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Díaz Pardo, um grande galego bom e generoso

Martiño de Lopo
Martiño de Lopo

Com os dous depoimentos anteriores reiniciei a série dedicada a grandes vultos da lusofonia, deixando de publicar artigos sobre pessoas coletivas do mundo lusófono. O presente artigo está dedicado a outro grande galego, generoso, bom e com uma grande dignidade em todas as suas ações e o seu labor a favor da Galiza e da sua cultura.

Isaac Diaz Pardo (1920-2012) é natural da cidade de Compostela. Nascido no mês de agosto de 1920, completa-se neste ano o centenário do seu nascimento.

Pela sua grande valia, o seu labor e a sua profunda dignidade é um dos vultos mais importantes da nossa terra, merecente sem dúvida das melhores homenagens que possamos fazer-lhe. O presente depoimento faz o número 63 da série que estou a dedicar aos grandes vultos da Lusofonia, e o 175 da série de grandes vultos da humanidade iniciada no seu dia com Sócrates, o grande educador grego da antiguidade.

UMA PEQUENA BIOGRAFIA

Por considerá-la muito acertada e interessante, coloco a seguir a biografia de Diaz Pardo publicada no seu dia pelo professor galego José Mª Casariego Guerreiro.

Diaz Pardo com a sua mãe e o seu pai.
Diaz Pardo com a sua mãe e o seu pai.

Isaac Diaz Pardo nasceu a 22 de agosto de 1920 em Compostela, onde viveu durante os seus anos da infância e primeira mocidade, tendo como morada familiar a famosa “Casa da Tumbona”. Os seus pais foram Antónia Pardo Méndez e o pintor, ilustrador e cenógrafo Camilo Diaz Balinho, vilmente assassinado pelos fascistas franquistas a 14 de agosto de 1936 em Palas de Rei. Muito cedo começou a trabalhar no obradoiro de seu pai, propriedade da empresa Fraga, e desenhou e pintou junto dele cartazes de propaganda do Estatuto de Autonomia galego, quando só contava com dezasseis anos de idade. Esta primeira experiência artística pu-lo em contacto com destacados vultos da cultura galega naquela altura, como Castelão, Ângelo Casal (outro dos mártires do fascismo franquista), os irmãos Vilar Ponte, Ramão Cabanilhas, Candeira, etc. A raiz do golpe de estado franquista de 1936, o seu pai, tal como antes comentamos, foi “passeado” e assassinado e Isaac teve que se ocultar e esconder-se com o seu tio Indalécio num andar da cidade da Corunha, até o ano de 1937, em que começou a trabalhar de operário numa fábrica de pintura industrial, chamada “Casa Bianchi”.

Terminada a guerra incivil (tal como a denominava de forma acertada Castelão), ingressou na Escola de Belas Artes de S. Fernando de Madrid, tendo que conformar-se com estudar este curso, já que a sua situação económica não lhe permitia estudar o de Arquitetura, como ele tinha previsto e desejado. Em 1942 finalizou os seus estudos e, depois de ter conseguido uma bolsa de “Conde de Cartagena”, realiza uma viagem que vai ser muito importante para os seus interesses pictóricos. Durante esta etapa da década de quarenta exerceu como professor de Desenho na Escola Superior de Belas Artes de S. Jorge em Barcelona e dedicou-se à pintura, chegando a expor as suas obras em Madrid, Barcelona e até em Londres. Em 1945 casou com Carmen Árias Montero (conhecida como “Mínima”), que estudara com ele na Academia madrilena de S. Fernando.

Terminada a guerra incivil (tal como a denominava de forma acertada Castelão), ingressou na Escola de Belas Artes de S. Fernando de Madrid, tendo que conformar-se com estudar este curso, já que a sua situação económica não lhe permitia estudar o de Arquitetura, como ele tinha previsto e desejado.

Em 1949 iniciou o seu labor artístico-industrial fundando o complexo industrial de Cerâmicas de O Castro de Samoedo em Sada (Corunha), centrando-se num primeiro momento na criação própria, como os famosos jarros representando os monstros do Pórtico da Glória da catedral compostelana, e também os nus femininos, junto com outros mais motivos.

Em 1955, com grande sucesso como pintor e criador, dá à sua vida um giro importante e, numa espécie de exílio voluntário, viaja a Buenos Aires, onde se põe em contacto com o círculo cultural e político dos galegos exiliados: Rafael Dieste, Blanco Amor, Luís Seoane, Lourenço Varela, Núnhez Bua e outros, artistas com que trabalha em múltiplas empresas culturais. Neste momento inicia a sua colaboração na revista Galicia Emigrante, que dirigia em terras argentinas Luís Seoane, e cria uma indústria de cerâmica na Magdalena, a poucos quilómetros do Rio da Plata, que mantém ao mesmo tempo que a do Castro, e que o obriga a viajar constantemente da Galiza a América permitindo-lhe servir de contacto entre o interior e o exílio.

