Ontem, dia 9 de setembro, cumpriu-se um ano desde que o escritor Victorino Pérez Prieto anunciou na sua habitual coluna do Nós Diário que passava a escrever habitualmente “com nh e lh”. Nom era a sua umha “arroutada reintegracionista repentina” -porque o teólogo de origem berciana já vinha mantendo desde muitos anos atrás relacionamento constante com diversas entidades e meios de comunicaçom de Portugal e do Brasil-; era umha determinaçom pensada e repensada polo que significava de tomada de posiçom a respeito do velho debate normativo dentro da própria Galiza.
Este passo à frente de quem tinha sido coordenador da revista Irimia, colaborador de Encrucillada e um dos motores do movimento de crentes galegos foi noticiado no Portal Galego da Língua, mas passou sem grandes comentários da audiência. Nom chamou suficientemente a atençom da comunidade leitora como para movimentar a participaçom.
O que sim chamou a atençom da audiência para escrever muitos comentários -e de muitas linhas- foi a publicaçom dum novo livro do escritor português Fernando Venâncio. Só com ter nas mãos um exemplar de Assim nasceu uma língua//Assi naceu ua língua, nom se fazia necessário queimar os olhos no corpo geral do ensaio para localizar a causa do levantamento-em-armas (virtual). A inteligente “provocaçom” estava no próprio título e no desenho da capa. Embora colocasse um subtítulo bem eloquente (“Sobre as origens do português”), o “pecado” estava antes -concretamente em três palavras: “assi”; “naceu”; “ua”. Paradoxos da vida: esse reconhecimento da diversidade quase o leva a ser declarado pessoa nom grata… mesmo entre as pessoas defensoras da diversidade e do aberto debate de ideias!
Ontem, dia 9 de setembro, cumpriu-se um ano desde que o escritor Victorino Pérez Prieto anunciou na sua habitual coluna do Nós Diário que passava a escrever habitualmente “com nh e lh”.
Se comento comparativamente estes dous casos, é para enfatizar um grande problema: somos ávidos para entrar em guerras cainitas que nos matam e ficamos de boca calada à hora de construirmos a paz que nos dá vida. Assi nom se fortalece umha língua // Assim não se fortalece uma língua.
Sirvam as minhas palavras deste 9 de setembro para aplaudir os trabalhos das equipas humanas que gerem o PGL, a Através e a Associaçom Galega da Língua. Oxalá chegue um dia em que as pessoas associadas tomemos a iniciativa de organizar um evento presencial de tributo da homenagem que merecem. Antes disso, ainda me atrevo a formular dous desejos: 1) que cheguem a um acordo com Victorino Pérez Prieto para disponibilizar em aberto um arquivo em que se recolha o conjunto dos artigos publicados semanalmente durante este último ano; e 2) que este Portal Galego da Língua abra as portas a artigos de opiniom redigidos na norma da Academia Galega.
Braços abertos para a concórdia.