Por agora, nom tem havido indícios que nos levem a pensar que vai ficar em água de castanhas. Há um ano, no seguimento do primeiro debate parlamentar sobre a Iniciativa Legislativa Popular (ILP) Valentim Paz Andrade, a AGAL recolhia alguns depoimentos do debate nesta mesma publicaçom e realizava um vídeo de entrevistas a algumhas caras conhecidas da política galega que davam diferentes soluçons para a incorporaçom do português ao ensino. Também faziam votos para que a unanimidade na hora de passar a trámite a iniciativa continuasse para traduzir o espírito da ILP em leis eficazes para a divulgaçom da cultura lusófona na Galiza.
Um ano depois, nom só devemos aplaudir a agilidade com que foi tramitada senom também que a Lei voltasse a passar por unanimidade e o facto de que o texto chegasse ao Parlamento consensuado com a Comissom Promotora. Agora a lei vai implementar-se através de decretos, que poderám estar mui próximos a chegar, e algumha medida já poderia ser tomada no próximo ano letivo. Mesmo que afinal nom fosse assim (a lei nom estabelece prazos), o texto, agora com categoria de lei, assenta as bases de um futuro sem dúvida promissor, que promete “valorizar o galego como umha língua com utilidade internacional” ou fomentar “que empresas e instituiçons aproveitem a nossa vantagem lingüística”. Tendo em conta estes avanços, um compromisso orçamentário ou de prazos limitados podia ter comprometido a convicçom com que foi assumida polas forças políticas que estám ou virám a estar no poder e o principal valor com que conta a iniciativa é sem dúvida a rotunda unanimidade com que passou.
Com as lógicas diferenças de matiz e perspetiva, nesta ocasiom os nossos representantes estivérom à altura do que exigia umha sociedade que em geral gabou a iniciativa. Que nós saibamos, entre as vozes públicas galegas, só Gloria Lago, que ultimamente se erigiu em perseguidora do lusismo e que até definiu o PP como independentista, a criticou. A seguir fazemos a nossa compilaçom do que de mais interessante ouvimos na sede parlamentar aos nossos representantes políticos na defesa da ILP:
“Vamos ser exigentes com o cumprimento desta lei para que nom seja flor dum dia e concretamente vamos pedir meios para a aprendizagem do português”
Ana Pontom (BNG): Nom realizou emendas à Lei por considerá-la muito positiva no sentido de ampliar as relaçons com a Lusofonia para fortalecer o galego, mas nom deixou de lamentar o facto de ter sido retirado o prazo de quatro anos.
“Necessitamos que a Lusofonia seja umha realidade e nós sermos umha realidade para a Lusofonia”
Xabier Ron (AGE): Criticou a pouca margem dos partidos da oposiçom para trabalhar sobre o texto, ainda que nom deixasse de valorizar positivamente a inclusom da proposta desta força política no sentido de admitir a reciprocidade das trocas culturais.
“Este texto é realista, de consenso e útil. Eu diria, inclusive, que é um texto que nos pom perante um fito histórico nas relaçons entre a Galiza e Portugal”
Agustín Baamonde (PP): Usou argumentos económicos e culturais para situar o galego como numha via de universalidade e justificou que a lei nom incluísse prazos “inviáveis” para evitar que ficasse num texto altissonante, mas pouco eficaz.
“Esta iniciativa, que aginha será lei, é sobretodo um projeto de futuro para nos encontrarmos com o nosso passado”
Francisco Caamanho (PSOE): Releu um texto da Geraçom Nós para salientar a importáncia histórica do dia. Destacou o contributo do seu partido na redaçom final do texto para que a lei seja avaliada anualmente polo Parlamento.
O que vem com a lei?
- ENSINO. Incorporará progressivamente a aprendizagem do português em todos os níveis.
- DIPLOMACIA. Relaçons com a Lusofonia serám consideradas estratégicas.
- COMUNICAÇOM. Favorecerá troca audiovisual entre a Galiza e Portugal.
NOTA:
Artigo publicado originalmente no Fest-AGAL n.º 5 (julho de 2014)