Encaminho uma traduçom minha (nom sei se será mui boa…) dum poema do Antonio Baños, para os leitores do PGL.
Gosto muito, porque resume mui bem o “pós-autonomismo” ao que chegarom lá na Catalunha, tam semelhante do que – para mim – é o reintegracionismo a respeito do nacionalismo galego dominante. O Reintegracionismo, é a dia de hoje o projeto pós-autonomista mais sólido. Sei lá, o poema recorda-me isso.
Carlos Calvo, Villlabona, 12 de maio de 2018.
A REPÚBLICA CATALÃ
“[…] que tous, dans un courage calme,
attribut de la véritable force, attendant
pour agir le signal de la loi, et la
patrie sera sauvée.”
Declaraçom da Assembleia Nacional Francesa, 11 de julho de 1792
UNS OUTROS MOTIVOS PARA A INDEPENDÊNCIA
Para deixar de fazer país e ter um de facto.
Para abandonar para sempre o papel de vítima.
Para ver o castelhano como um idioma irmão e não
como uma ferramenta do Estado inimigo.
Para poder dizer que os escritores da república são
catalãos sem ter de mirar-lhes a língua.
Para que desapareça CiU. Não mais partidos redentores
que defendem “Catalunha em Madrid.“
Polo mais vale pássaro em mão, os pactos frustrados
e as pequenas melhoras que nunca melhoram nada.
Para andar pola Espanha como em casa.
Para deixar de pensar em província e passar a pensar
em País pequeno. Não muda a medida, multiplica-se
o espaço.
Para fazer que todo o que seja catalão se ponha na
moda em Espanha.
Para uma Bracelona que não se avergonhe de ser
capital de um país.
Para viajar polo mundo e que muita gente continue
sem saber onde diabos fica Catalunha (e nos faça graça).
Para poder criticar a cultura catalã sem piedade
(quando calhe) sem semelhar um traidor.
Para pôr na moda a barretina entre os rapeiros
de Nova Iorque.
Para secar o oásis e plantar-lhe alcachofes.
Para que ser catalão seja aborrecido como
ser qualquer outra cousa.
Antonio Baños, La rebel·lió catalana. Notícia d’una república independent, Barcelona: labutxaca, 2013, pp 239-240.