Diaz Pardo com Luís Seoane.
Diaz Pardo com Luís Seoane.

Em 1963 assinou um convênio com Seoane pelo qual criou o Laboratório de Formas de Galiza, por meio dele projetaram o restauro da fábrica de Sargadelos em Cervo, criaram o Museu Carlos Maside e fundaram a editorial do Castro em Sada, instituições culturais que vão recolher e modernizar na altura o legado cultural da Galiza. Após estes projetos, e com a ajuda do arquiteto Fernández Albalat, é criada a indústria de Cerâmica de Sargadelos em Cervo e no ano de 1972, o Laboratório de Formas consegue que se declare Conjunto Histórico-Artístico o antigo recinto criado no seu dia pelo marquês de Sargadelos em aquele belo recanto luguês. Neste momento nasce também o Seminário de Estudos Cerâmicos de Sargadelos, que organiza e celebra encontros anuais e estivais de Tecnologia e a Escola Livre, por onde passam numerosos artistas, desenhadores, ceramistas, oleiros, arquitetos, etc. Com a ajuda de Ramão Pinheiro e outros colaboradores, em 1977 cria-se o Instituto Galego de Informação, uma instituição orientada para o mundo da comunicação, que, infelizmente, quase não pôde desenvolver qualquer labor, incluída a recuperação prevista do SEG (Seminário de Estudos Galegos) e ficou só em projeto. Todas as entidades mencionadas, junto com as muitas galerias Sargadelos abertas nas principais cidades da Galiza, e nalgumas do Estado e da Europa (Madrid, Barcelona, Granada, Milão…) chegaram a conformar a estrutura do Grupo Sargadelos, com que se desenvolveu um projeto integral de restauração para a Galiza, embora hoje, em plena crise, quase não exista.

Em 1963 assinou um convênio com Seoane pelo qual criou o Laboratório de Formas de Galiza, por meio dele projetaram o restauro da fábrica de Sargadelos em Cervo, criaram o Museu Carlos Maside e fundaram a editorial do Castro em Sada, instituições culturais que vão recolher e modernizar na altura o legado cultural da Galiza.

Diaz Pardo faleceu a 5 de janeiro de 2012 na Corunha.

Nota: Sobre a vida e a obra de Isaac Diaz Pardo podemos encontrar mais informações se entramos nas ligações da wikipedia, na Biblioteca de Galicia en publico.es ou europapress.

DIAZ PARDO NA LEMBRANÇA

Isaac Díaz Pardo com a sua companheira, Carme Arias.
Isaac Díaz Pardo com a sua companheira, Carme Arias.

Não se tem distinguido a Galiza precisamente por ter tido muitos filhos bons e generosos. Na nossa terra primou muitas vezes mais o interesse pessoal, a egolatria, o partidismo e o sectarismo. Ao nosso modesto entender, e aceitamos poder estar enganados, Isaac Diaz Pardo foi durante muitos anos uma das personalidades mais dignas que tivemos os galegos. O herdeiro doutras pessoas dignas como Castelão, Vilar Ponte, Otero Pedraio, Bóveda, Biqueira, Ben-Cho-Shei, Dieste, Marinhas del Valle, Paz Andrade, Antão Fraguas, Ferro Couselo, Joaquim Lourenço ou Carvalho Calero. Que, sem parar, desenvolveram um imenso labor por esta nossa comunidade atlântica. Pela sua cultura e pela sua identidade como povo e como nação.

 

