Dia da Literatura Cabo-verdiana’. A partir das dez da manhã começou na biblioteca do IES Perdouro uma leitura continuada do Chiquinho a cargo de duzentas pessoas, entre as que se estavam os alunos e alunas do centro. Na inauguração participaram uma estudante –Noemy dos Reis Cardoso Borges-, a professora de Língua Portuguesa –Vanesa Vila Verde-, o alcaide de Burela –Alfredo Llano– e a Conselheira da Embaixada de Cabo Verde, Odete Alves.

Na inauguração participaram uma estudante –Noemy dos Reis Cardoso Borges-, a professora de Língua Portuguesa –Vanesa Vila Verde-, o alcaide de Burela –Alfredo Llano– e a Conselheira da Embaixada de Cabo Verde, Odete Alves.

Noemy Cardoso, aluna que abre a leitura Cabo-Verdiana, Maria José Pardinhas, diretora do IES Perdouro, Alfredo Llano, alcaide de Burela, e a professora de português, Vanessa Vila Verde.

O projeto de intervenção educativa Modelo Burela destaca que “por primeira vez na história, a mais universal das crianças cabo-verdianas falou em público no seu idioma próprio: o cabo-verdiano, resultado da síntese do galego-português e das línguas africanas dos povoadores do arquipélago”.
As palavras do discurso foram preparadas para a ocasião por Edilson Sanches Tavares, estudante de Línguas Modernas na Universidade de Santiago, e por Noemy dos Reis Cardoso Borges, a estudante encarregada de abrir o encontro pondo voz a esse fragmento.

Por oito horas Burela foi “a capital cultural da expressão galego-lusófona”. Após as leituras de Odete Alves e de Alfredo Llano, participaram um grupo de alunos e alunas do IES Marco de Camballón e o seu professor Séchu Sende. Depois de um descanso aproveitado para tirar fotografias comemorativas e para gravar um programa para o Zig-Zag Diario, da TVG, foram retomadas as leituras com a participação da politóloga Susana Basanta; de Natalia Irimia, coordenadora do Equipo de Dinamização Linguística do IES Perdouro; e do professor Lourenço Gomes, da Universidade de Cabo Verde, que falou através de uma videoconferência.

Através de vídeos também foi ouvida a voz de Christian Salles, do Rio de Janeiro, um historiador brasileiro muito ativo nas redes de comunicação no espaço galego-lusófono, e também a da professora e escritora Laura Ramos Cuba, formada nas aulas do IES Perdouro.

Francisco Pereira, deputado do PAICV, com Rocio Rivera Seara, da A. C. Ledicia.

Não faltou o almoço de irmandade, preparado por Fernando Quelle Cordido e servido no bar da escola. Estudantes e docentes acompanharam na mesa dois convidados especiais: Francisco Pereira, político cabo-verdiano; e Anja, investigadora holandesa especializada no estudo das migrações.

Um dos momentos mais especiais teve lugar às três da tarde, quando o Chiquinho reuniu na mesma mesa duas autoridades da cultura em Burela: Rocío Rivera Seara, da Associação Cultural Ledicia, e Antonina Semedo, uma das fundadoras de Batuko Tabanka.

As dinamizadoras culturais Rocío Rivera, Antonina Semedo -uma das fundadoras de Batuko Tabanka- e a aluna Noa Castro.

Entre as últimas pessoas que participaram na leitura, sendo encarregadas portanto de ler as últimas páginas do livro, estiveram a futebolista Jozie, do Burela FS; e em representação da USC as professoras Helena González, Felisa R. Prado e Elias Torres, decano da Faculdade de Filologia.

As três últimas leituras e intervenções corresponderam a María José Pardiñas, diretora do IES Perdouro; a Francisco Pereira, deputado do Parlamento de Cabo Verde, que viajou expressamente a Burela para participar nesta celebração; e ao Excelentíssimo Sr. Ney Cardoso, embaixador de Cabo Verde, que se conectou via videoconferência e que alentou o professorado a investir no futuro dos jovens cabo-verdianos “porque é investir no futuro da coletividade”.

Depois da repercussão e emotividade da jornada, tanto o deputado Francisco Pereira como o advogado de Modelo Burela destacaram uma cita de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.

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