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O paradoxo da “retórica lusista”

Uma das transformações mais notórias que se produzírom no discurso da normalizaçom linguística nas últimas duas décadas tem a ver com a paulatina ressurreiçom do argumento lusista entre os defensores do galego. Depois de muitos anos completamente ausente, hoje é frequente ser o principal e muitas vezes o único que se esgrime em discussões com adversários e adversárias da normalizaçom do galego.

No último programa “Galego de todo o mundo” som colocados vários exemplos. Um deles deu-se numa tertúlia da rádio, onde a jornalista María Jamardo questionou a utilidade do galego: “É uma língua territorial… que nom a podes empregar em nenhum outro lugar do mundo”. A resposta deu-lha Maria Obelleiro, diretora do Nós Diario, no mesmo espaço radiofónico: “como se nos países lusófonos nom nos pudéssemos comunicar em galego”, ao que Jamardo replicou que isso “nom era galego, era português”. Segundo Eduardo Maragoto, Jamardo tem algo de razom, pois por enquanto, o argumento da utilidade do galego no mundo lusófono é só retórico, já que “nos dias de hoje nom é verdade que o galego sirva para comunicar eficazmente com a Lusofonia. Serve, é claro, aos lusistas, e serviria, obviamente, se fosse levado ao ensino com uma orientaçom reintegracionista, mas isso ainda nom aconteceu.”

Para Maragoto, fazer parte de uma língua internacional é o melhor argumento para que o conjunto da sociedade galega (nom só a nacionalista) continue a ter interesse nele. E conclui: “nom o desperdicemos tratando-o como uma simples frase batida, porque entom virám muitas Jamardos a detetar que o rei vai nu…”

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