Este insigne galego, com o maior dos merecimentos, foi justamente honrado por diversas instituições, e também pelas nossas universidades, assim como por várias entidades culturais, que lhe organizaram justas homenagens de reconhecimento pelo seu grande labor a favor da Galiza e a sua cultura. Infelizmente, por não ter sido convidados não pudemos, quem nos dera, estar presentes nos atos realizados. Em carta privada há bastantes anos, encontrando-nos na linda localidade de Corcubião, passando o mês de agosto das nossas férias de verão, fizemos-lhe chegar os nossos parabéns e a alta estima que lhe tínhamos desde há muito tempo à sua pessoa exemplar. Conhecemos pessoalmente o Isaac na década de oitenta. As Jornadas do Ensino da Galiza e Portugal, cuja organização presidíamos, renderam-lhe de forma conjunta, em Ourense, a Valentim Paz Andrade e a ele, uma merecida homenagem na cidade das Burgas. Mais tarde, na mesma década, organizáramos nos seus locais do Castro, no concelho de Sada, as primeiras edições da Escola de Verão da Corunha-Ferrol, para docentes da comarca. Os locais foram cedidos pelo Isaac de forma totalmente gratuíta e mesmo os coordenadores dos cursos celebrados comiam grátis nos refeitórios daquele centro artesanal, editorial e cultural. Dos anos 1981 ao 1983 editáramos lá vários exemplares da nossa revista O Ensino e o monográfico de Joaquim Lourenço intitulado Os enredos dos rapazes, em que se recolhem os jogos tradicionais da comarca ourensana de Lobeira. Sempre com a ajuda desinteressada do Isaac. E, o que é mais de agradecer, com o seu ânimo apoiando as cousas positivas da terra. Uns anos mais tarde os assistentes às “Jornadas do Ensino” fomos visitar na excursão final o centro de Sargadelos no município de Cervo, agindo ele como guia da nossa visita.

As Jornadas do Ensino da Galiza e Portugal, cuja organização presidíamos, renderam-lhe de forma conjunta, em Ourense, a Valentim Paz Andrade e a ele, uma merecida homenagem na cidade das Burgas. Mais tarde, na mesma década, organizáramos nos seus locais do Castro, no concelho de Sada, as primeiras edições da Escola de Verão da Corunha-Ferrol, para docentes da comarca. Os locais foram cedidos pelo Isaac de forma totalmente gratuíta e mesmo os coordenadores dos cursos celebrados comiam grátis nos refeitórios daquele centro artesanal, editorial e cultural.

Diaz Pardo, que viveu em direto os avatares da guerra “incivil”, e viu como assassinaram o seu pai, outro grande galego, foi uma figura galega fundamental. Foi o contacto com o exílio e fundou empresas modélicas que estão na mente de todos. Quem nos dera ter agora mesmo empresários com os princípios que ele tinha. Porque nunca descurou o aspecto cultural e galeguista. Nunca deixamos de ler os seus excelentes artigos, cujos assertos partilhamos plenamente. E não esquecemos o primeiro livro que lhe limos a princípios dos setenta, nos últimos anos do franquismo. Estamos a falar do Galicia Hoy, editado em castelhano pela editora Ruedo Ibérico, que radicava em Paris, pois aqui não fora legalizada e não se lhe permitia publicar. Pudemos comprá-lo graças aos fundos da livraria ourensana Tanco, regentada por esse estupendo livreiro ourensano que foi Carlos Vázquez. O mencionado livro ajudou-nos a abrir os olhos à verdade e à realidade, que nem a universidade ousara em abrir-no-los. Lembrando-nos daquele formoso desenho de Castelão para o Estatuto do 36, que dizia “A Nossa Terra não é Nossa”, gostamos muito do pensamento vigente de Isaac sobre a atualidade galega. “Na Galiza não somos nem donos do ar” dizia Diaz Pardo com verdadeira retranca galaica. E assim nos vai. Só com termos tido cem pessoas mais como Isaac esta terra seria outra. Quanta falta nos fazem pessoas com a generosidade, inteligência, dignidade, entrega e amor pela terra, como a que sempre teve Isaac Diaz Pardo! Verdadeiro orgulho de galegas e galegos de bem.

FICHAS DOS DOCUMENTÁRIOS

0.-Isaac Diaz Pardo.
Duração: 5 minutos. Ano 2020.

1.-Entrevista a Isaac Diaz Pardo.
Duração: 3 minutos. Ano 2000.

Ver na ligação aqui.

2.-Histórias de vida: Isaac Diaz Pardo.
Duração: 5 minutos. Ano 2011.

3.-Diaz Pardo, Doutor Honoris Causa pela Universidade da Corunha.
Duração: 2 minutos. Ano 2020.

 4.-5 cousas que há que saber sobre Diaz Pardo.
Duração: 2 minutos. Ano 2020.

5.-100 anos de Isaac Diaz Pardo, fundador de Celtia.
Duração: 31 minutos. Ano 2020.

6.-Diaz Pardo, Doutor Honoris Causa pela Universidade de Compostela.
Duração: 2 minutos. Ano 2020

7.-Cantiga a Diaz Pardo por A. Quesada.
Duração: 3 minutos. Ano 2020.

8.-Diaz Pardo em Sargadelos-Cervo.
Duração: 5 minutos. Ano 2020.

