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Carlos Taibo: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”

carlos-taibo-retratoAguardo polo nosso protagonista de hoje sentado num café de um bairro do centro de Madrid. Enxergo-o ao longe: é um home alto, cum passo regular e firme, que parece nom pisar o chão; rosto sempre sorridente e livro sob o braço.
Aqui estamos de novo, meu amigo. Desta vez para che dar os parabéns pola 3ª ediçom do teu livro sobre a vida de Fernando Pessoa, Parecia não pisar o chão. Nom é muito comum que um ensaio, publicado em galego-português na Galiza, numha humilde editora mantida com trabalho militante atinja estes números…
Não quero enganar ninguém. As tiragens foram baixas. De 30.000 exemplares cada uma delas, se não estou em erro. Além disso, comprei muitíssimos desses livros para presentear amigos e, nomeadamente, inimigos. Tenho muitos. Dos segundos.

Há algumha novidade nesta 3ª ediçom a respeito das anteriores?
As novidades são três. Uma delas é que o livro foi objeto duma profunda revisão linguística que fez que os meus problemas com a versão portuguesa da língua comum, que não são menores, recuassem um bocadinho. Mudou, por outra parte, a capa e acho que o resultado foi bom, por não dizer que foi muito bom. Escrevi, enfim, um novo prólogo que em essência deseja atualizar a bibliografia que, sobre a vida do poeta, foi publicada nos últimos doze anos. Sigo a ler tudo, ou quase tudo, o que se publica a respeito.

Umha das faces menos conhecidas de Pessoa é a dos seus vínculos com a Galiza, quer no plano familiar –tem antepassados no concelho de Serra de Outes— quer no plano intelectual. Achas que devia haver um maior reconhecimento público destes vencilhos?
Esses vencilhos não são –há que reconhecê-lo- muito fortes e conduzem a etapas afastadas no tempo. Talvez teria mais interesse mergulhar nos escritos políticos em que Pessoa reflexiona sobre a condição e o futuro da Galiza. Não deixam de incluir sugestões merecedoras de atenção, em espera, por demais, da publicação de possíveis materiais inéditos.

Talvez teria mais interesse mergulhar nos escritos políticos em que Pessoa reflexiona sobre a condição e o futuro da Galiza.

Esta obra nasceu graças ao abrigo de umhas palestras que nunca chegárom a acontecer. Mas quando é que nasceu o interesse do Carlos Taibo por Pessoa?
Nem eu mesmo sei. Em finais da década de 1970 já lera Fernando Pessoa mas não lembro que deixasse em mim uma pegada notável. Talvez foi a leitura das cartas enviadas pelo poeta à sua efémera namorada, Ofélia Queirós, a que provocou um interesse repentino. Acontece amiúde no meu caso que as aproximações às matérias importantes chegam ao abrigo do que num primeiro olhar é aparentemente anedótico.

De aqui a pouco vás participar com outros escritores galegos em eventos em cidades portuguesas para visibilizardes as vossas obras além Minho. Como tem sido a acolhida dos teus livros escritos em galego em Portugal?
A acolhida tem sido fraca. Não quero, de novo, me enganar. Mas não há qualquer surpresa nisso. Portugal comummente nos ignora. Não vejo, porém, nessas palestras, que devem desenvolver-se em Lisboa, Faro e Braga, uma oportunidade para visibilizar a minha obra: o importante é visibilizar o projeto, cada vez mais atraente, da Através.
O Carlos gosta de gabáns com bolsos grandes para ir sempre acompanhado de boa literatura. Que livro estás a ler agora?
Um sórdido ensaio, que se lhe vai fazer, sobre a economia da Federação da Rússia. Já gostaria de ler cousas mais amenas.

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