Carvalho Calero é um desses intelectuais que marcam umha sociedade por décadas. A sua candidatura chega à celebraçom do Dia das Letras Galegas com umha força sem precedentes, com um apoio praticamente unânime dentro da Real Academia Galega e com o aplauso generalizado de todas as pessoas preocupadas pola nossa cultura, que nos últimos anos denunciavam, também praticamente de forma unânime, que o facto de tentar censurar o seu ideário servisse para postergá-lo indefinidamente. A injustiça finalizou, mas a censura sofrida até hoje acabou por tornar maior a lenda, assente no firme compromisso de Carvalho com os seus ideais. Sem tirar nenhum mérito a todas e a todos os anteriores, nom se trata de mais um escritor em galego, e nom admiraria que se convertesse num exemplo de dignidade para as novas gerações, como já tinha sido importante para os seus coetâneos nas diferentes fases da sua vida. Mui novinho já redige junto com Lois Tobio o anteprojeto do nosso primeiro estatuto de Autonomia. A sua adesom à República leva-o a sofrer prisom e afastamento do ensino público durante décadas, mas o seu compromisso com a nossa língua foi em aumento, escrevendo o primeiro romance em galego após a guerra e a gramática e a história da literatura mais importantes até entom. Em 1980 a Junta Pré-Autonómica encarrega-lhe a elaboraçom de umhas normas para a Administraçom que vigoram dous anos. Som de filosofia reintegracionista, ainda que procurando o consenso com os sectores que nom compartilham essa via. Em 1982 as normas de Carvalho som retiradas polo conhecido Decreto Filgueira, que impom as que ainda atualmente se ensinam nas escolas, da autoria do Instituto da Lingua Galega (ILG). Começava a postergaçom de Carvalho e nascia o movimento reintegracionista.