9.-Isaac Diaz Pardo, construtor de sonhos.
Duração: 25 minuotos. Ano 2013.

10.-Isaac Diaz Pardo: Especiais Zigzag.
Duração. 25 minutos. Ano 2013.

11.-Isaac.
Duração: 10 minutos. Ano 2007.

12.-Poema a Diaz Pardo, por Paco Rivas.
Duração: 2 minutos. Ano 2020.

13.-Homenagem a Diaz Pardo.
Duração: 4 minutos. Ano 2012.

14.-Lamento pela morte de Diaz Pardo.
Duração. 2 minutos. Ano 2012.

15.-Homenagem de E. Liste a Diaz Pardo.
Duração: 3 minutos. Ano 2020.

16.-Entrevista a Diaz Pardo na TVG.
Duração: 8 minutos. Ano 2007.

17.-Abe Rábade a Diaz Pardo.
Duração: 5 minutos. Ano 2020.

18.-Lembranças de Isaac Diaz Pardo.
Duração: 6 minutos. Ano 2014.

OBRA BÁSICA DE DIAZ PARDO

a) LIVROS

– Unha presa de debuxos feitos por Isaac Diaz Pardo de gente do seu rueiro (1956).

– 20 desnudos de Cecilia, la acróbata (1965).diaz-pardo-isaac-capa-livro-colaboracion-xornalisticas

– Crónicas Inconformistas. Compostela: Serviço de Publicações da Universidade, 2006.

-Tentando construir uma Esfinge de Pedra. O Castro-Sada: Edições do Castro, 2007.

– Midas. O ángulo de pedra (Teatro). 1957.

– Galicia Hoy (Ensaio). Paris: Ruedo Ibérico, 1965 (em co-autoria com Seoane, e utilizando os

  seudónimos de Maximino Brocos e Santiago Fernández).

– Galicia Hoy y el resto del mundo (Ensaio). O Castro-Sada: Edições do Castro, 1987, 2ª edição.

– El ceramista Arranz y su escuela (Monografias de Arte). 1965.

– El escultor Emiliano Barral (Monografias de Arte). 1965.

– Contribución de urgencia al entendimiento de los problemas del arte y la industria. 1976.

b) CARTAZES de CEGO

– A nave espacial (1970).

– O Marqués de Sargadelos (1970).

– Paco Pixinhas (1970).

– O crime de Londres (1977).

– Castelão (1985)

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c) SOBRE DIAZ PARDO

A AGAL editou na sua coleção “Testemunhos” como homenagem a Diaz Pardo, em maio de 2008, um livro de 175 páginas intitulado Isaac Diaz Pardo e a Língua.

Neste volume publicam-se 17 interessantes artigos escritos no seu dia por Diaz Pardo, e o livro inclui pequenos depoimentos dos professores José M.ª Casariego, Isaac A. Estraviz, José-Martinho Montero Santalha e José Paz (autor do presente depoimento no PGL) e o do sociólogo Alexandre Banhos.

É interessante a leitura do recente depoimento publicado no PGL por Alexandre Banhos Campo, em que comenta a edição deste livro.

DEFENSOR DO REINTEGRACIONISMO LINGUÍSTICO

Díaz Pardo teve também a dignidade de defender sempre a unidade linguística entre o português e o galego, e de apoiar aos que defendemos a lusofonia, assinalando que éramos os que tínhamos razão. Entre os textos em que dá a sua opinião sobre tão importante tema, realizamos a escolha seguinte:

Isaac Diaz Pardo com Adela Figueroa.
Isaac Diaz Pardo com Adela Figueroa.

1.-“Se o galego está a morrer, se não se abre à nação irmã que pode sustentá-lo, que pode continuar, pois não vai ficar em nada. Ficará como uma língua clássica, como o latim, que se estudará nas universidades, uma língua litúrgica, e mais nada. Nós estamos a ver que a gente cada vez fala menos galego. E as empresas geralmente não são galegas, então a gente procura um trabalho numa empresa e, se falarem castelhano, fala castelhano. Esta é a cousa. Então eu cuido que haveria que fechar a porta a Castela; refiro-me às instituições da língua como a RAG…Eu levo-me muito bem com eles, porque uma cousa nada tem a ver com a outra: uma cousa é o que eu pense como ideal e outra é o que me vejo obrigado a fazer para conviver. E creio que a Academia Galega faz bem as cousas, menos no tema da língua galega. Porque abre as portas a Castela, tem abertas as portas de Castela e tem fechadas as do reintegracionismo (…) O mesmo que o ILGa (Instituto da Língua). E logo passa que Onde vas Vicente? Onde vai a gente” (treito da entrevista no PGL do 22 de março de 2008).

