Partilhar

Rober M. dos Santos: “Deve-se ampliar a presença do português como matéria distinta da matéria de galego, mas é importante criar uma relação interdisciplinar entre ambas”

Em 2021 fijo 40 anos desde que o galego passou a ser considerado língua oficial na Galiza, passando a ter um status legal que lhe permitiria sair dos espaços informais e íntimos aos que fora relegado pola ditadura franquista. Para analisarmos este período, estivemos a realizar ao longo de todo 2021 umha série de entrevistas a diferentes agentes. Agora que já estamos em 2022, queremos continuar a refletir sobre isto, mas com foco num âmbito em particular de importância estratégica: o ensino.

Hoje entrevistamos o professor de galego num colégio privado de Compostela, Roberto M. dos Santos.

Que avaliaçom fás dos resultados do ensino do galego após 40 anos como matéria troncal?

Em geral e duma perspetiva global, penso que o resultado é positivo. Uma grande parte do alunado está ciente de que a nossa língua é útil e de que fai parte do património comum que devemos proteger e preservar. Se olharmos especificamente para o galego-falante e o castelhano-falante, a história é diferente. Observo que a grande maioria do alunado galego-falante reconhece a sua língua como algo importante para si próprio, que tem a sua expressão académica numa matéria igual às outras. Entretanto, uma parte do alunado castelhano-falante vê a matéria de Língua Galega como algo pouco útil, quase alheio, obrigatório e que não deseja estudar.

E da presença do galego como língua veicular no ensino público?

A sua devida presença no dia a dia como língua veicular acho que não se verifica, e também não são exercidos os controlos necessários por parte de quem tem a obriga de o fazer.

Achas que esta presença guarda relaçom com a sua presença como língua ambiental nos centros educativos?

Ainda que a priori assim devera ser, não é isso que vivenciei, nem como docente nem como aluno. É verdade que um professor ou professora poderá exercer certa influência no alunado, se for visto como um modelo a seguir que emprega uma língua útil, não simplesmente uma obrigatória e aborrecida. Mas não é o que ocorre em geral, mesmo em muitos liceus onde a língua veicular do professorado é maioritariamente o galego.

Pensas que deveria mudar alguma cousa no ensino da matéria de Lingua Galega e Literatura?

Creio que devemos adaptar o ensino ao lugar e ao contexto em que a matéria é ministrada. Se nesse lugar a língua não tiver uma sobrevivência considerável, um reconhecimento notório e uma visão positiva por parte do alunado, deveremos concentrar-nos no que é mais básico: aprenderem a falar, ensinar-lhes vocabulário e colocar o foco na expressão oral, de modo a sentirem gradualmente orgulho pola língua e perceberem a sua utilidade, não apenas aqui mas também a poucos quilómetros, além da raia. Ninguém deveria terminar o liceu sem saber pronunciar “umha”, mas muitos saem do bacharelato sem saberem dizer algo assim tão básico. Isso é porque têm algum conhecimento da teoria, mas nada da prática.

Qual deve ser o papel do português no ensino? Ampliar a sua presença como segunda Língua Estrangeira? Ser lecionada dentro das aulas da matéria troncal de galego? Ambas?

Acho que se deve ampliar a presença do português como matéria distinta da matéria de galego, mas é importante criar uma relação interdisciplinar entre ambas: uma relação em que o português apresente um papel fundamental no ensinamento da disciplina de Língua Galega e onde as imensas semelhanças sejam mais visíveis do que as diferenças.

Acho que se deve ampliar a presença do português como matéria distinta da matéria de galego, mas é importante criar uma relação interdisciplinar entre ambas.

Pensas que implementar linhas educativas diferenciadas (uma com imersom linguística em galego) poderia ser útil para o galego voltar aos pátios?

Obviamente havia de ser muito útil (é um modelo que já tem demonstrado a sua eficácia no País Basco), mas o apoio e acompanhamento dos pais seria crucial, de forma a poder obter uns resultados ótimos.

A sociedade galega sofre dum grande auto-ódio. Maior autoestima pode inclinar a balança para o lado positivo, mas é evidente que os governos anteriores fizerom mais mal do que bem.

Que papel atribuis ao modelo educativo inaugurado polas escolas Semente?

As escolas Semente estão a ser, nas cidades, um pequeno dique de contenção que possibilita a conservação da língua nas crianças que falam galego e a sua recuperação polas que o perderom, mas é mui triste que a iniciativa tenha partido da sociedade civil e não das instituições, que são as que devem zelar pola sobrevivência da língua galega. Precisamos que esse modelo se estenda à educação pública e que organismos como a RAG ou o ILG contribuam para a sua implementação.

Academia Galega da Língua Portuguesa, de visita em Lisboa para entrevistas

“Ponte coa lusofonía” Uma seleção de cinematografias contemporâneas de países da comunidade lusófona

Novidades Através: Todas as crianças foram antes adultos (mas poucas se lembram)

Para toda a gente e de ninguém

Academia Galega da Língua Portuguesa celebrou XVI Aniversário com presença brasileira e portuguesa

Sucesso no Dia da Criança Galegofalante em Ferrol

Academia Galega da Língua Portuguesa, de visita em Lisboa para entrevistas

“Ponte coa lusofonía” Uma seleção de cinematografias contemporâneas de países da comunidade lusófona

Novidades Através: Todas as crianças foram antes adultos (mas poucas se lembram)

Para toda a gente e de ninguém