 

 2.-“Alguns especialistas da língua defendem-se para que a Galiza não se acerque à língua de Portugal. Quase não tenho nada contra os seus saberes especializados, mas sem se decatarem, arrastam um ódio de séculos engendrado na meseta contra Portugal, a região maior e mais importante da Hispánia, que não quis arredar-se do concerto hispano, mas se negou em várias guerras e circunstâncias a ser assimilada por Castela, que o intentou com as armas. O franquismo

Díaz Pardo com Alonso Estraviz.
Díaz Pardo com Alonso Estraviz.

foi um cristal de espírito mesetário. Durante a ditadura imolaram gentes da periferia por ter lutado contra essa assimilação, e nós não tivemos como Portugal o amigo inglês que nos utilizara e nos defendera. Esta herança ainda não tem desaparecido de todos nós ainda que nos consideremos democratas e galeguistas, e esquerdistas da esquerda, cousa na que nos deixamos ir para tirar alguma talhada a isso da autonomia a onde veu algum dinheiro do erário público. É lógico. Quarenta anos de ditadura não se podiam eliminar nos 25 que temos nesta democracia participativa. As circunstâncias sócio-económicas do ano 75 obrigaram-nos a ser democratas como uma norma, como os republicanos aceitamos a solução que ofereceu a Coroa, única possível e cá aparentar que defendemos a língua galega, retardar a sua recuperação, como a dos nossos direitos como povo com uma cultura diferenciada asovalhada durante séculos”. (Fragmento do artigo publicado em LVG o 17 de dezembro de 1999).

3.-“Se não nos aproximarmos a Portugal em todos os campos da comunicação, da indústria e do comércio, no século XXI, o galego vai ficar como uma língua litúrgica, que só se falará nos laboratórios de filologia universitária. (…) Falava há poucos dias o empresário e economista Enrique Sáez que a grande obra da Galiza era ser a mãe dum idioma que hoje falam 200 milhões de almas, campo a que teremos que nos achegarmos para não desaparecer como galegos. Os que produzem livros que aqui somos poucos e quase não lemos. E assim não imos a nenhures. Isto lembra-me a Valentim Paz Andrade, que vivia também à intempérie da proteção pública, quem pensava e trabalhava dum jeito parecido e opinava o mesmo que eu”. (Do artigo em LVG do 3 de outubro de 1999).

Mural da artista Lula Goce em Sada.
Mural da artista Lula Goce em Sada.

4.-“Felizmente entre os mesmos normativizadores castrapistas há discrepâncias, uns vem a política intranscendente e outros determinante. E tão determinante que a diferença da fala da Galiza e de Portugal é só uma questão política arrolada num leito conjugal: a aproximação do galego à área a que pertence, como propunha já Castelão, sem beatarias, ajudaria a multiplicar por cem a área de expansão que precisamos, não só a cultural, mas também a comercial, que é igualmente, cultura”. (Do artigo em LVG do 14 de fevereiro de 1993).

  5.-“Os que desfrutam o privilégio oficial acreditam estar por cimo do bem e do mal e defendem-se dizendo que que aqui todos queremos impor a nossa própria norma quando os únicos que a impõem são eles, porque podem e se permitem inclusive “rejeitar” de forma irrespeitosa obras dos clássicos do galeguismo que foram os artífices da recuperação do idioma, por não estar “normativizados”. Diz-se que até intentam normativizar a Castelão, mas dizem-se tantas cousas e asneiras…”. (Pequeno fragmento do seu livro Galicia hoy y el resto del mundo, edição de 1987).

    

TEMAS PARA REFLETIR E REALIZAR

Visionamos os documentários citados antes, e depois desenvolvemos um cinemafórum, para analisar o fundo (mensagem) deles, assim como os seus conteúdos.

Organizamos nos nossos estabelecimentos de ensino uma amostra-exposição monográfica dedicada a Isaac Diaz Pardo, um grande galego a favor da nossa terra e da nossa cultura. Nela, além de trabalhos variados dos escolares, incluiremos desenhos, fotos, murais, frases, textos, lendas, livros e monografias.

Podemos realizar no nosso estabelecimento de ensino um Livroforum, em que participem alunos e docentes. Das obras de Diaz Pardo podemos escolher para ler Galicia Hoy, na edição de Ruedo Ibérico do ano de 1965, ou a 2ª edição de 1987, em edições do Castro-Sada. Poderia valer também para ser lido o livro editado pela AGAL Isaac Diaz Pardo e a Língua (2008).

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